Pernambuco

JULHO DAS PRETAS

25 de julho: mulheres negras buscam saídas para os problemas agravados pela pandemia

Mulheres negras debatem soluções para o futuro do País a partir de experiências da sua ancestralidade

Brasil de Fato | Recife, PE |
Movimentos de mulheres em todo o País celebram a luta e a resistência das suas ancestrais e debatem o legado que querem deixar - Rede de Mulheres Negras do Piauí

O mês de julho é considerado o mês das Mulheres Negras Latino Americanas e Caribenhas, que tem como data central o dia 25. Para falar da luta e das pautas que atravessam as mulheres negras, movimentos de mulheres tem realizado ações por todo o território nacional. Com o lema “Para o Brasil genocida, mulheres negras apontam a solução”, a Marcha Mundial das Mulheres participa do "Julho das Pretas", realizando ações com mulheres negras das periferias por todo o país, acreditando na força da luta em coletividade.

 

“A gente percebe a dificuldade das nossas mulheres, hoje a gente está num mundo em que tudo é tecnológico, [e elas se perguntam] como é que eu não sei nem ler, como é que eu vou adentrar; como é que eu vou acessar a internet, se eu estou procurando comida. Como fazer isso de barriga vazia? Todo esse processo nós trouxemos para o debate, a importância de ir às ruas para lutar e se organizar”, analisa Marta Almeida, integrante da Marcha em Pernambuco, pelo núcleo Soledad Barret, que cita uma das palavras de ordem da organização, “ ‘Companheira me ajude, eu não posso andar só, eu sozinha ando bem’, posso até conseguir, ‘mas com vocês -com o coletivo- ando melhor’, essa é a premissa da gente”.

Com a pandemia, a realidade das mulheres negras se tornou ainda mais precarizada. A Rede de Mulheres Negras do Nordeste também vem debatendo o tema e discutindo o papel das mulheres negras em usar estratégias para mostrarem quem são. “A gente tem a consciência de que nós vivemos hoje em uma situação similar ao que vivemos na escravidão. Ainda vivemos as mesmas coisas: a invisibilidade historicamente construída pelos escravizadores, a temos consciência disso, dessa outra forma de escravidão que a gente vive. Mas a gente também tem consciência que se Tereza de Benguela conseguiu liderar o quilombo, se Esperança Garcia conseguiu em 1770 apresentar uma carta dizendo que ela sofreu maus tratos. Então, nós mulheres negras temos esse legado de reivindicar, de abrir uma petição diante desse governo, de denunciar esse governo que é racista, que é machista, que é misógino”, é o que acredita Halda Regina, da Rede de Mulheres Negras do Piauí

Mesmo observando os desafios impostos historicamente e até hoje, as mulheres negras que lutam todos os dias para garantir a comida no prato da família, respeito pela sua história e das suas ancestrais, lutam também por um futuro melhor para o Brasil.
 

Edição: Monyse Ravena