No dia 1º de maio, domingo, a segunda Cavalgada do Trabalhador da comunidade Maila Sabrina promete reunir cerca de mil cavaleiros e amazonas, em Ortigueira, norte do Paraná. A atividade terá início às 10h, com concentração e partida da Vila Formosa, comunidade vizinha, e trajeto de oito quilômetros até a sede da comunidade.
O acampamento Maila Sabrina vai oferecer um churrasco (por 15 reais o quilo), incluindo mandioca, farofa e saladas. Após o almoço, também haverá baile no salão comunitário. A atividade celebrará a festa da colheita da comunidade e também a inauguração da churrasqueira comunitária, com 100 m², e do Salão comunitário, com 900 m².
Esta será a segunda cavalgada realizada pela comunidade, que é uma das mais de 70 áreas de acampamento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) do Paraná. A primeira ocorreu em 2019, com participação de 400 cavaleiros e amazonas.
A atividade faz parte da cultura praticada há décadas na região, que envolve toda a comunidade, como conta Jones Fernando, integrante da coordenação estadual do MST e morador da comunidade.
"A cavalgada se tornou um grande momento para divulgar a Reforma Agrária Popular, pois também marca nossa festa da colheita e da cultura camponesa. Ela expressa também a luta e a organização do MST, o debate da importância do campo povoado por famílias camponesas e do fim dos latifúndios", enfatiza.
Conheça a comunidade Maila Sabrina
A comunidade Maila Sabrina é formada por 400 famílias, desde 2003. O território de 10.600 hectares era de devastação ambiental, pela produção de búfalos, sem cumprir os critérios de reserva legal.
Em 19 anos de trabalho e construção da vida comunitária, a diversidade e a produtividade são as marcas da agricultura e da pecuária no acampamento: arroz, feijão, banana, cebola, melancia, melão, cará, inhame, marrecos, porcos, galinhas, ovelhas, gado e outras criações. As produções de alimentos saudáveis tomam conta do espaço antes devastado.
A média anual de produção de frutas no acampamento hoje é de cerca de 21 mil quilos, de grãos e cereais são produzidas 110 mil sacas e mais toneladas de batata doce, moranga, quiabo e diversas folhosas.
Desde o início da pandemia, o acampamento tem se somado à campanha nacional de solidariedade do MST. Ao todo, a comunidade já partilhou 60 toneladas de alimentos, entre eles, quase 2 mil pães. Para fortalecer a partilha de alimentos, as famílias iniciaram uma horta comunitária de produção sem venenos.
A reforma agrária popular mudou o panorama do espaço, com uma escola Itinerante que atende 220 estudantes, igrejas, centro comunitário, unidade básica de saúde, campo de futebol, lanchonete, bar, mercado e igrejas. A comunidade segue se desenvolvendo e modificando o espaço antes devastado em um local de produção de alimentos e desenvolvimento social.
Edição: Lia Bianchini