Pernambuco

#2OutForaBolsonaro

Seis cidades pernambucanas têm atos pelo impeachment de Bolsonaro neste sábado

Manifestações ocorrem no Recife, Caruaru, Garanhuns, Belo Jardim, Petrolina, Araripina e mais 200 cidades do Brasil

Brasil de Fato | Recife (PE) |
No Recife, manifestantes se concentram na Praça do Derby a partir das 10h e saem e caminhada pela avenida Cde. da Boa Vista. - Vinícius Sobreira/Brasil de Fato Pernambuco

Neste sábado (2) as ruas do centro do Recife, de Caruaru, Garanhuns, Belo Jardim, Petrolina e Araripina serão novamente tomadas por movimentos populares, sindicatos, partidos políticos e população em geral que são contra as políticas do governo Bolsonaro. Estão previstas manifestações em 200 cidades do Brasil e mais 14 em outros países sob o lema “Impeachment já”. A orientação para todos é uso de máscara, distanciamento mínimo de 1 metro e haverá higienização com álcool disponível.

No Recife o protesto deve ter início com uma concentração às 10h, na Praça do Derby. A saída em caminhada deve ocorrer por volta das 11h, seguindo pela avenida Conde da Boa Vista e se encerrando na Ponte Duarte Coelho. Antes, no fim da tarde desta quinta (30), haverá um ato de agitação e convocação na Praça de Casa Forte.

A expectativa é que esse ato seja maior que os anteriores, impulsionada também pelos escândalos recentes revelados pela CPI da Covid, como explica Vitória Genuíno, militante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) no Recife e da Frente Povo Sem Medo. “As denúncias em relação a Prevent Sênior e os casos de corrupção revelados a cada semana devem trazer mais gente às ruas”. Ela destaca ainda que há outras pautas, mais locais, que devem se destacar.

“Estamos tendo muita movimentação em torno da pauta da moradia. Tivemos a aprovação do ‘PL do Despejo Zero’, que agora é lei estadual. O Governo do Estado e a Prefeitura do Recife até estão se movimentando nesta pauta, mas com medidas apenas panfletárias. Os movimentos de moradia estamos nas ruas também para fazer cobranças”, disse ela, lembrando a jornada de lutas realizada esta semana pelo MTST.

Sobre a adesão de partidos políticos de centro-direita à campanha “Fora Bolsonaro”, a militante do MTST disse olhar com bons olhos, mas lembrou que somar forças com esses grupos não significa abrir mão das próprias pautas. “É importantíssimo nesse momento a unidade em torno da pauta mais ampla, que é o ‘Fora Bolsonaro’. Mas não vamos abrir mão do nosso programa. Queremos a saída de Bolsonaro, mas também somos contra Paulo Guedes e todo o programa neoliberal e neofascista e que eles representam”, garantiu.

Vitória conta que os movimentos estão estudando fazer “alas” feministas e do movimento negro, por exemplo, como forma de reafirmar e dar mais visibilidade a essas pautas.


Presença rara nas manifestações de rua nos últimos anos, o PSB reapareceu nos atos da campanha "Fora Bolsonaro" deste ano / Vinícius Sobreira/Brasil de Fato Pernambuco

Cinco atos no interior do estado

No sábado (2), os movimentos de Caruaru gritam “Fora Bolsonaro” a partir das 9h, em frente ao INSS, no centro da cidade. Ainda na região agreste, mas em Garanhuns, o ato tem início um pouco mais cedo, com concentração às 8h30 na praça da Fonte Luminosa, bairro de Santo Antônio. Em Belo Jardim a atividade é às 10h, na Praça dos Correios. No sertão do estado, em Petrolina, a manifestação pelo impeachment começa às 8h na Praça da Catedral; enquanto em Araripina o protesto ocorre às 15h, no trevo da avenida Florentino Alves Batista.

Chico Egídio, coordenador da Campanha Fora Bolsonaro em Petrolina, conta que os petrolinenses, além de pedirem o impeachment do presidente e do vice Hamilton Mourão, estão pedindo “a derrubada da proposta de Reforma Administrativa (PEC 32) e defendendo o rio São Francisco, que faz aniversário ne segunda-feira (4)”. Ele conta que tem sido um desafio a mobilização no interior do estado, pela falta de tradição em alguns municípios. Mas nas cidades maiores, as cidades-polo, “tem tradição de luta e resistência, sempre com povo nas ruas em defesa das pautas que beneficiam o povo. Estamos pedindo que as cidades próximas possam se somar, engrossar as fileiras”, convoca Egídio.

Ele acredita que neste sábado, além de estudantes, artistas, militantes de partidos e movimentos, a expectativa é ter muitos funcionários públicos nas ruas. “Estarão juntos em defesa do serviço público e gratuito, contra a PEC da Reforma Administrativa”, avalia o coordenador da campanha em Petrolina.

Perguntado sobre a possível participação de grupos de centro-direita nos atos, Francisco Egídio tem expectativa sobre maior envolvimento de eleitores do PDT e do PSB. “Em Petrolina não temos representações fortes desses partidos, mas seus eleitores com certeza estarão juntos contra o desgoverno genocida”. Ele acredita ser improvável uma presença relevante da direita neste sábado. “Talvez simpatizantes da centro-direita estejam no ato individualmente, mas assim como a esquerda não se sentiu à vontade de ir aos atos desses grupos, que são radicalmente contra nós, acho difícil que eles estejam presentes neste sábado”.

Centro-direita se une à campanha Fora Bolsonaro

As forças de esquerda, na tentativa de não piorar o espalhamento do coronavírus, optaram por passar mais de um ano sem manifestações de rua, mas neste período o presidente Jair Bolsonaro seguiu fazendo aglomerações, promovendo a disseminação do vírus e ameaçando um golpe de estado. Foi então que a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo, que reúnem movimentos, ONGs, partidos políticos e sindicatos, criaram a Campanha Fora Bolsonaro.

A campanha “Fora Bolsonaro”, organizadora das manifestações, reúne indivíduos e organizações contrárias às políticas adotadas pela atual gestão do Governo Federal. Eles promoveram manifestações no dia 29 de maio, depois no 19 de junho, 3 de julho, 24 de julho, em seguida a campanha se somou ao tradicional Grito dos Excluídos no 7 de setembro e este será o 6º ato de rua pedindo o impeachment do atual presidente da República.

No dia 12 de setembro, grupos de direita e centro-direita (liderados por MBL e VemPraRua) finalmente realizaram atos pelo impeachment do presidente, mas reuniram menos de 10 mil pessoas em todo o país – 6 mil só em São Paulo; no Recife foram menos de 300.


Este é o sétimo ato de rua pedindo o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (seis foram liderados pela esquerda e um pela direita) / Vinícius Sobreira/Brasil de Fato Pernambuco

Parte dessas organizações aceitaram sentar com a esquerda para organizar manifestações conjuntas. No ato deste dia 2 de outubro, além do PT, PSB, PDT, PCdoB, PSOL, Rede, UP, PCB e PSTU, passaram a se somar também os partidos de centro-direita PV, Cidadania e Solidariedade. MBL, VemPraRua e Livres não aderiram ao conjunto.

O Solidariedade, partido ligado à central sindical Força Sindical, tem um deputado federal, Augusto Coutinho (ex-DEM); um prefeito na região metropolitana (Lupércio Nascimento, de Olinda); uma cadeira de vereador no Recife, ocupada pelo suplente Waldomiro Amorim, o “Professor Mirinho”, já que o titular Rodrigo Coutinho – filho do deputado – está licenciado do mandato, ocupando a Secretaria de Esportes na Prefeitura do Recife.

A presidenta do partido em Pernambuco é Taciana Coutinho Bravo, irmã do deputado e diretora-presidente desde 2016 da Junta Comercial de Pernambuco (Jucepe), nomeada por Paulo Câmara. Nem Augusto, Rodrigo, Taciana, Lupércio ou Mirinho usaram suas redes sociais para divulgar a manifestação deste sábado, assim como a página estadual do partido também não o fez, diferente das páginas nacionais do Solidariedade, que convocaram para a manifestação e declararam apoio ao impeachment de Bolsonaro.

O Cidadania tem como principal figura pública em Pernambuco o deputado federal Daniel Coelho (ex-PSDB e PV), que também é presidente estadual do partido. A sigla possui uma cadeira na Câmara do Recife, ocupada por Junior Bocão. Os dois parlamentares, assim como a página estadual do partido, ignoraram a manifestação deste sábado (2). O site oficial do Cidadania, assim como sua página nacional em redes sociais, optou por ignorar a manifestação que diz apoiar.

O Brasil de Fato Pernambuco entrou em contato com os dois partidos, por telefone e e-mail, mas até o fechamento desta matéria as siglas não haviam respondido aos questionamentos.

Edição: Vanessa Gonzaga