A empresa multinacional Exxon Mobil já iniciou a perfuração na Bacia de Sergipe e Alagoas, região em que o Rio São Francisco deságua para o mar. Os blocos estão localizados entre 67 e 94 quilômetros da costa a cerca de 3 mil quilômetros de profundidade.
No último dia 17, a empresa recebeu a licença de operação pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para a exploração de até 11 poços de petróleo e gás, o que vem preocupando trabalhadores e trabalhadoras da pesca.
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Para Cícera Estevão, pescadora artesanal e integrante da Comissão Pastoral de Pescadores (CPP), é preocupante a exploração de petróleo na região, uma vez que se trata de uma área pesqueira. “Para a pesca artesanal, é muito ruim, porque essas grandes empresas, grandes empreendimentos, vem e acabam com a nossa costa e nossos estuários, nossas praias, tiram o que eles querem, os benefícios próprios deles e não estão se importando com a pesca artesanal, com o meio ambiente”, acredita a pescadora.
Apesar de ainda ser necessária outra licença para a fase de produção, em que o petróleo pode ser extraído e comercializado, já existem impactos que podem ser sentidos no fundo do mar a partir da perfuração. É o que aponta o biólogo e presidente do Instituto Biota de Conservação, Bruno Stefanis. “Existem dois lados: o lado econômico e o ambiental. Para o ambiental nunca vai ser bom, porque nunca melhora e não vai melhorar com uma extração. Vai aumentar o risco, vai ter fluxo de embarcação, vai ter poluição sonora, vai ter poluição visual...Não tem como melhorar”, analisa o pesquisador
A Licença de Operação para perfuração que teve início nesta semana na Bacia de Sergipe e Alagoas tem validade de até 5 anos. O poço mais próximo da costa fica a 67km do município sergipano de Brejo Brande. Mas esta exploração não é um caso isolado.
“São ritos que estão sendo seguidos, já tem outras vindo pra cá. Já tem outras empresas fazendo outras sísmicas, que depois dessas sísmicas vão vir outras empresas perfurar e vai extrair. E a gente não tem para onde correr. É uma política de governo estimular a extração de petróleo, é uma política nacional”, alerta o pesquisador.
A perfuração da Exxon Mobil está sendo realizada junto às empresas Enauta Participações, do Grupo Queiroz Galvão; e da estadunidense Murphy Oil. A Exxon possui blocos para exploração entre Alagoas e o Rio de Janeiro, dos quais o Projeto SEAL faz parte e pode colocar em risco 52 unidades de conservação.
Em nota, a empresa Exxon Mobil informou que sua prioridade é preservar a saúde e a segurança da comunidade e do meio ambiente. Neste sentido, promoveu mais de 190 reuniões com representantes das comunidades na área de abrangência do projeto, envolvendo mais de 560 partes interessadas, e participou de uma audiência pública virtual em 2021, na qual foram endereçadas à empresa mais de 140 perguntas pela comunidade.
A reportagem do Brasil de Fato Pernambuco entrou em contato com o Ibama solicitando um posicionamento sobre a autorização, mas não obteve resposta.
Edição: Vanessa Gonzaga