Com uma investigação que se prolongou por diversos órgãos em seis anos, a Polícia Científica de Pernambuco divulgou na noite desta terça (11), a identidade do suspeito da morte da menina Beatriz Angélica Mota, de 7 anos. O crime aconteceu em 2015, dentro de uma escola privada na cidade de Petrolina (PE), onde a menina foi encontrada sem vida após golpes de faca.
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Nas últimas semanas, os pais da menina, Lucinha Mota e Sandro Romilton, que era professor da escola onde Beatriz morreu, causaram comoção nacional ao caminhar mais de 700km de Petrolina ao Recife exigindo celeridade na investigação, além da federalização do caso. Agora, cerca de 15 dias após a chegada ao Recife e uma rodada de reuniões com o Governo do Estado e órgãos de segurança pública, a investigação ganha outros contornos.
O acusado
Segundo a Polícia Científica, o acusado é Marcelo da Silva, de 40 anos. Ele já cumpria pena por outros crimes na cidade de Salgueiro, no sertão pernambucano, e confessou o assassinato na prisão para um grupo de delegados. A polícia não divulgou quais crimes são atribuídos a ele.
Em coletiva de imprensa da Polícia Civil, Polícia Científica e Ministério Público nesta quarta (12), o Secretário de Defesa Social de Pernambuco, Humberto Freire, afirmou que a narrativa e motivação do crime vão ao encontro dos rumos que a investigação tomou.
De acordo com o secretário, Marcelo estaria nos arredores da escola em busca de dinheiro para sair da cidade. Já no local, o acusado encontrou Beatriz nos corredores e “diante desse exaspero, do susto que ela demonstrou, ele acabou a silenciando-a à facadas”, segundo Freire, que afirma que o crime não foi planejado e não contou com cúmplices. O secretário também afirmou que foram contabilizados 10 golpes de faca e não 42 como havia sido divulgado. 42 é o número de fotografias das facadas que constam no processos, já que os ferimentos são fotografados de diferentes ângulos.
Além da confissão do acusado, a denúncia se sustenta também através de laudos que apontam que o DNA de Marcelo estava na faca utilizada para o crime e que foi encontrada junto da criança.
A polícia afirmou que seguirá a investigação e que manterá diálogo com o Ministério Público de Pernambuco para a continuidade do processo. Também presente na coletiva, a coordenadora do Centro de Apoio Operacional Criminal do MPPE, Ângela Cruz afirmou que já requisitou perícias complementares e contraprovas à Polícia Científica.
A família
Ainda na noite de terça (11), Lucinha Mota se pronunciou através das redes sociais. Ela afirma que a família soube da divulgação da identidade do acusado através da imprensa, mas que chegou a conversar com o chefe de polícia, que confirmou as informações. “Eu peço a Deus que isso se confirme, que esse assassino seja condenado. Eu devo isso a cada um de vocês, que colaboram com a nossa luta e tem o direito de saber toda a verdade” agradeceu.
Ela também ressaltou que espera que o conjunto de elementos da perícia confirme a confissão “Se foi feito um exame de DNA e ele deu positivo, existem outros elementos que precisam ser confirmados”. Ela refuta a hipótese de um crime não planejado “Ninguém entra no colégio sem ser conduzido por alguém, ainda mais na área daquelas salas”. Lucinha também afirmou que terá acesso às oitivas do acusado.
Na manhã desta quarta (12), os pais de Beatriz foram até o Recife na expectativa de acompanhar a coletiva de imprensa das Polícias Civil e Científica e MPPE, mas não foram autorizados a entrar no local. “Querem nos impedir de fazer as perguntas certas?” perguntou Lucinha.
Com a negativa do acesso ao evento, Lucinha e Sandro foram recebidos às 10:30h da manhã pelo chefe da Polícia Civil e pelo Secretário de Defesa Social. Ainda não há informações sobre os desdobramentos da reunião.
Edição: Rani de Mendonça