Bolsonaro esteve mais uma vez em Pernambuco para fazer o que mais gosta: campanha antecipada
Na última quarta-feira, dia 23 de março, o presidente Jair Bolsonaro esteve mais uma vez em Pernambuco para fazer o que mais gosta: campanha antecipada para presidente com dinheiro público. O motivo oficial para sua visita foi o lançamento das obras, na cidade de Paudalho, do que deve vir a ser a principal Escola de Formação e Graduação de Sargentos do Exército Brasileiro. Junto a Bolsonaro foi possível perceber a presença de figuras como Anderson Ferreira, prefeito de Jaboatão, e Gilson Machado, ministro do turismo. Ambos devem ser candidatos pelo partido de Bolsonaro, o PL, para o governo do estado e o senado, respectivamente.
Focando na questão da Escola, eu gostaria de reforçar algumas questões para as quais acho difícil termos respostas convincentes. A primeira delas é sobre o local escolhido pelo Exército. A Escola deve ocupar uma área equivalente a 150 hectares em uma chamada Área de Proteção Ambiental (APA). Só para a gente ter uma ideia da grandeza deste número, um cálculo rápido mostra que em uma área deste tamanho podemos estar falando de cerca de 180 a 220 mil árvores.
A APA Aldeia-Beberibe, escolhida para o empreendimento, foi criada em 2010 por sua importância para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica do Nordeste do Brasil. Basta dizer também que é neste território que surgem mananciais que abastecem barragens importantes da Região Metropolitana do Recife, como a de Botafogo. Apesar destas questões, onde estão os estudos de impacto de uma obra deste tamanho? O que esperar de reflexo na flora e na fauna desta área de preservação?
Há ainda uma outra natureza de questões que precisam de respostas. E certamente uma destas é o valor anunciado, na casa dos R$ 320 milhões, como investimento por parte do Governo do Estado de Pernambuco para infraestrutura no entorno da área da futura Escola. O custo total é de mais de R$ 1,5 bilhão. A quem interessa de fato este investimento? Não teríamos outras áreas no Estado que mereceriam ao menos parte deste investimento?
Espero sinceramente que tenhamos respostas para estas e outras questões sobre uma obra com tanto investimento, tantos possíveis impactos, e que no fim das contas contemplará apenas alguns poucos militares do Exército brasileiro.
Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato Pernambuco.
Edição: Vanessa Gonzaga