Na última segunda (16) os deputados federais Marília Arraes (SD) e André de Paula (PSD), respectivamente pré-candidatos ao Governo do Estado e ao Senado Federal, anunciaram publicamente uma aliança que confirma a saída do PSD da Frente Popular, grupo que De Paula integrou nos últimos 10 anos.
Na coordenação da campanha de Marília há uma expectativa de que nas próximas duas semanas o Avante de Sebastião Oliveira e o PP de Eduardo da Fonte ampliem a debandada de partidos da Frente Popular, grupo encabeçado pelo PSB e que tem como candidato Danilo Cabral.
O embarque dos novos aliados já tem até ordem e agendamento, buscando criar uma série de eventos positivos para a campanha de Marília nos próximos dias. “Na próxima semana o Avante deve anunciar o apoio a Marília e na outra semana o PP também deve anunciar”, disse um aliado próximo a Marília Arraes, pedindo para não ter seu nome mencionado. Por enquanto o palanque da ex-petista conta com PROS, Agir e agora o PSD de André de Paula, além do Solidariedade da própria Marília Arraes.
Durante seu pronunciamento na manhã desta segunda, De Paula agradeceu os apoios que recebeu dos deputados federais Eduardo da Fonte (PP) e Sebastião Oliveira (Avante) à sua postulação ao Senado, há duas semanas, quando anunciou que seria candidato ao Senado, independentemente de ser pela Frente Popular ou não.
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O PP tem a 3ª maior bancada na Câmara Federal, com 55 deputados, o que garante muito recurso para campanha, além de um bom tempo de propaganda eleitoral na TV e rádio. Já o Avante tem apenas seis.
No caso de Da Fonte (PP), ele e seu partido têm uma relação conflituosa com o PSB há alguns anos, com frequentes ameaças de ruptura por parte do PP, de modo que os socialistas externam a falta de confiança em Da Fonte. Além de sua reeleição, o presidente estadual do PP tenta viabilizar a candidatura de seu filho Lula da Fonte (PP) também para deputado federal.
Apesar de Da Fonte afirmar seu apoio à eleição de Lula (PT), em Brasília o deputado integra a base bolsonarista. Nos últimos meses o PP pernambucano filiou vários deputados e candidatos apoiadores de Bolsonaro visando as eleições deste ano. De modo que independentemente de o PP apoiar Marília (SD) ou se manter com Danilo Cabral (PSB), fato é que seus candidatos a deputados bolsonaristas devem fazer campanha para o candidato a governador Anderson Ferreira (PL) e para o Senado Gilson Machado (PSC), que são os nomes apoiados por Bolsonaro no estado.
Sobre o assunto, a pré-candidata ao governo disse que mantém diálogo com partidos que já estão no campo da oposição e partidos que ainda estão na Frente Popular. “Aguardem as cenas dos próximos capítulos”, brincou ela. Perguntada se existe a possibilidade de atrair os pré-candidatos Miguel Coelho (União Brasil) e Raquel Lyra (PSDB) para o seu palanque, ela sinalizou que tem feito conversas, mas não tem pressa. “Se for possível ter uma aliança no 1º turno, ótimo. Se não, que a gente conversa no 2º turno”, disse Arraes.
André de Paula (PSD) citou o ex-governador Eduardo Campos (PSB, falecido em 2014), afirmando que ele não gostava de dissidências e trabalhava para evitar divisões. É uma crítica ao momento que vive a Frente Popular de Pernambuco, hoje sob liderança do governador Paulo Câmara (PSB), que não tem conseguido conter saídas de partidos.
Apoio de prefeitos
No evento desta segunda havia muitos vereadores de municípios do interior. Antes de Marília chegar ao local, onde deve funcionar o escritório político da campanha nos próximos meses, estavam acontecendo reuniões nas salas. Algumas das lideranças presentes eram o prefeito de Paulista, Yves Ribeiro (MDB); o ex-vice-prefeito de Paulista, Jorge Carreiro (SD); o deputado estadual Wanderson Florêncio (SD), o pré-candidato a deputado estadual Júlio Lóssio Filho (SD) e o ex-presidente do Santa Cruz, hoje presidente municipal do PSD, José Neves.
Em fala direcionada aos prefeitos e vereadores dos municípios, Marília Arraes disse querer cada vez mais lideranças municipais em sua campanha e mencionou que as portas do seu gabinete em Brasília sempre estiveram abertas. “Estamos fazendo um esforço nesse sentido. Como deputada sempre recebi os prefeitos que quiseram dialogar”, disse ela.
André de Paula (PSD), que tem boa relação com um grande número de prefeitos, prometeu buscar seus aliados para somarem na campanha de Marília Arraes. “Vou fazer o trabalho de convencimento de que ela é a melhor alternativa para Pernambuco nos próximos quatro anos”, garantiu.
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Pesquisas recentes indicam que o candidato Danilo Cabral (PSB) – apesar de ter uma maioria de apoios formais de partidos, deputados e prefeitos – não conseguiu ainda chegar a 10% das intenções de voto. O BdF perguntou se Marília avalia que tal cenário é de momento ou se ela acredita que a Frente Popular de fato naufragou.
Ela respondeu lembrando de 1998, quando seu avô Miguel Arraes era governador disputando a reeleição. “Ele começou a campanha com 156 prefeitos e terminou com 12. Esse negócio de contar prefeitos e lideranças nem sempre dá certo. Queremos sim os apoios dos prefeitos, vice-prefeitos e lideranças, mas a conta nem sempre fecha. Nossa aliança principal é com o povo de Pernambuco”, disse Marília.
Críticas ao PSB
Como de costume, Marília Arraes não deixou passar as oportunidades de alfinetar seus adversários do PSB. “Tem um candidato a governador que está administrando problemas dentro de sua coligação – nem há mais solidez nessa coligação, com mais grupos disputando para ser senador na chapa. É um conjunto que perdeu o rumo na direção do estado”, bateu.
A disputa entre ela e o PSB pela popular imagem de Lula também foi mencionado. “Desde meu primeiro voto eu apoio Lula, enquanto outros estão usando a imagem dele apenas para reduzir a rejeição. A cada eleição o PSB complica a vida de Lula, negociando apoio através de chantagens, para manter o poder em Pernambuco. Eu jamais farei isso com Lula”, disparou. “Se Lula tivesse quatro palanques aqui em Pernambuco eu iria gostar, porque eu quero eleger ele presidente. Mas tem gente com objetivos menores”.
Ela também lembrou da campanha para a prefeitura do Recife em 2020, quando ela enfrentou João Campos (PSB) no 2º turno. Seu adversário espalhou cartazes na cidade com caricaturas de Lula e dela, associando ambos à corrupção, além de mentiras alegando a falta de religiosidade dela. “O tratamento entre os adversários políticos tem de ser mais respeitoso, independente das posições de cada um. Sabemos como é a campanha deles e estamos preparados para enfrentar isso. O povo vai julgar a baixaria. Nós vamos fazer uma campanha de alto nível e dialogando com o povo”, prometeu. “E mexam comigo, mexam conosco, mas não mexam com minhas filhas”, avisou a pré-candidata.
Edição: Vanessa Gonzaga