Ampliando a lista de estados brasileiros que flexibilizaram o uso de máscaras de proteção, chegou a vez de Pernambuco desobrigar o uso do EPI em ambientes abertos. A decisão, divulgada nesta segunda-feira (28), foi tomada pelo Gabinete de Enfrentamento à Covid-19 do Estado com base na queda dos indicadores da pandemia, e passa a valer a partir desta terça-feira (29).
A melhora no quadro da covid-19 em Pernambuco segue há quase dois meses. Esse sábado (26) marcou a sétima semana consecutiva de baixa nos número de casos, óbitos e solicitações de leitos de UTI. O índice de positividade - ou seja, a proporção de notificações positivas entre os testes - nas amostras processadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE) chegou a 0,95%, o menor número desde o início da pandemia.
Leia também: Poder público começa a deixar a máscara de lado no Brasil: o que pensam especialistas?
Desde o ano passado, o secretário estadual de Saúde, André Longo, vinha afirmando que a liberação da máscara só seria considerada quando a porcentagem de pessoas vacinadas com as duas doses ou dose única chegasse aos 80%. Hoje, com 6.952.317 pernambucanos (78,34%) vacinados, Pernambuco atingiu 78,34% de cobertura vacinal, de acordo com os números mais recentes do Vacinômetro do Estado.
Em nota divulgada pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), o governador Paulo Câmara (PSB) saudou a participação da população na adesão à vacinação e às restrições sanitárias. “Essas importantes medidas só estão sendo possíveis pela atitude de cada pernambucano e cada pernambucana que, desde março de 2020, compreendeu que só chegaríamos ao ponto atual respeitando as recomendações sanitárias e levando a sério a prevenção”, frisou o governador Paulo Câmara.
Os estados começaram a flexibilizar as normas referentes à máscara desde novembro do ano passado, como foi o caso de Maranhão e Cuiabá, que tornaram seu uso facultativo em locais abertos. Desde então, pelo menos 20 estados (21, com Pernambuco) e Distrito Federal aderiram à flexibilização.
Dentre eles, sete desobrigaram o uso em locais abertos (Maranhão, Rio Grande do Norte, Acre, Minas Gerais, Ceará, Piauí e Pernambuco); onze liberaram em ambientes abertos e fechados (Brasília, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Alagoas, Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo, Amazonas, Sergipe, Tocantins); e quatro liberaram para cidades que tenham atingido um percentual estabelecido de vacinação (Minas Gerais e Maranhão no caso de ambientes fechados, e Espírito Santo e Goiás). Na prática, uma vez extinta a obrigação a nível estadual, os municípios podem impor novas regras se quiserem assegurar o uso.
Leia também: A máscara caiu em locais fechados; mas posso continuar usando ou exigir o uso no meu negócio?
Só Bahia, Paraíba, Roraima, Amapá e Pará ainda mantêm a obrigatoriedade, o que faz de Pernambuco uma das últimos unidades federativas a flexibilizarem a regra. O médico infectologista Filipe Prohaska, destacou tal postura cautelosa do governo estadual. “Há riscos sim, mas acredito que estejamos no melhor momento da pandemia e que haja espaço para flexibilização. Agora, é lembrar que tem que usar máscara em ambiente fechado, e os grupos não vacinados com as três doses também devem utilizar, independente de ser aberto ou fechado”, orientou.
O médico infectologista Danylo Palmeira também concordou com a decisão do governo estadual. "Os indicadores estão muito bons: mais de 10 dias sem óbito por covid-19, taxa de imunização chegando aos 80%", salientou.
Ele lembrou que existem variantes, como a subvariante PA.2 da ômicron, que acendem um sinal de alerta no mundo, mas que ainda não impactaram os números no Brasil. "Tendo uma piora ou o recrudecimento da pandemia, é importante redescutir a estratégia, isso a gente entendeu ao longo desse dois anos de enfrentamento", afirmou. "Continuamos em alerta e monitorando os indicadores; qualquer piora, podemos retroceder."
Palmeira também frisou que o não uso de máscara é apenas uma orientação, e não é obrigatória. "Se a pessoa não estiver à vontade ou quiser manter essa proteção, é possível fazê-lo. Em alguns países do mundo, a população tem essa prática em épocas específicas, como inverno, ou ao frequentar lugares aglomerados, como aeroportos ou espaços públicos de maior densidade populacional", acrescentou. O médico ainda acrescentou que a máscara e o hábito de higienização das mãos são boas práticas que, se mantidas, podem previnir a transmissão não só da covid-19 como de outras doenças.
Além de deliberar sobre as máscaras, o Gabinete de Enfrentamento à Covid-19 também fez outras alterações no Plano de Convivência com a Covid-19. Também a partir desta terça, os eventos como shows, festas e jogos de futebol poderão receber 100% de público. A apresentação do comprovante de vacinação da dose de reforço permanece obrigatória para se acessar eventos, bares e restaurantes.
Edição: Vanessa Gonzaga