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Viva Bolívar!

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Mural em homenagem a Simón Bolívar em Caracas, capital da Venezuela - Federico Parra/AFP
Nesta segunda-feira, em Cuba, todos recordam o 26 de julho de 1953

Cada vez mais o Brasil está sendo contaminado pelas manifestações populares contra a barbárie que nos governa. Na maioria das cidades brasileiras, o povo tem ido às ruas por vacina no braço e comida no prato. Nesse contexto, é bom saber que, no Chile, as manifestações populares contra um governo cruel conseguiu votar em uma nova Assembleia Constituinte. Na Bolívia, o governo popular retomou a defesa dos índios e da população mais pobre. No Peru, um pobre professor de escola primária conseguiu ser eleito presidente da República. Em outros países, as mobilizações sinalizam mudanças importantes. 

Neste contexto, é urgente nos solidarizar com o governo e o povo de Cuba que nesses dias têm sofrido ataques e violências. Nesta segunda-feira, em Cuba, todos recordam o 26 de julho de 1953, quando o jovem Fidel Castro e seus companheiros revolucionários atacam o quartel Moncada e fracassam em seu ataque, mas iniciam o movimento revolucionário que consolidou a vitória do povo em 1959. E não podemos esquecer que, neste sábado, 24 de julho, nós todos latino-americanos celebramos o nascimento do grande Simon Bolívar (1783). 

Simon Bolívar foi um jovem da aristocracia venezuelana da época que, em contato com os ideais libertários de filósofos como Andres Bello e Simon Rodrigues, decide consagrar a sua vida à missão de libertar a América Latina do domínio espanhol. Renuncia a suas riquezas e forma um exército de pobres, negros e índios e durante as duas primeiras décadas do século XIX consegue libertar cinco países e os integra em uma só pátria grande, a Nuestra América. As elites de cada país participam da luta de libertação do império espanhol, mas não querem elas libertarem seus escravos e constituir uma sociedade igualitária, nem se unirem em uma só pátria. Em 1831, depois de ter assinado a lei da Reforma Agrária para a grande Colômbia, Simon Bolívar renuncia ao governo e morre pobre e abandonado mesmo por seus companheiros de luta.

Na década de 1970, em Caracas, o jovem Hugo Chávez restaura e atualiza o ideal de Bolívar e no final do século (1998) consegue ganhar as eleições presidenciais, propor a elaboração de uma nova Constituição para o país e assim ressurge a República Bolivariana da Venezuela. 

A Venezuela que há dez anos já foi declarada pela ONU como nação livre de analfabetismo e livre da fome, atualmente, enfrenta o bloqueio do império norte-americano e uma guerra híbrida cruel. A alto custo, o povo e o governo venezuelano sobrevivem a uma guerra violenta, por parte da elite do país que perdeu privilégios e do governo norte-americano. O que está em jogo nessa luta é a dignidade de um povo que quer ter o direito de se autodeterminar. No entanto, é mais do que isso. Trata-se do sonho do Bolivarianismo. Atualmente, este consiste 1 - na integração da América Latina em uma confederação de países irmãos, 2- na libertação de todas as formas de imperialismo e 3 - no caminhar para um novo Socialismo na linha do bem-viver indígena e conquistado através de meios democráticos. 

Atualmente, cada vez mais as pessoas que têm fé em Deus ou buscam viver uma espiritualidade humana sabem: a justiça social e a realização dos direitos humanos, não só individuais, mas dos grupos e comunidades constituem uma base fundamental para a realização do projeto divino no mundo. Para quem é cristão, o apóstolo Paulo dizia que a nossa fé deve levar à realização da justiça e que “foi para que sejamos verdadeiramente livres que Cristo nos libertou” (Gl 5, 1).

As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do jornal

Edição: Vanessa Gonzaga