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Em meio à alta de preços, 1.200 famílias do Grande Recife são beneficiadas com vale-gás

Ação contempla 40 comunidades de baixa renda de Recife, Olinda, Paulista, Camaragibe, Moreno, São Lourenço e Jaboatão

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Ato de oficialização da ação aconteceu nesta segunda-feira (21), no Armazém do Campo do Recife, na área central da capital - Divulgação/ Centro Sabiá

Vivendo em uma casa com 12 pessoas, Carolina Patrícia dos Santos, de 44 anos, precisa comprar um botijão de gás de cozinha em média a cada 40 dias. Este mês, no entanto, ela vai ter uma preocupação a menos. Moradora de Brasília Teimosa, na Zona Sul do Recife, Carolina representa uma das 1.200 famílias que foram contempladas com um vale-gás em Pernambuco, onde o preço médio do GLP varia de R$ 98 a R$ 135, segundo pesquisa mais recente da (ANP) realizada entre os últimos dias 13 e 19. A doação será feita pelo Centro Sabiá a partir desta quarta-feira (23), por meio de financiamento da Fundação Banco do Brasil, em parceria com a campanha Mãos Solidárias.

Carolina, que está desempregada e sustenta a família com a venda de vassouras ecológicas, falou que a doação chegou em uma boa hora. “Foi muito importante, tanto para mim quanto para a comunidade de Brasilia Teimosa, no geral. A maioria de nós estava com o botijão vazio. O gás está muito caro, muitas vezes a gente tem que optar: ou compra gás, ou paga uma conta de luz, uma conta de água”, contou. 

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No mês passado, Carolina pagou R$ 105 no gás. Neste mês, o preço está flutuando entre R$ 110 e R$ 120 dentro da comunidade. Só em Brasília Teimosa, quatro bancos de alimentos cadastrados no Mãos Solidárias receberam 23 vale-gás cada um, totalizando 92 famílias beneficiadas.

O projeto abrange mais 39 comunidades de baixa renda, do campo e da cidade, dos municípios de Recife, Olinda, Paulista, Camaragibe, Moreno, São Lourenço da Mata e Jaboatão dos Guararapes, todos na Região Metropolitana, onde a campanha já conduz ações de Agentes Populares de Saúde, Cozinhas Popular Solidária, Hortas Urbanas Agroecológicas, grupos de costura e Geração de Renda. 

Um ato de oficialização, em que foi anunciada a parceria com empresa distribuidora e explicado o fluxo de logística, aconteceu na manhã desta segunda-feira (21), no Armazém do Campo do Recife, na área central da capital. Os vouchers no valor de R$ 100 serão entregues ao longo das próximas duas semanas. A ação dá continuidade ao trabalho de distribuição de cestas de alimentos agroecológicos cultivados por agricultores familiares da Mata Sul, do Agreste e do Sertão, feito em dezembro. 


Essa é uma das iniciativas da campanha Mãos Solidária que visam aplacar a fome da população / Divulgação/ Centro Sabiá

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Carlos Magno, coordenador de mobilização social do Centro Sabiá, destacou que essas iniciativas visam amenizar a fome da população. "Nós podemos distribuir 100 milhões de toneladas, mas não vamos acabar com a fome. Porque a fome é produzida na engrenagem. Todos os dias nasce gente com fome. A gente tem que mudar a política", frisou.

Lívia Mello, integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Campanha Mãos Solidárias, reforçou que este deve ser o papel do Estado Brasileiro, mas que os movimentos populares farão o que estiver ao seu alcance para mitigar a fome e seus efeitos adoecedores.

"As comunidades têm falado da dificuldade de comprar o gás para garantir o cotidiano da vida, de cozinhar para seus familiares. É uma situação que estamos vivendo extremamente degradante, de fome e de desespero. São famílias que estão com situação de saúde agravada, e, como disse o presidente Lula, a fome é uma doença silenciosa. A partir desse entendimento, que é o nosso também, a gente soma esforços para suprir esse problema estrutural, que só vai ser resolvido quando a gente tiver condições de garantir políticas sociais e econômicas para isso”, defendeu.

 

Edição: Rani de Mendonça