Com mais da metade dos estados e Distrito Federal tendo flexibilizado o uso da máscara, o Governo de Pernambuco afirmou que só irá fazer a liberação quando o índice de imunização no Estado aumentar. A decisão foi anunciada em coletiva de imprensa nessa terça-feira (15) pelo secretário estadual de Saúde, André Longo, que reforçou que a pandemia da covid-19 ainda não acabou. “As pessoas estão ansiosas pelo seu fim e com um desejo enorme de retirar as máscaras, mas isso só será possível se conseguirmos aumentar o número de pessoas efetivamente protegidas, porque nossa prioridade precisa continuar sendo com a saúde e com a vida dos pernambucanos", afirmou. A decisão deverá valer até pelo menos 31 de março, prazo de vigência das medidas apresentadas na ocasião.
Com 6.855.839 (77,25%) pessoas a partir de 18 anos vacinadas com a segunda dose ou dose única, Pernambuco ainda não conseguiu atingir a marca ideal de 80% de cobertura do esquema vacinal completo. O secretário já havia informado, no ano passado, que a desobrigação do EPI só seria considerada quando o Estado chegasse a esse patamar.
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Os outros números da imunização também estão aquém do desejado. Só 39% do público elegível tomou a terceira dose, apenas 44% das crianças de 5 a 11 anos receberam a primeira, e, entre os idosos, a cobertura ainda está abaixo dos 70%. Mais de 350 mil pernambucanos acima de 60 anos ainda não retornaram para tomar a dose de reforço. "Se quisermos vencer o vírus precisamos manter o cuidado, especialmente com o uso da máscara, e ampliar a vacinação", reforçou Longo. No total, desde o início da pandemia, o Estado fez 17.535.549 aplicações de vacinas.
Até esta quarta-feira (16), pelo menos 14 estados e Distrito Federal tornaram menos rígidas as normas referentes à máscara. Desses, quatro desobrigaram o uso em locais abertos (São Paulo, Maranhão, Rio Grande do Norte, Acre e Minas Gerais); seis liberaram em ambientes abertos e fechados (Brasília, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Alagoas, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Amazonas); e quatro liberaram para cidades que tenham atingido um percentual estabelecido de vacinação (Minas Gerais e Maranhão no caso de ambientes fechados, e Espírito Santo e Goiás). Na prática, uma vez extinta a obrigação a nível estadual, os municípios podem impor novas regras se quiserem assegurar o uso.
O médico infectologista Danylo Palmeira, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC-UFPE), vê com bons olhos a adoção de protocolos diferentes com base na realidade de cada território.
"A pandemia ainda não acabou, existem subvariantes da Ômicron que estão aparecendo em alguns países do mundo. Não há relatos ainda no Brasil, porém os sistemas de vigilância estão em alerta e monitorizando a ocorrência. Então é produente que não se tenha uma política 100% homogênea em relação [às máscaras], cabe a cada estado avaliar suas condições", pontuou o especialista.
Novas flexibilizações
Apesar de a regra da máscara ser mantida em Pernambuco, o secretário divulgou outras mudanças no Plano de Convivência com a Covid-19. A partir desta quarta-feira (16), os eventos sociais, corporativos e culturais com até 10 mil pessoas (ou 70% da capacidade do local, o que for menor) voltam a ser permitidos, mas com a exigência da apresentação do passaporte vacinal mantida. A dose de reforço passa a ser obrigatória para pessoas com 18 anos ou mais e que tenham recebido a segunda aplicação há pelo menos 4 meses; para adolescentes de 12 a 17 anos, a segunda dose será exigida.
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O Gabinete de Enfrentamento à Covid-19 também deliberou sobre a presença das torcidas nos estádios de futebol profissional. Nos jogos, o limite de pessoas fica estabelecido em 50% da capacidade do local. Outros eventos esportivos e competições em geral poderão receber público de até 10 mil pessoas ou 70% da capacidade, o que for menor. Já os serviços de alimentação, cinemas, teatros, circos e museus podem funcionar com capacidade de 100%, sendo observados os protocolos estabelecidos por cada setor. Segue valendo a obrigatoriedade da exibição do comprovante de vacinação em todos esses casos, nas mesmas regras descritas acima.
As alterações são feitas em um momento em que os indicadores da covid-19 seguem tendência contínua de queda no Estado. Esta Semana Epidemiológica 10 (que vai de 6 e 12 de março) é a quinta semana seguida consecutiva em que há redução de casos positivos de covid-19 com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), com 55 ocorrências. O número é 40% menor em relação à semana epidemiológica 9, e 58% inferior no comparativo com a 8.
A positividade para a covid-19 (ou seja, a proporção de notificações positivas) nas amostras processadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE) caiu 95% em seis semanas. No momento, a taxa é de 2,5% - entre 100 testes RT-PCR, positivam 2,5. A Semana 10 também teve o menor patamar de solicitações por leitos de terapia intensiva do ano, segundo dados da Central de Regulação Hospitalar. Foram 251 pedidos, o que representa uma diminuição de 19% no período de uma semana e de 18% em 15 dias.
Boletim
Nessa terça-feira, 2.379 novos casos da covid-19 foram divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), sendo 2.343 (98,5%) leves e 36 (1,5%) quadros de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Com isso, Pernambuco chega a 868.742 casos confirmados da doença - 57.928 graves e 810.814 leves.
A pasta ainda confirmou 11 mortes (8 homens e 3 mulheres) pela doença, ocorridas entre os dias 13 de março do ano passado e a última quinta-feira (10). Assim, o Estado soma 21.226 óbitos. Os mais recentes são de pacientes de 53 a 99 anos, residentes dos municípios Cachoeirinha (2), Lagoa do Ouro (1), Pedra (1) e Pesqueira (1), no Agreste; e Camaragibe (2), Jaboatão dos Guararapes (2), Recife (1) e Vitória de Santo Antão (1), na Região Metropolitana.
Todos tinham doenças preexistentes, e seis tinham comorbidades. Considerando que um paciente pode ter mais de uma comorbidade, há casos de diabetes (3), doença cardiovascular (3), hipertensão (2), imunossupressão (1), tabagismo (1), etilismo (1) e câncer (1). Dos cinco pacientes restantes, um não tinha comorbidade e os demais casos seguem em investigação.
Edição: Rani de Mendonça