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Desafios são maiores para mulheres pretas no mercado de trabalho

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"O combate à violência contra as mulheres deve também estar pautada nas relações profissionais" - Agência Brasil
São as pretas que estão no trabalho informal e precarizado

A exploração capitalista, patriarcal e racista que nos oprime enquanto mulheres, também nos atinge no mercado de trabalho. Apesar da maior escolarização das mulheres e qualificação para ocupar as vagas no mercado formal, nós ainda buscamos maior representatividade nos espaços de poder e de tomada de decisão, salários equiparados, respeito e igualdade de oportunidades. 

Levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que as mulheres receberam, em média, 77,7% do montante auferido pelos homens. A desigualdade atinge proporções maiores nas funções e nos cargos que asseguram os maiores ganhos. Entre diretores e gerentes, as mulheres receberam 61,9% do rendimento dos homens.

Outro indicador, o nível de ocupação entre as mulheres que têm filhos com até 3 anos de idade é de 54,6%, abaixo dos 67,2% daquelas que não têm. A situação é exatamente oposta entre os homens. Aqueles que vivem com crianças até 3 anos registraram nível de ocupação de 89,2%, superior aos 83,4% dos que não têm filhos nessa idade. 

Também é um desafio a questão dos impactos dos afazeres domésticos. Nós, mulheres, dedicamos aos cuidados de pessoas ou afazeres domésticos quase o dobro de tempo que os homens. Essa dupla e até tripla jornada não é considerada trabalho ou remunerada.

Nesse cenário de grandes barreiras que impedem o acesso e ascensão das mulheres no mercado de trabalho, o recorte racial também é perverso. As mulheres pretas ou pardas, com crianças de até 3 anos, apresentaram os menores níveis de ocupação, inferiores a 50%, enquanto as brancas registraram um percentual de 62,6%. Também são as pretas que estão no trabalho informal e precarizado.

Sem a garantia desses direitos básicos no mundo do trabalho, o fim da violência contra as mulheres, seja ela física, psicológica, vertical, horizontal e institucionalizada, torna-se algo distante. Por isso, o combate à violência contra as mulheres deve também estar pautada nas relações profissionais. 

O dia 8 de março está chegando, estaremos mais uma vez nas ruas, lutando pela vida das mulheres. Por um Brasil sem machismo, racismo e fome.

Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato Pernambuco

Edição: Vanessa Gonzaga