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Paulo Freire vive

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Paulo Freire desenvolve um método de alfabetização que leva em conta a vivência e o contexto do aluno - Foto: Arquivo Instituto Paulo Freire
É tempo de celebrar Paulo Freire. É tempo de exaltá-lo, estudá-lo e relembrá-lo. 

Um pernambucano que, apesar de ser considerado cidadão do mundo, dizia que nunca havia saído do Recife. Adorava pão doce com caldo de cana e não deixou de comer farinha nem quando viveu em outros países durante os 16 anos que ficou exilado, perseguido pela ditadura militar. Se estivesse vivo, o humanista, educador, pesquisador, advogado, filósofo, Paulo Reglus Neves Freire completaria 100 anos no último dia 19. 

Na verdade, Freire não morreu. Está vivo nas pessoas que tirou do analfabetismo, como em Angicos, pequena cidade do sertão do Rio Grande do Norte. Lá, Paulo Freire pôs em prática seu método de alfabetização de adultos, ensinando famílias de agricultores e agricultoras familiares a ler e a escrever em apenas 40 horas. Assim, em 1963, o trabalho do recifense ganha o Brasil e o mundo. 

Patrono da educação brasileira, o nome de Freire é, devido à sua visão humanista, referência internacional. Ganhou dezenas de honrarias por todas as partes no globo. Entretanto, como previsto, no ano que marca o seu centenário, não recebeu qualquer homenagem por parte do governo federal. Também pudera, não há o que esperar de bom de onde vem tantos ataques absurdos à educação, como pensamentos de que as universidades são para poucos e que crianças com deficiências atrapalham a convivência escolar. Essas pessoas temem Paulo Freire. Temem por representarem exatamente o oposto de tudo que Freire defendeu.  

À frente do seu tempo, mais do que um educador inovador, Freire foi um ser humano evoluído. Apostou na educação e no diálogo como instrumentos para o conhecimento da realidade. A educação faz sentido, segundo Freire, quando mulheres e homens aprendem que são capazes de assumirem a responsabilidade sobre si mesmos.

Paulo Freire vive nas educadoras e educadores que acreditam no poder transformador da educação. Vive naqueles que respeitam as diferenças, que respeitam o direito que o outro tem de ser ele mesmo, que defendem os direitos humanos. Vive em todas e todos que sonham com uma sociedade mais justa, bela e bondosa.

Freire nos ensinou a ter esperança de que outro mundo é possível. Freire no ensinou que “esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo”. E esse sonho não é só de Freire. É o sonho da maioria das brasileiras e brasileiros. 

E, principalmente, por isso, é tempo de celebrar Paulo Freire. É tempo de exaltá-lo, estudá-lo e relembrá-lo. 

Afinal, Freire é resistência. E mais do que nunca é tempo de resistir. Resistir nas salas de aula, preservando e cultivando o futuro do país. Resistir no campo e na cidade para não deixar que nos tirem direitos conquistados e sonhados por Freire. E como diria outra grande brasileiro: “sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só e sonho que se sonha junto é realidade.”

Eu Paulo. Tu Freire. Ele não. É isso! E alguém ainda tem dúvida de que Paulo Freire está com a gente?

As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do jornal

 

Edição: Vanessa Gonzaga