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No Semiárido brasileiro, Estação Espacial de Pesquisa simula visita à Marte

Mais de 600 pessoas de diferentes estados já participaram das 110 missões realizadas na estação

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Em pesquisa, foi comprovado que o solo do sertão do Rio Grande do Norte se assemelha ao solo marciano - Divulgação

Você já imaginou fazer uma viagem até Marte? O percurso até o planeta vermelho duraria em média 260 dias, de acordo com a Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (NASA), a agência do governo federal dos Estados Unidos responsável pela pesquisa e desenvolvimento de tecnologias e programas de exploração espacial.

Mas não é necessário fazer uma viagem espacial para ter essa experiência. Aqui no Brasil você pode ter uma experiência muito parecida com estar em Marte, só que na Caatinga. Uma iniciativa do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CT/UFRN), através do professor Júlio Rezende, criou a Estação Espacial Habitat Marte na zona rural da cidade de Caiçara de Rio do Vento, em uma região semiárida localizada a 100 km da capital Natal.

Desde o início da pandemia de Covid-19, tem sido possível ter a experiência de visitar o planeta vermelho não só presencialmente, mas também de forma virtual. Com este projeto, o cientista pretende fazer com que o local seja um núcleo de pesquisas que possa perceber a sustentabilidade presente no bioma e, futuramente, aplicar essas conclusões em outras estações espaciais do mundo. 

“A autossustentabilidade também está relacionada a várias tecnologias sociais,. Então, a gente tem como se fosse um laboratório para receber essas tecnologias sociais que estejam sendo pensadas por pesquisadores nas universidades. A gente imagina, por exemplo, um fogão solar dessalinizador, que é desenvolvido na Paraíba, no cariri paraibano, que usa luz solar para decantar a água salgada. Então, a gente imagina que essas várias tecnologias sociais, como também biodigestores, tudo isso é interessante para, de repente, gerar a sustentabilidade da propriedade rural”, aponta o professor do Departamento de Engenharia da Produção e cientista da UFRN, Júlio Rezende.

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Criada em 2017, a Estação Espacial Habitat Marte agrupa exposições, palestras e missões vividas na caatinga, já tendo participado de uma missão espacial virtual conjunta com a Agência Espacial Brasileira (AEB). A região do semiárido se assemelha com Marte pelo clima majoritariamente quente e seco e o solo composto por pedras e sem vegetação. Desde a criação, já foram realizadas mais de 100 missões realizadas na estação.

“Hoje, a gente ainda não tem amostras do solo de Marte, mas, pela análise de espectrometria que já foi realizada pelo grupo Perseverance, comparando com os traços do solo que a gente tem no planeta Terra, eles identificaram lá que o solo do deserto lá na Califórnia, é muito parecido com o solo marciano. E aí, como a gente tem acesso a essa pesquisa que foi feita nos EUA, a gente comparou e tem pesquisadores da área da geologia trabalhando conosco também, e aí foi confirmado: realmente a gente concluiu que existe essa similaridade”, destaca o cientista.

As atividades da estação espacial análoga geraram um grande volume de dados, o que tem proporcionado a realização de estudos e publicações não só por professores, mas também pelos estudantes. “O projeto mostra que o espaço, além de dar oportunidade pra várias pessoas, para as mais diversas áreas de conhecimento, também pode contribuir para a gente alcançar um desenvolvimento sustentável e até mais benéfico pro nosso planeta”, afirma Davi Souza, estudante e pesquisador.

Habitat Marte

A Habitat Marte possui sistemas de tecnologias regenerativas que possibilitam a conservação do Semiárido a partir dos estudos das formas de enfrentar os problemas provocados pelas mudanças climáticas. Assim, esse experimento aproxima os pesquisadores do mundo a prever as situações que podem ser vivenciadas futuramente em Marte e também aqui na Terra.

Desde dezembro de 2017, foram realizadas 110 missões presenciais e virtuais, com mais de 600 participantes. Para saber um pouco mais sobre o projeto e agendar as visitas, acesse o site da Habitat Marte.
 

Edição: Vanessa Gonzaga