Na manhã desta terça (07), milhares de pernambucanos e pernambucanas saíram às ruas na 27ª edição do Grito dos Excluídos tendo como principal pauta o “Fora Bolsonaro”, já que as organizações que tradicionalmente se mobilizam para o grito se uniram com a Campanha Nacional Fora Bolsonaro, organizada pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, além de partidos políticos, centrais sindicais e movimentos populares.
No Recife, os organizadores contabilizaram público de 15 mil pessoas. Concentrados na Praça do Derby, os manifestantes seguravam faixas e cartazes pedindo por vacina, emprego, alimentação e contra os retrocessos do governo Bolsonaro, que vem há semanas mobilizando atos antidemocráticos para este 7 de setembro e ventilando a possibilidade de autogolpe, com o fechamento dos poderes legislativo e judiciário com a “tomada do poder” pelo presidente.
Na capital, a participação de parlamentares do campo progressista e dirigentes de sindicatos e movimentos foi expressiva, a exemplo do deputado federal Carlos Veras (PT-PE). “Nós estamos nas ruas, no lugar em que sempre estivemos, defendendo a democracia e os direitos da classe trabalhadora. Por isso, hoje mais do que nunca, é necessária a presença do povo nas ruas para defender a vacina para toda a população brasileira e para combater a corrupção do governo Bolsonaro”, elenca.
Vereador do Recife, Ivan Moraes (PSOL) afirma que agora o objetivo do grito é diferente dos anos anteriores. “Hoje, 7 de setembro de 2021, a gente tem outra missão: lutar pela vida de todo mundo, a gente tem que botar Bolsonaro pra correr. Se ele está botando as garras de fora para dar golpe, a gente tem que ser forte e sair do nosso jeito, com ordem, com não-violência, mas com muita potência”, ressalta o parlamentar.
Ivete Caetano, presidenta do Sindicatos dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe) fala quais são as bandeiras prioritárias da categoria neste ano. "Os trabalhadores e trabalhadoras da educação estão nas ruas, no Grito dos Excluídos. ‘Qual o seu grito hoje?’ é a pergunta. O grito da educação é por mais comida, por emprego e por vacina”.
Rosa Amorim, coordenação nacional do Levante Popular da Juventude e Diretora de Cultura da UNE reafirma a unanimidade das pautas: "Ao invés de vacina, saúde, educação, e vida digna, [Bolsonaro] coloca o preço dos alimentos lá em cima, entrega morte e pobreza para nossa população. Hoje, é em defesa da vida. E para defender a vida, é Fora Bolsonaro!”.
Ações de solidariedade
Em Petrolina, no sertão pernambucano, a tônica do Grito dos Excluídos foram as ações de solidariedade. Ao invés da passeata no centro da cidade, os movimentos e entidades voltaram suas forças para a realização de um café da manhã solidário e atividades artísticas e culturais no bairro João de Deus, bairro periférico localizado na zona norte da cidade.
Ester Cavalcanti da Cruz, membro da coordenação do grito e do Movimento Fé e Vida, explica a mudança no formato da atividade. “Nós, neste ano, temos como lema os gritos por participação popular, que aliás não temos mais nenhuma, saúde, comida, moradia, trabalho e renda. Nos anos anteriores sempre fizemos o grito após o desfile dos militares, mas como esse ano não houve, viemos gritar em um bairro onde há uma concentração de trabalhadores e trabalhadoras, muitas ocupações, então tudo que o grito elenca também se concentra em necessidades neste bairro” sinaliza.
Centenas de pessoas passaram pela Praça da Juventude, onde as atividades se concentraram. Uma delas foi a moradora Maria Mendes, que vive no bairro há 20 anos. “É muito importante o que estamos fazendo aqui. O bairro João de Deus agradece a todos que estão aqui. Vamos à luta, correr atrás dos nossos direitos”. Ela também critica as ações do governo: "O que Bolsonaro está fazendo aí não é justo conosco, que somos pobres, humildes. Nós somos brasileiros e precisamos de liberdade, não pode ser desse jeito que eles estão fazendo, precisamos de democracia”. Durante todo o ato, foram arrecadados alimentos não perecíveis que serão destinados para a campanha Mãos Solidárias, que atende famílias em situação de vulnerabilidade no bairro.
Em Caruaru, no Agreste, as atividades do Grito dos Excluídos se concentraram pela manhã no bairro José Carlos de Oliveira, onde foram distribuídas cestas básicas, alimentos e livros pela campanha Mãos Solidárias, além de batalha de grupos de hip hop e capoeira.
Agora, durante a tarde, acontece um ato político e cultural no Morro do Bom Jesus e na Praça Nova Euterpe, com a participação de grupos de break dance e capoeira, poetas e os artistas Gael Vila Nova, Morgana Bernardo e Driko. Outros atos também aconteceram nas cidades de Garanhuns e Ouricuri, no interior do estado.
Edição: Vanessa Gonzaga