Fazer parte dessa ação do MST me deixa cada vez mais conectada com a terra
Junto ao crescimento do desemprego e a alta nos preços dos alimentos, cresce também o número de brasileiros e brasileiras que passam fome no país.
Mais de 116 milhões de pessoas vivem em situação de insegurança alimentar no Brasil, segundo dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan). E com a pandemia a situação só se agrava.
É pensando no sofrimento das famílias que estão em situação de fome que surge o Roçado Solidário, uma iniciativa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que está disponibilizando uma parte do seu roçado para a solidariedade.
Cada acampamento e assentamento do MST vai dispor de uma área para que o povo da cidade possa se somar aos trabalhadores do campo para plantar, cultivar e colher alimentos, que serão doados para a Rede de Banco Populares de Alimentos da Campanha Mãos Solidárias.
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Romildo Felix, mais conhecido como Axé, da direção estadual do MST, explica mais sobre a proposta do roçado solidário e o seu funcionamento. ”O roçado solidário foi construído diante da pandemia, com a criação dos Bancos Populares de Alimentos, visando a solidariedade ativa e a participação direta da área urbana com o homem e a mulher do campo na produção da agricultura familiar nessa integração de conhecimentos. Isso é muito gratificante para nós que plantamos e para as famílias que estão necessitadas”.
Até o momento já são 10 roçados solidários distribuídos em Pernambuco. Aos sábados voluntários se reúnem dispostos a fazer o trabalho solidário no campo, como é o caso de Laís Araújo, que é estudante de ciências biológicas, fundadora do projeto “Xô Plástico” e fala da sua experiência contribuindo no roçado. “O roçado solidário está sendo uma experiência única na minha vida. Minha família é do campo e passei uma parte da minha infância no interior e fazer parte dessa ação do MST me deixa cada vez mais conectada com a terra. Não é apenas acordar às 4:30 pegar o ônibus e sair da cidade para plantar e colher em um acampamento, é sobre ter contato com os camponeses que vivem ali, com a terra criar novas experiências. O roçado solidário representa para mim um futuro em que a Reforma Agrária Popular e a agricultura familiar camponesa construa soberania alimentar no nosso país", disse.
Lembrando que os alimentos produzidos nos roçados solidários são cultivados de forma agroecológica, respeitando a terra para garantir comida saudável na mesa de quem mais precisa. Em Pernambuco a campanha Mãos Solidárias já doou cerca de 800 toneladas de alimentos.
Axé nos conta sobre quem pode participar e como fazer para ajudar a iniciativa. ”Todas as pessoas que tiverem interesse podem participar. A pessoas que estão indo cada um levar um amigo é uma forma de construir a participação das pessoas”
Também é possível colaborar financeiramente com o roçado e a campanha Mãos Solidárias. É só fazer uma doação livre para o PIX CNPJ: 09.423.270.0001.80
O Vozes Populares é uma produção do Brasil de Fato Pernambuco e teve apresentação, roteiro e edição de áudio por Fátima Pereira; edição de texto e coordenação por Rani de Mendonça.
Edição: Rani de Mendonça