No último dia 1º de maio, Dia Internacional do Trabalhador e Trabalhadora, o Brasil de Fato trouxe oito perfis de sindicalistas que são pré-candidatos para a eleição deste ano. Em ambas as matérias buscamos as assessorias de comunicação dos partidos, que informaram quem eram os seus pré-candidatos ligados ao sindicalismo. Mas muitos outros nomes ficaram pendentes. Hoje trazemos mais oito perfis, de quatro diferentes partidos e que postulam vagas na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Câmara Federal e mesmo ao Palácio do Campo das Princesas. Conheça-os.
Áureo Cisneiros (PSOL), policial civil e pré-candidato a deputado federal:
Nascido em Vicência, zona da mata de Pernambuco, Áureo Cisneiros é graduado em direito e tem pós em direito constitucional. É concursado na Polícia Civil, tendo iniciado a carreira em 2003. Passou a se envolver nas atividades sindicais da categoria em 2010 e foi eleito presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol) em 2014, sendo reeleito em 2017, cargo que ocupou até 2020. Atualmente é diretor de comunicação do Sinpol e secretário geral da central sindical Intersindical em Pernambuco.
Áureo também integra o movimento nacional dos policiais antifascistas e, apesar de concursado, em janeiro de 2021 ele foi exonerado da Polícia Civil, acusando o Governo de Pernambuco de perseguição política por sua atuação sindical. Foi candidato a deputado estadual em 2018 e teve 18,9 mil votos, sendo o primeiro suplente das Juntas (PSOL). Em 2020 foi candidato a vereador do Recife, teve 2,2 mil votos e ficou como segundo suplente. Ele defende a carreira única da polícia, com reestruturação, modernização e valorização da categoria, além da mudança na política de segurança pública, que deve ser pautada nos Direitos Humanos e defesa da democracia.
Cláudia Ribeiro (PSTU) – professora do Recife e pré-candidata a governadora:
Natural do Rio de Janeiro, ela veio ainda criança para Pernambuco. Formou-se em Pedagogia e envolveu-se na política estudantil, integrando o diretório acadêmico de seu curso. Professora concursada da rede municipal do Recife, passou a atuar no sindicato de sua categoria, o Simpere. Liderou o sindicato por 10 anos e também colabora com a central sindical Conlutas.
Ribeiro iniciou sua militância partidária no PT, integrando a corrente Convergência Socialista. Por desavenças internas, toda a corrente acabou expulsa do PT em 1992. Dois anos depois funda o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). Já foi candidata a vereadora do Recife, deputada estadual e em 2020 teve 1.190 votos para prefeita do Recife. Aos 50 anos, se candidata agora a governadora de Pernambuco.
Érika Suruagy (PT), professora da UFRPE e pré-candidata a deputada estadual:
Recifense, começou sua atuação política no fim da década de 1990, durante sua graduação em Educação Física, quando foi presidente do diretório acadêmico de seu curso e diretora do DCE da UPE, além de integrar a Executiva Nacional dos estudantes de Educação Física. Neste período passou a atuar também no Partido dos Trabalhadores (PT), no qual é filiada há 20 anos. Fez mestrado e doutorado em Educação. Já foi professora na UEFS, UPE e desde 2010 é professora na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
Desde então atua também no movimento docente, sendo atual vice-presidenta da Associação dos Docentes da UFRPE (Aduferpe), tendo sido presidenta de 2017 a 2020. Também coordena nacionalmente o grupo de docentes universitários Diálogo e Ação Petista (DAP) e milita na corrente petista “O Trabalho”. Em 2021 sofreu um processo judicial nominal aberto por Jair Bolsonaro, que pediu um inquérito da Polícia Federal contra a professora e o sindicato, por terem espalhado outdoors criticando a atuação do Governo Federal no combate à pandemia de covid-19. Sua candidatura se coloca em defesa da Educação e dos servidores públicos.
Fernando Ferro, engenheiro eletricista e pré-candidato a deputado federal:
Nascido em 1950 no município de Bom Conselho, agreste pernambucano, Fernando Ferro foi para o Recife estudar. Formou-se em engenharia elétrica. Ainda na universidade e sob a ditadura militar, filiou-se ao MDB, único partido de oposição permitido pelo regime ditatorial. Mas poucos anos depois deixou o partido para fundar o PT. Trabalhador da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), fez militância sindical e foi diretor do Sindicato dos Urbanitários (Sindurb), que engloba trabalhadores da Compesa, Celpe e Chesf.
Em 1992 Ferro foi eleito vereador do Recife pelo PT, cargo que ocupou por apenas dois anos, já que em 1994 foi eleito deputado federal. Na Câmara Federal foi líder do PT na casa durante parte do governo Lula. Ferro teve cinco mandatos consecutivos, até 2014, quando não foi eleito, apesar dos seus 59 mil votos - naquele pleito o PT obteve votos para eleger dois federais, mas estava numa coligação com PTB, PDT e PSC, cujos candidatos individualmente tiveram mais votos que os petistas. Ferro voltou a se candidatar em 2018, teve 30,6 mil votos e foi o 4º do PT, que elegeu dois. Ele também se candidatou a vereador do Recife em 2020, mas obteve 4,2 mil votos e não foi eleito.
Se destacou por sua atuação em defesa da soberania nacional, com destaque para a soberania energética; além das lutas pelo serviço público de qualidade e participação popular no processo decisório.
Jô Cavalcanti (Juntas, PSOL), trabalhadora informal e deputada estadual buscando reeleição:
Maria Joselita, a Jô, é nascida nas periferias da zona norte do Recife. Seu pai é feirante de Casa Amarela e a mãe foi empregada doméstica. Jô se tornou também trabalhadora informal, “ambulante”, e se envolveu com as lutas da categoria, no Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Comércio Informal do Recife (Sintraci). Mulher negra, feminista e mãe, ela entrou de cabeça nas lutas e vestiu a camisa do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), do qual se tornou coordenadora nacional.
Em 2018, a despeito da onda conservadora se avistava para a eleição, Jô se uniu a outras quatro mulheres (Robeyoncé, Joelma, Kátia e Carol) e se lançaram na empreitada de construir o primeiro mandato coletivo da história de Pernambuco: as Juntas. E muitas pernambucanas viram nessa candidatura uma forma de responder à onda de retrocessos: foram 39 mil votos, que elegeram as Juntas codeputadas estaduais. Este ano Carol Vergolino e Robeyoncé Lima estão pré-candidatas a federal, mas as Juntas tentam reeleição com Jô, Kátia e Joelma.
João Paulo (PT), ex-metalúrgico e deputado estadual buscando a reeleição:
Nascido em Olinda, João Paulo Lima e Silva começou a atuar politicamente por influência da igreja. Integrou a Juventude Operária Católica (JOC) e depois na Ação Católica Operária (ACO). Com cursos técnicos de Edificações e Mecânica no Etepam (rede pública estadual), passou a trabalhar em fábricas metalúrgicas, onde participava clandestinamente (movimentos sindicais eraM proibidos) de comissões de fábrica.
Incentivado por Paulo Freire a se dedicar a estudar política e sociedade, foi levado em 1978 para cursos de política sindical na Europa. No Brasil, militou no Partido Comunista Revolucionário (PCR, atual UP). No fim dos anos 1980 João Paulo fundou o Partido dos Trabalhadores (PT) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), sendo eleito em 1988 o primeiro presidente da CUT Pernambuco.
No mesmo ano foi eleito vereador do Recife e pouco depois eleito deputado estadual (1990), reeleito duas vezes. Atuou na Alepe até 2000, quando foi eleito prefeito do Recife, reeleito, liderando a capital pernambucana até 2008. Foi eleito deputado federal em 2010 e reeleito em 2014. No período, cursou Economia e fez mestrado em Inovação e Desenvolvimento. No segundo governo Dilma Rousseff (PT) ele foi nomeado superintendente da Sudene (2015), cargo que ocupou até o impeachment (2016). Em 2018 migrou para o PCdoB, partido pelo qual foi eleito deputado estadual. Agora retorna ao PT para tentar reeleição. Se destaca na defesa de políticas públicas de inclusão social, desenvolvimento sustentável e na defesa da população negra, mulheres, LGBTs e juventude.
Luiza Melo (PCB), terapeuta ocupacional e pré-candidata a deputada estadual:
Filha de agricultores do distrito de Sapucarana, zona rural de Bezerros, no agreste do estado, ela começou a atuar politicamente ainda na adolescência, com foco nas demandas da sua comunidade rural. Teve marcante atuação no movimento estudantil, organizando estudantes durante sua graduação em Terapia Ocupacional. Ingressou no Partido Comunista Brasileiro (PCB) e, mantendo-se ligada às suas raízes, se especializou em saúde do campo e tem concentrado sua atuação na região Agreste de Pernambuco.
Luiza Melo hoje é diretoria do Sindicato dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais (Sinfito) e cursa mestrado em Saúde Pública. Defende o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), mas buscando torna-lo realmente gratuito e popular, atendendo a população do campo e da cidade. Se candidata a um cargo eletivo pela primeira vez, buscando uma vaga na Assembleia Legislativa.
Osmar Ricardo (PT), servidor público do Recife e pré-candidato a deputado estadual:
Nascido no Recife e morador do bairro de Santo Amaro, começou a atuar politicamente nos movimentos da sua comunidade. Participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) na década de 1980, tendo sido dirigente partidário. Ele é servidor público municipal na Autarquia de Urbanização do Recife (URB) e começou a atuar junto ao sindicato na década de 1990, chegando à presidência do Sindicato dos servidores da Prefeitura do Recife (Sindsepre).
Foi eleito vereador do Recife em 2000, reeleito para mais três mandatos. Em 2016, em meio à crise do impeachment e ataques públicos à imagem do PT, Osmar Ricardo optou por não se candidatar, lançando seu irmão Oscar – que não foi eleito por apenas 9 votos. O servidor municipal retornou às atividades sindicais e em 2020 voltou a se candidatar e, com 5,8 mil votos, foi eleito vereador do Recife para seu 5º mandato. Agora busca uma vaga na Alepe, algo que ele já tentou outras vezes, mas ainda não obteve sucesso. Seu mandato defende as pautas dos servidores públicos.
Edição: Vanessa Gonzaga