22 entras 69 universidades federais no país são hoje administradas por reitores nomeados por Jair Bolsonaro, que desconsiderou os candidatos mais votados pela comunidade acadêmica. Boa parte das universidades federais seguiu a orientação do Ministério da Educação (MEC) e resolveu retomar as atividades presenciais em 2022. O problema é que as gestões não tem tomado a iniciativa de propor medidas de prevenção à covid-19 nas universidades.
Entre elas está a Universidade Federal do Ceará (UFC), que desde 2019 é gerida pelo reitor Cândido Albuquerque, nomeado por Jair Bolsonaro. O reitor chegou a adotar um discurso contra a vacinação, que foi repudiado pela comunidade acadêmica.
As aulas na instituição devem voltar no mês de março. A estudante de Educação Física da UFC e vice-presidenta da União dos Estudantes do Ceará (UEE - Ceará), Thalita Vaz, se preocupa com a falta de planejamento da gestão para a volta às aulas. “Hoje gente vê um cenário de verdadeiro caos para ser feito quando a gente voltar, a gente não sabe como os RU’s vão funcionar, o retorno dos estudantes dos interiores, como vai funcionar os campi, etc”, aponta Thalita.
Esta lista também inclui a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). O reitor pro tempore Paulo César Fagundes Neves foi nomeado pelo então Ministro Abraham Weintraub em agosto de 2020, descumprindo a lista tríplice. O retorno na instituição estava previsto para janeiro, mas vem sendo adiado por causa do avanço do número de casos de covid-19. Agora, a previsão de volta é para o mês de março.
O estudante de Artes Visuais da Univasf e presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da instituição, Bruno de Melo, se preocupa com a ausência de um plano de retorno e a garantia dos protocolos de segurança, já que a comunidade estudantil quer retornar aos campi. “Aqui tem uma situação em que os estudantes querem retomar as atividades presenciais, por parte dos professores ainda tem muita resistência e por parte da reitoria, não tem nenhum esforço em garantir essa segurança sanitária também, a gente não vê nenhuma notícia sobre a compra de testes, não tem notícias sobre a compra de álcool em gel pra garantir pra todo mundo ou então material de higiene”, avalia Bruno.
Já na Universidade Federal de Sergipe (UFS), o reitor Valter Joviano Santana Filho foi indicado em descumprimento à lista tríplice durante a pandemia. A UFS retomou as atividades ainda na modalidade híbrida em janeiro deste ano.
Marcos Galvão, estudante de Direito que faz parte da atual gestão do Centro Acadêmico do seu curso, avalia o fato de muitas coisas não terem sido previstas no plano de retomada. “Ficou tudo a cargo dos departamentos e os eles tem uma dificuldade em conseguir conduzir, porque é a reitoria que possui todo o parâmetro administrativo e econômico para dar prosseguimento [à reabertura]. Eu acho que a gente precisa ainda ter uma distribuição de máscaras, nem todas as máscaras tem efetividade, nem todos os banheiros estão estruturados para haver uma higiene mínima e básica”, destaca Marcos.
Com a falta de planejamento, estudantes, professores e servidores estão se organizando para tentar garantir uma retomada segura em todas as instituições. “Acho que é uma forma da gente socializar como a gente está se organizando na UFC, porque se não tem resposta, não existe vácuo, a gente vai dar a resposta”, acredita Thalita.
A reportagem do Brasil de Fato Pernambuco entrou em contato com a Universidade Federal de Sergipe (UFS) e a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), mas não recebeu resposta até o fechamento da matéria. Já a Universidade Federal do Ceará (UFC) enviou a nota que segue na íntegra:
“O retorno das atividades acadêmicas presenciais na UFC está confirmado para o dia 16 de março, início do semestre 2022.1. Neste momento, os documentos orientadores para a retomada, com todos os detalhes quanto ao funcionamento da Universidade na volta presencial, estão em fase de validação e publicação formal. Portanto, somente a partir da próxima semana poderemos divulgar informações sobre esse assunto.”
Edição: Vanessa Gonzaga