Na última segunda-feira (04), teve início a 18ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL), a maior mobilização indígena do País, que acontece anualmente em Brasília (DF). Esta edição, que vai até o dia 14, tem o mote “Retomando o Brasil: demarcar territórios e aldear a política”, e reunir cerca de oito mil representantes dos povos originários de todo o Brasil.
Entre eles está o povo Xukuru do Ororubá, do município de Pesqueira, no agreste pernambucano, que reúne cerca de 20 mil dos quase 70 mil habitantes da cidade em suas 24 aldeias. O Brasil de Fato Pernambuco conversou com o cacique Marcos Xukuru no programa Trilhas do Nordeste. Além de falar sobre o acampamento, a liderança falou sobre o processo que ainda tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a sua eleição à prefeitura de Pesqueira, em 2020. Confira os principais pontos da entrevista:
Brasil de Fato Pernambuco: Na pauta dos Direitos Humanos, este mês é chamado de Abril dos Povos Indígenas e marcado pela realização do Acampamento Terra Livre, que reúne diversos povos indígenas de todo país, em Brasília. Qual a principal reivindicação desse ano?
Marcos Xukuru: O acampamento terra livre já acontece há vários anos. Na atualidade, o acampamento esse ano vai focar, está focado, nas questões dos desmontes de uma série de projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional, né? Um ‘pacote da morte’ como nós temos falado, enquanto movimento. E esses projetos são cinco, salvo engano; e dentre eles a questão da mineração, né? O desmonte da questão do meio ambiente e que impacta diretamente os povos originários. Ou seja, ele tem não só os povos indígenas, mas os ribeirinhos, as comunidades de terreiros, aqueles que se utilizam e precisam desse espaço físico para sobreviver culturalmente, espiritualmente, dentro da nossa realidade enquanto povos da floresta, enquanto pessoas que tem uma relação, uma conectividade com a natureza sagrada.
BdF PE: Como será a participação das etnias de Pernambuco e até nordestinas, vocês têm se articulado neste sentido?
Marcos Xukuru: A APOINME (Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo) tem a sua participação mobilizando todos os povos indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo. Em Pernambuco, tenho a missão junto com Vasco, que é o nosso coordenador, de articular Pernambuco. Nós já fizemos várias reuniões, estamos mobilizando, acreditamos que vamos estar com a delegação de Pernambuco com aproximadamente 300 lideranças. Então, é preciso que tenhamos, estejamos antenados a esse momento e articulação.
Milhares de indígenas se reúnem na capital federal em protesto contra o Governo / Kaiti Toprarme / Apib
BdF PE: Marcos, você foi eleito prefeito do município de Pesqueira nas Eleições de 2020 e impedido de assumir o cargo. O que foi resolvido neste caso?
Marcos Xukuru: Então hoje o nosso processo está no TSE aguardando julgamento para poder, assim, assumir ou não, dependendo do julgamento, de como se dará o julgamento, assumir ou não a cadeira de prefeito no município de Pesqueira. Então estamos nessa expectativa porque dependendo do resultado possa ser que tenhamos que, no município, realizar um outro processo ainda esse ano se for julgado e for desfavorável a ação para nós, para mim.
Edição: Vanessa Gonzaga