A primeira grande missão desta reforma agrária popular é a produção de alimentos saudáveis
Provavelmente você já ouviu falar sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e isso envolve escutar comentários absurdos e muitas críticas quanto a atuação do movimento, não é mesmo? Que são invasores, desocupados, baderneiros...
Nesta edição do Vozes Populares, vamos nos debruçar sobre o Programa de Reforma Agrária Popular do MST pra conhecer um pouco mais sobre as propostas do movimento para toda a sociedade.
O último Censo Agropecuário brasileiro, realizado em 2017, aponta que cerca de 1% dos proprietários de terras controlam quase 50% de toda a área rural. Em resumo, é muita terra na mão de poucos, o que representa uma distribuição altamente desigual.
E para começo de conversa é importante dizer que as terras ocupadas pelo MST são aquelas que de acordo com a Constituição Federal estão irregulares por não não cumprirem com a sua função social, que envolve beneficiar a sociedade e não apenas os interesses particulares do seu proprietário. Dessa forma, o que ocorre a partir da ocupação é a cobrança para que haja a desapropriação e redistribuição da terra.
Nos acampamentos e assentamentos da reforma agrária, as famílias assumem o compromisso de produzir alimentos saudáveis em terras que antes eram grandes propriedades, latifúndios improdutivos, para que dessa forma se cumpra a função social da terra.
Paulo Mansan, que é da direção estadual do MST em Pernambuco, explica mais sobre o que propõe o Programa de Reforma Agrária Popular do MST “Nós temos que compreender que a reforma agrária popular é a contribuição dos milhões de famílias sem terra pelo país por um projeto de transformação da nossa realidade e a primeira grande missão desta reforma agrária popular é a produção de alimentos saudáveis, seja nos nossos acampamentos, nos assentamentos", explica.
Ele afirma que a proposta também se relaciona ao cuidado ambiental e social com a terra "Nós temos que avançar tanto politicamente como tecnicamente no rumo da agroecologia, então por isso essa reforma agrária popular tem toda uma preocupação e um trabalho do cuidado com o meio ambiente que se vive. Por isso os manejos agroecológicos são centrais nesse processo”
E é dessa forma que a atuação do MST afeta a vida dos trabalhadores do campo e da cidade. A medida em que transformam o que antes eram latifúndios em ambientes de fartura e produção de comida de verdade. “A reforma agrária popular beneficia a vida dos trabalhadores do campo e da cidade com a produção de alimentos saudáveis, que é a grande missão, e com o cuidado com os bens comuns, então se pensarmos nessa perspectiva inclusive ampliando a produção também garante que sejam alimentos mais baratos para a população”, afirma Mansan.
Paulo afirma ainda que o MST também dá ênfase ao processo formativo de seus militantes e parceiros. Dessa forma une a luta pela terra, por reforma agrária e por transformação social. “Os processos de formação são imprescindíveis, por que tem que se construir maneiras de levar essa forma de produção, você tem que conseguir provar para os camponeses, para os Sem Terra que dá certo essa forma de produzir e não há nada melhor do que provar que dá certo mostrando como se faz”.
A solidariedade também é uma característica da atuação do movimento. Desde 2020, o MST já doou mais de 1 milhão de marmitas e 5 mil toneladas de alimentos durante a pandemia, alimentos esses produzidos nas terras ocupadas pelo movimento. Esse assunto não se encerra aqui. Para saber mais sobre o MST e suas ações é só acessar o site do movimento.
Edição: Monyse Ravena