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Ser pobre, mesmo trabalhando

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No Recife, mais de 500 mil pessoas sobrevivem com apenas R$606 mensais - PH Reinaux
O custo da cesta básica na capital pernambucana para uma família de três pessoas é R$1.629,30

Em janeiro de 2022, o custo da cesta básica na capital pernambucana para uma família de três pessoas era R$1.629,30, de acordo com levantamento contínuo realizado pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). A cesta básica individual (R$534,10) incorpora apenas produtos como açúcar e feijão, deixando de fora outros gastos essenciais comprometedores do orçamento das trabalhadoras e trabalhadores, como energia elétrica, água e transporte.

O custo de vida poderia não ser um problema caso o salário correspondesse a ele. Em Recife, os R$1.212 do salário-mínimo mensal não garantem os gastos com alimentação, quando comparados aos R$1.629,30 da cesta básica na capital para uma família de três pessoas. Antes de um simples cálculo matemático, essa relação demonstra uma diminuição do poder de compra da classe trabalhadora que é sentida cotidianamente por milhares que passaram a compor o panorama da pobreza, mesmo trabalhando.

A falta de dinheiro no bolso tem levado a escolhas difíceis a serem tomadas de frente as prateleiras dos supermercados, como o crescimento no consumo de produtos de baixa qualidade como o feijão bandinha. Os dados do município são alarmantes, há 523.209 pessoas, um terço da população, sobrevivendo com até R$606 mensais e aproximadamente 238.00 destas sobrevivem com até R$267, como mostram os dados do Ministério da Cidadania, de novembro de 2021.

A notória queda do poder de compra do salário em relação aos preços com alimentação iguala um conjunto cada vez maior de pessoas em um mesmo quadro calamitoso de pobreza, inclusive, aqueles e aquelas que sobrevivem mensalmente com um salário-mínimo.

Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato Pernambuco

Edição: Vanessa Gonzaga