Serão nas escolas que construiremos os novos homens e mulheres que almejamos para o mundo
Essa semana que se iniciou no último dia 15 de maio e vai até o dia 21 traz muitas reflexões para nós que atuamos no campo da educação. São datas que reverenciam personagens e atores das nossas escolas brasileiras e que clamam por direitos e reconhecimento.
No dia 16 de maio, comemoramos em todo o mundo o Dia Mundial dos/as Funcionários/as da Educação; o dia 17 é guardado para a luta contra uma das mais ferozes discriminações que temos que conviver nos dias de hoje, e por isso o dedicamos para ser o Dia Internacional de Combate à LGBTIfobia.
Já o dia 18 de maio se transformou em uma conquista da luta histórica pela garantia dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes que chega, nesse 2022, aos seus 22 anos de campanha; por fim, não podemos esquecer que no dia 20 de maio comemoramos o Dia do/a Pedagogo/a, esse profissional tão importante para o pensar na educação.
A alusão ao Dia dos/as Funcionários/as da Educação foi uma importante conquista para o conjunto da educação brasileira e mundial. Quando todos apenas se lembram dos/as professores/as e dos/as estudantes como agentes centrais no processo de ensino-aprendizagem, viemos nos lembrar daqueles e daquelas que dão o apoio necessário para que a escola funcione, que a atividade do/as professor/a tenha êxito e que o/a estudante desenvolva plenamente suas habilidades.
Esse é o papel dos/as funcionários/as da educação, que são aqueles/as profissionais que vão desde a área da alimentação escolar, passam pela vigilância do centro educacional, e terminam nas áreas de suporte pedagógico e de secretaria. São as merendeiras, os vigias, as secretárias escolares, todo o pessoal da limpeza da escola. São inúmeras atividades que, sem elas, as escolas sequer funcionam.
O dia 17 de maio é um marco para a luta contra a LGBTIfobia. Esse mal que assola o nosso país, mas também o mundo, deve ser combatido em todas as esferas de nossas vidas, mas no âmbito da educação a sua priorização nos dá esperança de construirmos um futuro melhor. Serão nas escolas que construiremos os novos homens e mulheres que almejamos para o mundo.
Serão esses e essas que vão modificar a triste realidade que temos atualmente no Brasil que, no ano de 2021, presenciou a morte violenta de 316 pessoas da comunidade LGBTQIA+, um aumento de 33,3% em relação ao ano anterior. Foram mortes de pessoas vítimas desse preconceito vil que ainda nos assola. Somos o país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo! Isso é inconcebível e será no espaço escolar que podemos vislumbrar a mudança dessa mentalidade que a isso ainda justifica e legitima.
Já o dia 18 de maio é uma referência para um conjunto expressivo de organizações da sociedade civil que tratam da temática da defesa de direitos da infância e da adolescência. Há 22 anos, entidades diversas têm nesse dia uma referência para mobilizar, sensibilizar, informar e convocar a sociedade para garantir que toda criança e adolescente tenha o direito ao desenvolvimento de sua sexualidade de forma segura, protegida e livre de todas as formas de abuso e da exploração sexual.
Para isso, reivindicamos ser fundamental a implementação do Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, ressaltando a responsabilidade do poder público e da sociedade, por meio do cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA (Lei Federal 8.069/90).
A semana de reverência aos dias de luta e mobilização termina, no dia 20 de maio, com a homenagem que se faz ao Dia do/a Pedagogo/a, esse profissional tão fundamental e importante na formulação dos processos da educação e do ensino-aprendizagem. Cabe a esses/as profissionais pensar nos princípios e métodos de ensino, na administração escolar e na condução de diversos outros temas educacionais afetos às relações entre os/as educadores/as e educandos.
As metodologias de ensino, como a pensada por Paulo Freire em sua jornada de educar jovens e adultos a ler e escrever, só são possíveis porque temos nas pedagogas e pedagogos os/as profissionais aptos a pensarem isso. Que o dia 20 de maio sirva somente para que possamos lembrar, durante todo o ano, da importância desse e dessa profissional.
A educação, como pavimentação de uma vida sem preconceito e plena de direitos, com respeito a todas as diversidades do ser humano, acolhe e projeta essas datas como marcos de luta e reflexão. Como disse Paulo Freire, a educação não transforma o mundo; a educação muda as pessoas e, essas sim, transformam o mundo. Que possamos promover, assim, uma educação para a vida, cheia de sentido e plena de direitos!
Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato Pernambuco.
Edição: Vanessa Gonzaga