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Coluna

Combate ao analfabetismo exige política pública emergencial

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Em Pernambuco, 75,8% dos alunos do 2º ano do ensino fundamental tiveram dificuldade em ler e compreender textos - Ratão Diniz/UNICEF
Nesta crise da alfabetização, os maiores impactados são crianças pobres e negras

O patrono da Educação, Paulo Freire, deixou ensinamentos sobre a alfabetização como legado. Mas, o Estado brasileiro tem falhado nesta tarefa. O índice de analfabetismo cresceu no País durante a pandemia e, sem uma ação direcionada para a educação pública, os reflexos futuros recairão não apenas na vida desses sujeitos não alfabetizados, mas, sobretudo, no desenvolvimento do País. 

Um estudo divulgado pelo programa Todos pela Educação, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), aponta que 41% das crianças de 6 e 7 anos não sabem ler e escrever. Esse é o maior índice de analfabetismo registrado no país desde 2012. 

Em Pernambuco, a pandemia agravou um problema que já era realidade no Estado. Andando pela capital e interior, conhecemos de perto a situação da educação pública nos municípios. Em 2016, a Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), já mostrava que de cada dez alunos do 3º ano do ensino fundamental no Estado, sete não sabiam ler e cinco não conseguiam escrever. Em 2021, o Programa Criança Alfabetizada, do governo estadual, apontou que 75,8% dos alunos do 2º ano do ensino fundamental tiveram dificuldade em ler e compreender textos. Em 2019, o índice já atingia 57,2% dos estudantes.

Os dados são alarmantes e nos apontam a necessidade de construirmos uma educação inclusiva, emancipadora e a partir de políticas públicas concretas e debatidas no coletivo, com participação de toda comunidade escolar.

Nesta crise da alfabetização, os maiores impactados são crianças pobres e negras. Pois, além do suporte na sala de aula, essas crianças precisam da mediação dos familiares, que em situação de vulnerabilidade muitas vezes não tem condições de ajudá-los neste processo. A estratégia educacional precisa também passar pela família.

A estrutura dos equipamentos educacionais também precisam estimular, por exemplo, o hábito da leitura. Sem bibliotecas ou com defasagem nesses espaços como vamos motivar nossas crianças? Lula criou a lei 12.244 para universalização das bibliotecas, mas a meta não foi cumprida e a Câmara Federal aumentou o prazo para 2024.

Enquanto sociedade civil, precisamos estar atentos e cobrar uma reação urgente, que passa por um posicionamento firme nas casas legislativas e ações do poder executivo. A educação pública pede socorro e o que está sob ameaça é a construção de uma sociedade que produz conhecimento, com capacidade crítica.

Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato Pernambuco.

Edição: Vanessa Gonzaga