Muitas mulheres se identificaram com a fábrica pela nossa perspectiva de empoderamento
Sabe aquela garrafa pet de refrigerante que você deixa no canto da cozinha até acumular várias? Nas mãos certas, essas garrafas podem ter um destino muito mais sustentável. Com 20 delas, é possível fabricar uma vassoura ecológica, rentável e com muito mais durabilidade que as vassouras comuns. E é isso que um grupo de mulheres têm feito em Brasília Teimosa, uma comunidade da zona sul do Recife.
A iniciativa partiu de um grupo de mães da ONG Turma do Flau, em parceria da Marcha Mundial das Mulheres, em 2018. Inicialmente, o projeto foi pensado apenas para as mães do Flau, mas outras mulheres mostraram interesse e ele foi aberto para a comunidade.
Carolina Patrícia dos Santos, coordenadora do grupo e militante da Marcha Mundial das Mulheres, relembra o começo. "Em 2018, a gente se sentou e elencou 5 profissões que a gente teria geração de renda rápida, em que a gente não precisasse gastar. Uma mãe de aluno veio com essa ideia e 99% das pessoas que estavam presentes escolheram a vassoura", conta.
O fato da vassoura ser sustentável também contribuiu para a escolha. A ação ecológica contribui para a retirada do plástico no meio ambiente, que leva cerca de 100 anos para se decompor na natureza.
As vassouras são vendidas através das redes sociais da fábrica, no local da produção e também no boca a boca. A produção ainda não é em larga escala por falta de equipamentos suficientes, mas ainda assim é possível levantar um valor que é destinado para a manutenção do projeto e para as mulheres que fazem parte da fábrica.
No entanto, Carolina deixa uma coisa bem clara: a fábrica está longe de ser apenas um local de trabalho. A grande marca dela é o diálogo, o fortalecimento e o espaço seguro para as mulheres da comunidade. "Muitas mulheres não se identificaram com a fábrica em si, mas sim com o nosso grupo, com a nossa perspectiva de empoderamento, em dar uma luz no fim túnel pra cada uma delas", compartilha.
Carolina ainda percebe uma mudança na configuração do perfil das mulheres que fazem parte do projeto, desde quando tudo começou até agora. No começo, o perfil era de mulheres de meia idade, desempregadas, muitas sem escolaridade e também vítimas de violência doméstica.
Hoje, muitas mulheres da terceira idade também se juntaram ao projeto. Não pensando apenas na geração de renda, mas sim como um espaço para se sentirem úteis, valorizadas e também para ajudarem outras mulheres que estão em situação de vulnerabilidade. Isso mostra como o local é, acima de tudo, um espaço organizativo, de conexão entre as mulheres e que abre oportunidades.
A coordenadora compartilha seu sonho para a fábrica. "Nossa perspectiva é ter um espaço nosso, um maquinário mais evoluído para produzir em larga escala e que realmente todas as mulheres hoje que fazem parte da fábrica vivam realmente dessa renda da fábrica", finaliza.
Gostou da iniciativa da Fábrica de Vassouras e quer saber mais? Você pode acessar o Instagram @fabrica_de_vassouras.
Edição: Vanessa Gonzaga