No alto do Morro da Conceição, na zona norte do Recife, a imagem da Imaculada Conceição atrai milhares de peregrinos há 117 anos. Todo dia 8 de dezembro eles se reúnem para fazer promessas e agradecer aos pés da santa.
Ynaê vem da cidade vizinha, Olinda, para cumprir a sua promessa. Mas tem gente que vem de bem mais longe, até de outros estados para buscar as bençãos e agradecer pelas graças alcançadas. Este ano, a festa trouxe uma reflexão de acolhimento em um período marcado pelo desemprego, o aumento da fome e da pobreza.
“O elemento especial da festa este ano foi que nós trouxemos para a festa que é de devoção, a reflexão social. O tema da festa é “Aos pés da Imaculada, somos todos irmãos”, ele nos convida a ter um olhar da fé para o social, para as pessoas que estão abandonadas, para as pessoas que estão sofrendo”, aponta o Padre Pedro Luiz dos Santos, reitor e pároco do Santuário.
O Padre vê o amor pela Santa de tantos fiéis espalhados pelo estado, mesmo não sendo a padroeira do Recife, que é Nossa Senhora do Carmo. “O povo deu a ela o título de padroeira do coração do Recife e a gente percebe isso. E não só do Recife, eu ouso dizer que do estado de Pernambuco, porque a quantidade de pessoas que vem de Petrolina, lá do sertão, da zona da mata e do agreste para esta festa. Então, Nossa Senhora é padroeira do coração dos pernambucanos”, aponta.
E esse título popular pode ser formalizado, transformando a Festa do Morro em Patrimônio Imaterial do Estado de Pernambuco. A Fundação Do Patrimônio Artístico e Cultural de Pernambuco (FUNDARPE ) iniciou o processo de registro no último dia (09), após deferimento da Análise Técnica da Secretaria de Cultura do Governo de Pernambuco que vinha em andamento desde 2018.
Para o padre, a comoção causada pela Festa do Morro representa também a necessidade de refúgio e amparo. “Nós vivemos uma realidade muito dura e de muito sofrimento, de muita perda, de falta de trabalho e de oportunidade. Nós somos um país muito rico, mas de pouca oportunidade para o seu povo. Então, isso cria uma expectativa, uma vontade, um desejo de mudança. E as pessoas não encontrando esta mudança no concreto, buscam em Deus, porque Deus é o último refúgio, o último grito que as pessoas têm”, acredita.
Edição: Vanessa Gonzaga