Pernambuco

eleições 2022

“Vamos surpreender muita gente”, diz Jones Manoel, pré-candidato ao Governo de Pernambuco

Crítico do PSB, ele fez referências a gestões petistas, quer atrair eleitores do PT e deseja ter apoio do PSOL e da UP

Brasil de Fato | Recife (PE) |

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Natural da favela da Borborema, zona sul do Recife, Jones Manoel é graduado em História e mestre em Serviço Social pela UFPE - Arquivo pessoal

Nos últimos anos tem sido comum ver pessoas que conquistaram relativa popularidade nas redes sociais ou no Youtube se lançando em disputas eleitorais. Mas esses nomes são quase sempre do campo político da direita. Mas este ano o Palácio do Campo das Princesas estará na mira de um “youtuber” de esquerda: Jones Manoel da Silva, de apenas 32 anos, é pré-candidato a governador pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) e tem esperança de somar os apoios da Unidade Popular (UP) e do PSOL (que acaba de firmar federação com a Rede).

Nascido na favela da Borborema, zona sul do Recife, Jones se considera um “clássico jovem de família pobre em Pernambuco”. Perdeu o pai por violência urbana, trabalhou desde a adolescência, aprendeu o que era vestibular só após sair da escola e é da geração dos protestos de junho de 2013. Hoje ele é graduado em História e mestre em Serviço Social pela UFPE, foi professor da rede pública estadual na Bahia, escreve para uma série de sites nacionais identificados com a esquerda e ganhou projeção nacional com seu canal no Youtube, que tem 190 mil seguidores.

Nos últimos anos Jones tem viajado bastante pelo país, convidado para debates e atividades políticas, mas também trabalhou como organizador de três livros: Revolução Africana – Uma antologia do pensamento marxista (2019, com Gabriel Fazzio); Raça, classe e revolução – A luta pelo poder popular nos Estados Unidos (2020, com Gabriel Landi); e Colonialismo e luta anticolonial: desafios da revolução no século XXI (2020, com textos de Domenico Losurdo). Ele também apresenta o podcast Revolushow, que, segundo Jones, “não é o maior da esquerda, mas é o maior podcast marxista”.

Nas últimas duas eleições estaduais, o PCB em Pernambuco teve desempenho discreto. Em 2014 o candidato a governador Miguel Anacleto teve 2,9 mil votos (0,07%), sua chapa de deputados federais somou 7,3 mil votos e a de estatual 3,2 mil. Em 2018 o partido somou forças na candidatura de Dani Portela (PSOL), indicando para a vice Gerlane Simões (PCB). Naquele ano o PCB melhorou o desempenho, somando 15,7 mil votos para deputado federal e 3,8 mil para estadual. Na disputa municipal do Recife, em 2020, o partido apoiou para a prefeitura Thiago Santos (UP) e lançou uma única candidata a vereadora, que teve 579 votos.

Confira a entrevista do Brasil de Fato Pernambuco com Jones Manoel.

Brasil de Fato Pernambuco: Gostaria que você contasse um pouco da sua infância e adolescência.

Jones Manoel: A minha família é oriunda do Cabo: minha avó, meu avô, minha mãe, todos nasceram e viveram na zona rural, num engenho de cana de açúcar popularmente conhecido como Sebastião do Pó. A minha mãe veio para o Recife com 16 ou 17 anos, morar na favela da Borborema [na zona sul da capital], próximo à fronteira com Jaboatão dos Guararapes. Eu sou nascido e criado na Borborema, mas tenho essa ligação com o Cabo de Santo Agostinho porque até os meus 16 anos eu passava minhas férias de janeiro inteira no sítio da minha avó, Albertina Carneiro, a Dona Zezé, já aposentada.


"Sou um clássico caso de um jovem de família pobre de Pernambuco" / Arquivo pessoal

Sou um clássico caso de um jovem de família pobre de Pernambuco. A minha mãe trabalhou a vida toda como empregada doméstica, cozinheira. Meu pai era pedreiro e foi assassinado a tiros quando eu tinha 11 anos. O crime nunca foi solucionado e só virou estatística, como 90% dos homicídios no Brasil. Fui criado por uma mãe solteira, mulher negra, que contra tudo e todos, desafiando o mundo, criou a mim e minha irmã, que é um pouco mais velha.

Eu comecei a trabalhar com 13 anos, para ajudar financeiramente em casa. Passei a adolescência inteira estudando e trabalhando. Mas minha adolescência foi só biológica, porque na prática não tive tempo de viver a adolescência. A primeira vez que fui ao cinema foi aos 18 anos, com meus amigos. Essa demora nem foi tanto pela questão financeira, mas porque eu não tinha tempo de sair com a galera, de ir jogar bola na praia, porque eu estava trabalhando. Diferente de muitos amigos meus eu não larguei a escola. Aos trancos e barrancos consegui terminar o ensino fundamental e o médio.

BdF-PE: Mas o que te levou a se envolver mais com política?

Jones: Foi também por influência de um amigo, Julio César. Ele foi a primeira pessoa a me explicar o que é mais-valia – ele trabalhava como zelador numa escola privada do Recife. Quando entrei na universidade [em 2011] já me considerava marxista, comunista, mas com bem pouco conhecimento teórico. E na universidade aprofundei o estudo teórico e passei a militar numa organização política – antes eu militava na comunidade, tentei ser líder comunitário e não deu certo. Estava lá, participei de “Junho de 2013” e em novembro de 2013 decidi me organizar na União da Juventude Comunista (UJC), do PCB.

BdF-PE: O que te levou a criar um canal no Youtube?

Jones: Quando entrei na universidade tive um blog, onde comecei a escrever bastante. Era um exercício para treinar escrita, já que meu ensino médio foi muito ruim e entrei na universidade com uma série de déficits. Mas acabou o blog dando muito certo. Certa vez tive uma insônia e passei a madrugada escrevendo um artigo sobre o gulag soviético e esse artigo viralizou, teve mais de 100 mil acessos.


Alcance dos vídeos de Olavo de Carvalho levou Jones a criar canal no Youtube / Arquivo pessoal

Só que eu vi um vídeo do finado Olavo de Carvalho, que era um besteirol de 8 minutos, com ele falando besteira. Mas esse vídeo tinha mais de 400 mil visualizações. Eu tinha um blog havia quatro anos, mantendo atualizado, escrevendo... e o cara lança um vídeo em que ele basicamente fala palavrões e fala que todo mundo é comunista no Brasil – da Igreja Católica a Fernando Henrique Cardoso – e o negócio tinha a mesma quantidade de visualizações que meu blog em 4 anos. E aí decidi que eu precisava fazer vídeos.

Criei o canal no Youtube sem nenhum planejamento, sem ter estudado, sem dominar a parte técnica e nem a teórica da comunicação. Não sabia nada. Fui com a cara e a coragem. Demorei um ano de canal para ter 5 mil inscritos. Tive vários problemas. Eu pagava uma pessoa para gravar e editar, mas a pessoa não tinha equipamento adequado, como eu não tenho até hoje. Parei o canal por duas vezes por falta de dinheiro.

Mas quando acabei o mestrado [2018], não queria fazer doutorado, estava sem emprego e decidi profissionalizar as coisas. Fui estudar a sério a comunicação na internet e consegui mudar muita coisa no meu canal. Depois passei num concurso da rede pública da Bahia, fui dar aula em Juazeiro (BA), morando em Petrolina (PE). E aí somando o estudo e esse dinheirinho, deu para melhorar o canal, que de 2019 em diante deslanchou. Foi impressionante. Os 5 mil inscritos que levei um ano para conseguir, hoje consigo a cada 40 dias.

BdF-PE: E de onde surgiu a ideia de se candidatar ao Governo de Pernambuco?

Jones: São dois fatores. O primeiro é um “chamado” pelo próprio crescimento do PCB. Quando comecei a militar, fui o terceiro militante da UJC na UFPE, que é uma universidade com mais de 30 mil alunos. Mas de lá para cá o crescimento é visível, associado também a um crescimento do marxismo – que ainda está longe de ser uma tendência predominante na esquerda brasileira.


Crescimento do PCB levou o partido a decidir por participação mais ativa no processo eleitoral / Arquivo pessoal

Nos atos de rua do Recife, no ano passado, que tiveram média de 30-40 mil pessoas, os blocos do PCB ficaram sempre entre os três maiores blocos. Isso mostra a capilaridade social do partido nos movimentos populares, na juventude e no sindicalismo. Então o PCB tem uma responsabilidade cada vez maior com a disputa política em Pernambuco, de assumir um protagonismo maior. Especialmente considerando que a maior organização de esquerda do estado, o Partido dos Trabalhadores (PT), está aliado ao PSB.

O estado vive há 16 anos sob governos do PSB e o Recife é a capital mais desigual do Brasil; o Cabo de Santo Agostinho é o quarto maior PIB da região metropolitana, mas em 2022 tem média de um assassinato por dia, sendo a 2ª cidade do Brasil com maior número de homicídios entre as que tem mais de 100 mil habitantes; Pernambuco é campeão de desemprego pelo terceiro ano seguido; e o estado tem [de seus 10 milhões de habitantes] 2 milhões em insegurança alimentar e quase 1 milhão de analfabetos. É um quadro desastroso, de tragédia social para a classe trabalhadora.

É um governo pseudo-progressista que na prática não entregou absolutamente nada do que seria um programa progressista. E é especialista em quebrar promessas, haja vista a promessa de Paulo Câmara nas eleições de 2014, de bilhete único a R$ 2,15 na região metropolitana do Recife, onde todo ano a passagem aumenta e já passou dos R$ 4.

BdF-PE: Na avaliação sua e do PCB, quais as pautas centrais ou mais urgentes a serem debatidas em Pernambuco na campanha de 2022?

Jones: Será importante colocarmos em debate elementos centrais da desigualdade. Pernambuco é um estado de maioria negra, mas nos últimos 16 anos de PSB não vimos nenhuma política de governo para combater as desigualdades sociorraciais. Existem políticas de combate a LGBTfobia e ao machismo e dá para debater se são suficientes ou não, mas políticas de combate às desigualdades sociorraciais não tem nada. E é significativo falar que até agora eu sou o único pré-candidato negro e o único com origem proletária. E tenho a tarefa de verbalizar o programa do PCB e o sentimento de inconformismo com a situação de Pernambuco.

O que estamos chamando de “programa socialista para Pernambuco” tem alguns eixos centrais. O primeiro é a universalização de direitos. Temos que atuar na perspectiva de ampliar ao máximo possível o alcance dos direitos sociais, dos serviços públicos de saúde, educação, cultura, lazer, transporte. O estado tem vivido um problema grava de insegurança alimentar, violando um direito humano fundamental. Esses serviços precisam melhorar para a população, mas também para os trabalhadores desses serviços. Uma grande quantidade de professores da rede pública está com contratos precários, mesmo caso de muitos profissionais da assistência social, muitos da saúde são contratados via OS. O PSB tem se mostrado inimigo dos concursos públicos.


Temos também a perspectiva de defesa do meio ambiente a partir de uma outra lógica de desenvolvimento. Pernambuco é campeão de agressões a natureza e a comunidades tradicionais. Estava estudando o que é Suape, e é um monstro de devorar sonhos, vidas e biomas. É impressionante a quantidade de comunidades pesqueiras retirados, com seus modos de vida destruídos. E agora há uma iniciativa de privatizar uma ilha [de Caucaia] em Suape, onde 400 famílias vivem da pesca. A agência estadual de meio-ambiente [CPRH] está aparelhada pelas grandes construtoras.

Queremos pautar um desenvolvimento que sirva à classe trabalhadora, não aos monopólios capitalistas. Temos que ter também tratamento de resíduos sólidos, redução de emissão de gases do efeito estufa, acesso a água potável. Um quinto dos pernambucanos não tem acesso a água potável. A cobertura de esgoto é muito baixa, então os dejetos acabam sendo jogados nos rios. Uma concepção de política urbana em que a área verde deixe de ser privilégio de bairros nobres.

Aliado a isso, uma defesa da economia pública, para ampliar a capacidade de investimentos do governo, porque não vamos governar com monopólios capitalistas. Quem fala que vai governar para todos, está traindo alguém. Nós vamos governar para a classe trabalhadora. Vamos mudar radicalmente a política de governança da Compesa e da Copergás. Recuperar o Lafepe, que está sendo sucateado.

Defender, enquanto governador, um debate público pelo fim da legislação bancária do governo FHC, que dificulta a criação de bancos estaduais. Queremos ter novamente um banco estadual, como foi o Bandepe. Fortalecer uma rede de empresas públicas, que funcionarão de modo transparente e eficiente, com participação da classe trabalhadora. Defendo uma auditoria das isenções fiscais concedidas no estado, porque tem muita “graça” feita com dinheiro público. Uma auditoria da dívida pública do estado também, passar um pente-fino.

E alterar a política de arrecadação, procurando tributar grandes empresas e o consumo de luxo, enquanto reduz ou zera impostos para a classe trabalhadora e classe média. O Governo de Pernambuco, junto ao de Alagoas, firmaram um retardo na cobrança do ICMS do setor sucroalcooleiro. Os usineiros terão um tempo sem pagar esses impostos. Queremos rever isso, retirar todo subsídio para esse setor, que não gera tecnologia, gera pouquíssimos empregos e ainda há trabalho análogo à escravidão. As terras férteis da zona da mata devem ser destinadas a plantar o que o povo come, com produção de reforma agrária baseada na agroecologia. Pela primeira vez em quase 500 anos, Pernambuco não vai ter um governo aliado da cana de açúcar.

BdF-PE: Mas como sustentar um governo com tanto enfrentamento?

Jones: A governança tem que ser pautada na mobilização e no protagonismo popular. Sei que o PCB, caso ganhe para o Governo do Estado, não teremos maioria na Alepe. Boa parte das instituições de estado estão aparelhadas pelo PSB. Será necessário trazer a população para o debate: os movimentos populares, sindicatos, as comunidades tenham participação ativa para fazer o contraponto às instituições, garantindo que o programa eleito vire prática de governo.


Ele menciona programas de participação popular de governos petistas, inclusive a gestão João Paulo (2001-2008) no Recife / Arquivo pessoal

É uma gestão pautada pela perspectiva de construção de poder popular, com mobilização e participação permanente da classe trabalhadora, chamando ela para as decisões governamentais. Os planos orçamentários não serão feitos em gabinetes, mas debatidos amplamente. E é importante falar que isso não é nenhuma novidade. Já tivemos isso, em maior ou menor medida, com suas especificidades. Tivemos isso na gestão Olívio Dutra em Porto Alegre (RS), na primeira gestão do PT em Fortaleza (CE), na gestão Erundina em São Paulo (SP) e aqui na prefeitura de João Paulo, no Recife (PE) – a crítica que temos ao Orçamento Participativo é que era pouco o recurso que ficava para a deliberação popular.

BdF-PE: Vamos falar dos nomes que você deve enfrentar nas urnas. Você acha que o cenário favorece o PSB ou a oposição de direita?

Jones: Oposição de verdade só somos eu e João Arnaldo. Porque Raquel Lyra era do PSB até 2016, queria ser prefeita de Caruaru, o PSB não deixou e ela vai para o PSDB. Miguel da oligarquia dos Coelhos também era filiado ao PSB até 2019, é bolsonarista e agora diz que não é, para não perder voto. Anderson Ferreira era aliado do PSB até dia desses, dentro da Frente Popular. São máquinas muito poderosas, com muito dinheiro das oligarquias de Pernambuco, com apoio do Governo Federal.

Mas acho que o povo de Pernambuco vai ver que essa oposição de direita é uma falsa alternativa ao PSB. Acho também que há um esgotamento grande do PSB e será uma eleição muito difícil para eles. E acho que há uma grande perspectiva para a esquerda socialista em Pernambuco.

E quero comentar a política do PT e do presidente Lula. Não sou filiado ao PT e as questões internas deles não são comigo. Mas queria mandar uma mensagem direta aos eleitores petistas. João Campos [prefeito do Recife, pelo PSB] trabalha abertamente para destruir o PT. Eu lembro que quando Eduardo Campos morreu, o PSB encheu a cidade de pichações dizendo que “o PT matou Eduardo”.


Jones tem contribuído com a organização de livros nas editoras Autonomia Literária e Boitempo / Arquivo pessoal

Então, com todo o respeito ao ex-presidente Lula, eu acho um erro. Ainda mais considerando que Danilo Cabral em 2016 era secretário estadual, pediu licença para reassumir a vaga de deputado federal só para votar a favor do golpe [que derrubou a presidente Dilma Rousseff]. O próprio presidente do PSB, Carlos Siqueira, deu uma entrevista recente ao UOL, dizendo que sem os votos do PSB o impeachment não teria sido aprovado. E é verdade. Danilo Cabral é uma figura autoritária, tecnicista, sem apelo popular, um quadro que nos cargos em que ocupou é conhecido pela postura de burocrata, sem diálogo com movimentos populares.

BdF-PE: Essa aliança do PT com o PSB tende a favorecer PSOL e PCB?

Jones: Eu acho que grande parte dos eleitores petistas não vai votar em Danilo Cabral. E acho que parte desses votos tende a favorecer a minha candidatura ou a de João Arnaldo (PSOL). Mas ao mesmo tempo acho que a gente precisa de unidade. Respeitando a dinâmica de cada organização, não vejo sentido em UP, PSOL e PCB saírem separados. O PSB está enfraquecido, a direita fragmentada e se a gente sair separado, vamos ficar disputando votos no mesmo campo. Precisamos potencializar nossa força para apresentar um projeto radical e popular.

O PCB está disposto a construir unidade, mas passando pelo respeito a proporcionalidade de força social e peso político dos pré-candidatos. Com toda humildade, acredito que se Boulos (PSOL) não for candidato ao Governo de São Paulo, a pré-candidatura do PCB em Pernambuco vai ser a com maior impacto nacional no campo da esquerda radical. Temos um papel grande a cumprir em Pernambuco, mas pautando a unidade e buscando o segundo turno. Com esse nível de fragmentação que temos aqui, é possível ter alguém no 2º turno na casa dos 10% dos votos. A atual líder das pesquisas não chega a 30% e é difícil que alguém chegue a isso.

BdF-PE: Há 4 anos com Dani Portela (PSOL) e Gerlane Simões (PCB). Essa possibilidade de uma nova chapa PCB-PSOL, já há conversas nesse sentido?

Jones: Sim. Desde dezembro temos mantido reuniões periódicas com o PSOL. E já tivemos duas reuniões com a UP, que são conversas mais recentes. E estou otimista. O plano nacional dificulta mais do que o estadual. Mas acho que o resultado vai ser positivo. João Arnaldo (PSOL) é uma grande figura, muito generoso, com uma história de militância com responsabilidade em Pernambuco. Ele facilita muito o diálogo, assim como Tiago Paraíba, presidente do PSOL, um dos melhores militantes que Pernambuco produziu nos últimos 20 anos. O diálogo está fantástico, não temos do que reclamar.

Nos debates internos do PCB entendemos que o meu nome, até pela minha origem social e histórico de militância, representa uma necessidade de mudança radical do estado. Mas isso [a candidatura] não é um fato consumado. Aqui não tem sectarismo. Queremos uma frente de esquerda, socialista e popular em Pernambuco. Mas também não é uma candidatura falsa, para depois eu sair para deputado, nada disso.

BdF-PE: E considerando que o PCB não tem mais direito a propaganda eleitoral no rádio e na TV [só partidos com ao menos 9 deputados federais têm esse direito], o PCB já está se debruçando sobre estratégias para tentar furar esse bloqueio no campo da comunicação?

Jones: Temos sentido essa barreira midiática, já que é comum saírem matérias ou pesquisas eleitorais sem citar a minha pré-candidatura ou a do PSOL. Mas estamos com um desenho de comunicação para furar a barreira. Agora em março começa uma campanha de divulgação do meu canal no Youtube, uma campanha física, com outdoors, banners, lambe-lambe, minha cara vai ficar espalhada na região metropolitana, agreste e sertão. E temos boas perspectivas. Temos uma equipe de comunicação muito qualificada e temos estudado bastante, acho que entendo bem a comunicação.

Já a questão financeira, o TSE libera as doações a partir de maio e eu espero contar com o apoio da galera. Faremos campanha para o pessoal chegar junto doar. Acredito num apoio popular grande, que vai dar suporte financeiro e vamos conseguir surpreender muita gente.


Apesar do tímido histórico eleitoral recente em Pernambuco, o pré-candidato comunista está confiante / Arquivo pessoal

Edição: Vanessa Gonzaga e Rani de Mendonça