Na tarde desta terça-feira (17) uma briga entre vizinhos acabou com um deles hospitalizado. O professor aposentado Paulo Valença reclamou de um vizinho que teria autorizado dedetização em áreas comuns do condomínio, ameaçando contaminar o poço artesiano coletivo. Em resposta, Valença teria sido xingado de “petista ladrão” pelo vizinho, que tentou acertar um vaso de planta na sua cabeça. O professor aposentado caiu, bateu a cabeça e desmaiou, mas o vizinho seguiu o ataque com ponta-pés.
O trabalhador contratado para fazer o serviço de dedetização foi quem interrompeu a sessão de violência. “Ele evitou um mal maior”, conta Paulo Valença, que ainda chegou a ver o agressor segurando uma pedra para agredi-lo, o que foi impedido pelo trabalhador. “Eu já estava caído, desmaiado e sangrando. Mesmo assim ele me deu dois chutes, conforme informações de vizinhos. Agradeço muito a Deus por não ter acontecido o pior”, completa Valença.
O caso aconteceu no bairro de Maria Farinha, cidade do Paulista, região metropolitana do Recife, entre as 12h e 13h desta terça (17). Valença passou a tarde hospitalizado e ainda está se recuperando, na casa de um filho. Ainda nesta quarta (18) deve se submeter a um exame no Instituto Médico Legal (IML) para, nesta quinta (19), fazer um boletim de ocorrência na Delegacia de Maria Farinha.
Paulo Valença conta que foi socorrido por vizinhos e bem atendido tanto pela equipe do Samu como pelos emergencistas do Sassepe, hospital que atende servidores do estado. “Agradeço as manifestações de solidariedade e ratifico a importância do SUS, Samu, Sassepe e a competência e humanismo de todos os profissionais que me atenderam”, diz ele, que precisou fazer uma sutura de um corte na cabeça, onde tomou três pontos; além de realizar tomografia da cabeça e radiografias do tórax, coluna cervical e lombar.
Valença é filiado ao PT e foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sintepe), presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT Pernambuco) e foi vice prefeito de Olinda de 2001 a 2008, na gestão de Luciana Santos (PCdoB), além de secretário de Educação do município.
A briga
Valença afirma que o vizinho contratou um serviço de dedetização para áreas comuns do prédio sem combinar com os demais moradores. “Passou a colocar veneno no jardim e no local onde há o nosso poço artesiano, onde armazenamos água da Compesa, arriscando contaminar todo mundo. Eu fui abordar ele”, lembra Paulo.
Mas o vizinho não recebeu bem a reclamação. “Eu disse que ele deveria ter avisado antes, combinado com vizinhos. Mas ele disse ‘sai daqui seu petista ladrão, corrupto, Luladrão’ e jogou um vaso de plantas em mim”, diz o professor em conversa com o Brasil de Fato. Segundo seu relato, empurrou o vizinho para evitar outro ataque.
O vizinho teria pego um estilhaço de lajota no chão e partido novamente ao ataque. Paulo Valença afirma ter recuado, mas escorregou no chão molhado e caiu, bateu com a cabeça e desmaiou. Ainda tomou dois chutes nas costelas e teve o ataque interrompido pelo trabalhador da dedetização. Minutos depois teria sido socorrido pelo Samu e pela Polícia Militar.
Antiga amizade com o agressor
Paulo Valença afirma que o agressor é um “vizinho bolsonarista que odeia petista” e que ambos se conhecem há décadas, sendo “vizinhos de térreo” no prédio em que moram. “Só uma parede divide a cozinha dele da minha”, relata o professor. “Ele tem 66 e eu tenho 72. Somos dois velhos. Tinha necessidade disso?”, brinca Valença, ainda se recuperando do ataque.
O petista tem o apartamento há mais de 40 anos e conhece o vizinho há quase esse mesmo período. “A gente até faz aniversário no mesmo dia, nossos filhos cresceram juntos e fomos grandes amigos”, lembra Valença. “Mas ele virou bolsonarista e passou a me considerar ‘inimigo’. Eu não considero ele inimigo, até tentei resgatá-lo, mas ele é muito agressivo. E o ódio na nossa sociedade levou a essa situação”, avalia.
Valença conta que em 2019, quando chegava de uma festa e tentando não fazer barulho, o vizinho teria acordado irritado. “Ele abriu a janela e começou a me esculhambar, xingou minha namorada. Eu fiz uma queixa contra ele e isso foi parar na Vara de Paulista”, recorda.
Ele lembra ainda que há poucas semanas o vizinho agrediu a pauladas dois cães pelo motivo de estarem “cruzando” perto de seu apartamento. “Um policial o abordou, disse que era crime maltrato de animais e ele ainda bateu boca. Quando a patrulha chegou, ele se trancou no apartamento”, afirma Valença. O agressor foi ainda ontem para uma casa em Camaragibe, cidade da região metropolitana.
Edição: Vanessa Gonzaga