Na noite desta quinta-feira (19) faleceu Reginaldo Veloso, vítima de câncer na bexiga. O ex-pároco do Morro da Conceição perdeu a batina em 1989 após perseguição política de uma ala conservadora da Igreja Católica, mas a comunidade seguiu o reconhecendo como sacerdote do povo. Sua história é marcada pela simplicidade, sua criatividade e dom artístico e principalmente pelo seu compromisso com a melhoria da vida do povo.
Uma grande amiga sua, Helena Lopes, o descreve como “um pastor que não ia à frente da igreja, mas caminhava junto conosco”. O documentário “O Amor mais Profundo”, dirigido por Daniela Kyrillos, mostra um Reginaldo cuja vida materialmente humilde e politicamente rica. Mesmo quando coordenador de paróquia, não morava na casa paroquial, mas dividia uma residência com seminaristas. Ele também tem uma rica obra de composições musicais, que vão do Hino de Nossa Senhora da Conceição, passando por marchinhas de frevo e até reggae.
A diretora do filme escolhe abrir sua obra com uma fala de Reginaldo que define sua atuação social e religiosa. “O cântico do evangelho de Maria, que é um texto do Evangelho de São Lucas, fala que Deus derruba os poderosos de seus tronos e levanta os humilhados. Deus manda os ricos embora de mãos vazias e enche de bens os famintos”, diz ele. “A gente tem que sonhar com um mundo onde não existem opressores e oprimidos, ou que haja ricos esbanjando e pobres passando fome”, completa. Noutro momento do filme ele dispara: “Jesus de Nazaré criticou frontalmente as injustiças dos poderosos e sobretudo os religiosos e a religião alienada, hipócrita, que acobertava grandes injustiças”.
Família e infância
Reginaldo Veloso nasceu em 3 de agosto de 1937, num vilarejo chamado Piquete, hoje reconhecido como município e rebatizado de Ibatequara, na zona da mata de Alagoas. Viveu no local até os 4 anos, quando a família se mudou para Quebrangulo, onde o relevo montanhoso criava um clima “mais saudável” para sua mãe tuberculosa. No novo município viveu até os 13.
Sua mãe Sebastiana ficou órfã de pai e mãe muito cedo. E também viria a morrer cedo, em 1945, em decorrência da tuberculose. Ela casou-se com João Veloso, pernambucano, de família de agricultores, semianalfabeto, mas que se tornou comerciante, dono de uma padaria em Quebrangulo.
O primeiro filho do casal, Reginaldo, morreu com apenas 20 dias de nascido. O segundo filho foi também chamado de Reginaldo, mas por superstição, para não repetir o nome, chamaram-lhe José Reginaldo. O casal teve mais três filhos, todos homens. Após a morte de Sebastiana, João Veloso voltaria a casar, anos depois, dando a Reginaldo mais quatro irmãos, desta vez sendo duas mulheres.
Seu irmão Roberval conta que Reginaldo era uma criança que sempre se destacou pela inteligência e curiosidade, principalmente no estudo de línguas. “Desde novo ele já falava palavras e frases em inglês, italiano, francês e latim”, diz ele, em entrevista para o documentário. O pai alimentava a curiosidade e estimulava os filhos a estudarem, conseguindo que os quatro se formassem: um médico, um engenheiro e um advogado, além do padre. Certa vez, ainda criança, Reginaldo conheceu um engenho de cana, assistiu à feitura da rapadura e conseguiu, com latas, reproduzir o processo em casa.
Ele também levava os filhos aos comícios políticos da cidade. “Herdei isso do meu pai: o gosto pela política, tanto a partidária quando a política com ‘P’ maiúsculo, a da preocupação com o bem comum”.
A relação com a religião
A família paterna dos Veloso era bastante católica. A avó de Reginaldo até construiu uma capela no seu sítio em Pernambuco. Certa vez ela foi passar meses morando com o filho e netos, mas não poderia passar o mês de maio sem fazer as orações. Então organizou um santuário na casa do filho, convocou vizinhos e colocou o menino Reginaldo para fazer as orações. “Assim eu comecei a minha carreira de rezador, liturgo ou liturgista”, conta ele.
Com pouco mais de 10 anos de idade foi cursar o antigo “ginasial” (hoje Fundamental 2) num colégio católico em Palmeira dos Índios. Com pouco tempo um padre o chamou para ingressar no seminário. Foi o próprio Reginaldo que pediu ao pai para ingressar como seminarista. Em janeiro de 1951, aos 13 anos, mudava-se para o Recife, onde passou a estudar na Escola Apostólica da Várzea, liderada pelos padres da congregação Sagrado Coração de Jesus.
Liderado por padres holandeses, o seminário era muito pobre e não conseguia oferecer alimentação adequada para as 150 crianças – muitas das quais eram também pobres e tinham refeições ainda piores em casa. Reginaldo pesava menos de 30 quilos e era apelidado de “Palito”. Mas ele escondia do pai a condição em que vivia, porque queria continuar no seminário. Na adolescência gostava de jogar futebol e ler romances.
Ficou no seminário até 1954, quando foi enviado para Água Preta, na zona da mata, como noviço da Congregação Sagrado Coração de Jesus. Por lá ele ficou dois anos. Aos 19 anos fez os votos religiosos de pobreza, castidade e obediência – este último, sua vida mostraria, se trata da obediência aos ensinamentos de Cristo, não a obediência à hierarquia da Igreja. Mudou-se para Camaragibe, onde estudou filosofia por dois anos. Depois voltou ao seminário da Várzea, onde foi professor de geografia e inglês.
Assista: Documentário sobre padre Reginaldo Veloso tem pré-estreia nas plataformas digitais
Ouça: Revista Brasil de Fato Pernambuco conversa com o Padre Reginaldo sobre o Natal
No fim ainda de 1956 foi mandado pelos holandeses num transatlântico para a Itália, para cursar teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma. Em 1958 iniciou uma especialização na mesma instituição. Os holandeses da Várzea estavam preocupados em formar brasileiros para assumirem seus postos como professores do seminário. E Reginaldo tornou-se professor de História da Igreja. “Mas eu queria mesmo era ser professor de liturgia. Acho que gostei dos ensinamentos da minha avó”, lembra ele.
A Igreja de Roma e o mundo
No dia em que chegou a Roma, o papa Pio 12 faleceu. Era o fim de 20 anos de papado. Após três semanas sem acordo entre as lideranças católicas, foi escolhido João 23, já idoso, para o que se previa como um “período de transição” enquanto a Igreja definia seus rumos. De fato o escolhido só teve 4 anos e meio de papado, mas João 23 não estava disposto a ser um “mandato tampão”. Em 25 dezembro de 1961, “dois dias depois de eu ser ordenado presbítero, o papa convocou o Concílio Vaticano II” para o ano seguinte (1962). “Foi o maior evento transformador da Igreja Católica”, resumiu Reginaldo.
Em meio à Guerra Fria, a comunidade católica foi convocada para olhar para o mundo e repensar a Igreja. Os problemas do mundo e da Igreja estavam em Roma. E o padre Reginaldo também estava lá, assistindo de perto.
A Igreja não contestava as formas de poder. O teólogo Gilbraz Aragão resume que a partir do Vaticano II a Igreja “passou a se voltar para um pensamento de emancipação da sociedade” e fez um movimento de distanciamento dos poderes e redução das hierarquias na própria Igreja. O historiador Múcio Marinho conta que foi a partir daí que “o padre passou a rezar missas na língua local e de frente para as pessoas, sendo autorizados a utilizar roupas comuns no dia a dia” e os fiéis puderam criar grupos autônomos de estudos bíblicos. Foram mudanças estéticas e políticas no sentido de aproximar a Igreja da população.
O Brasil sob ditadura
Reginaldo Veloso retorna ao Brasil em 1966, dois anos após o golpe militar. Ele interpreta aquele movimento como “a reação do empresariado e dos militares foi às transformações culturais que estavam em efervescência nos anos 1960. O povo oprimido estava se libertando através da cultura popular, alfabetização popular, diversas práticas educativas para o povo a ter palavra, opinião, desejar mudanças”, avaliou Reginaldo.
Em Pernambuco, Veloso encontrou padres ortodoxos, conservadores, ligados às estruturas de poder, aos senhores de engenho, políticos e militares. “Em contraposição, havia um movimento de padres vindos do Concílio, oxigenados por pensamentos progressistas, voltados para os camponeses, as comunidades, de que os trabalhadores não deveriam somente obedecer, mas serem agendes de transformação”, diz Múcio Marinho.
Neste segundo grupo estava Dom Hélder Câmara, nomeado arcebispo de Olinda e Recife em 1964. “Era uma pessoa iluminada, que estava num processo de se reconhecer nas demandas populares, revolucionárias. E eu fui me entrosando com a Igreja de Dom Hélder”, lembra Reginaldo Veloso em entrevista à documentarista Daniela Kyrillos. O padre foi pároco na igreja da Macaxeira, ao lado do holandês Adriano Jansen – que já desenvolvia um trabalho à esquerda, junto à Juventude Operária Católica (JOC), atuante na Fábrica da Macaxeira.
Na década de 1970 a dupla de padres já tinha mais de 20 células, “grupos de evangelização”, atuando nas comunidades da zona norte do Recife, onde se debatia o evangelho, mas também os problemas locais das comunidades. A movimentação começou a ser acusada de “subversão” e “comunismo”. Pouco antes, em dezembro de 1968, o regime militar já havia decretado o Ato Institucional nº 5 (AI-5), para não restar dúvidas de que o Brasil estava sob ditadura. O AI-5 tornava crime a realização reuniões, exceto nas igrejas.
Como estavam sob a guarda da igreja, Reginaldo Veloso e Adriano Jansen seguiam sua atuação, protegidos por Dom Hélder Câmara. Mas os militares não deixaram barato. Financiados por grandes empresários locais, grupos paramilitares como o Comando de Caça aos Comunistas (CCC) intensificava sua atuação. E em 1969 investiram contra o braço direito de Dom Hélder, o Padre Henrique. Sequestrado na Praça do Parnamirim, teve seu corpo encontrado na Várzea, especificamente nas terras da família Brennand, com marca de torturas e execução.
O ambiente tenso seguiu por anos. Em 1973 a Regional Nordeste 2 da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicou o documento “Eu ouvi os clamores do povo”, em que fazia uma análise – utilizando dados de órgãos do próprio Governo Federal, como IBGE, Sudene, UFPE – mostrando a precariedade da vida do povo trabalhador rural e urbano no Nordeste e, claro, criticando a falta de atuação do Governo Federal e da Igreja Católica nessas questões.
A resposta não demorou e Brasília passou a perseguir de maneira mais explícita os religiosos ligados a Arquidiocese de Olinda e Recife. No dia 16 de junho de 1973 os militares fizeram uma incursão na sede da Ação Católica Operária (ACO) e depois na Paróquia da Macaxeira, onde encontraram o padre Reginaldo datilografando o jornalzinho que era distribuído nas comunidades. Reginaldo foi sequestrado, vendado e jogado na caçamba de um veraneio.
Deixaram-no só de cueca, preso numa jaula de 2 metros por 2, num ambiente em que haviam outros presos, alguns idosos e religiosos. Reginaldo ouvia gritos de tortura, mas não o submeteram a isso. Seu interrogador, com sotaque o Sul, manteve Veloso de olhos vendados. “Eu sabia que não podia entregar ninguém, mas também não estava acostumado a mentir”, diz ele. Mas mentiu para proteger seus amigos. Perto da meia-noite ele foi levado de volta à Macaxeira.
Ao longo daquele dia Dom Hélder e Dom José Lamartine rodaram em hospitais e no IML procurando Reginaldo. “Eles pressionaram muito as autoridades e acho que por isso os militares me soltaram no mesmo dia”, afirmou padre Reginaldo. No dia seguinte foi celebrada uma missa comemorativa na Macaxeira, para fortalecer a população e o trabalho feito nas comunidades, além do próprio Reginaldo.
A chegada no Morro
Em 1974, como coordenador pastoral da “grande Casa Amarela”, que ia da Guabiraba a Casa Forte, ele sugeriu dividir, porque estava difícil construir junto com públicos tão distintos. Propôs criar uma nova região encabeçada pelo Morro da Conceição e englobando a área mais periférica da zona norte, o que foi concretizado por Dom Hélder em 8 de dezembro de 1975, durante a Festa do Morro. Nasceu ali a Paróquia Nossa Senhora do Morro da Conceição. Reginaldo se tornaria administrador paroquial em 1978, passando a viver no bairro.
Moradora do Morro, a amiga Helena Lopes lembra que “ele nos mostrou um novo jeito de ser igreja, não a igreja teórica, com o sagrado distante. Mas um olhar prático, o Deus em atividade”. À frente da Paróquia do Morro, Reginaldo aprofundou sua atuação na zona norte, organizou associações comunitárias, liderou o movimento Terra de Ninguém, aproximou a Igreja Católica das religiões de matriz africana e das pessoas sem religião.
Mas desde Roma, os grupos conservadores católicos reagiam. Após João 23 e quinze anos de Paulo 6, o escolhido para papa foi João Paulo I, que prometera seguir o processo de transformação da igreja. Mas com apenas 33 dias de mandato, apareceu morto. “E aí em 1978 foi João Paulo II, um reacionário. Era a igreja se adequado à nova ordem econômica neoliberal”, diz Reginaldo Veloso. “Um retrocesso à uma igreja mais clerical, alienada, despolitizada, pouco interessada nos problemas da sociedade, fazendo oposição ao trabalho das pastorais sociais e comunidades eclesiais de base”, avalia.
A poesia e a 2ª prisão
Em 1980 o padre italiano Vito Miracapillo, que atuava no município de Ribeirão, na zona da mata sul de Pernambuco, se negou a celebrar uma missa comemorativa ao dia da Independência do Brasil. O religioso alegou que o Brasil ainda não era independente, haja vista as condições precárias em que vivia o povo da zona da mata. Os senhores de engenho se revoltaram e pediram a expulsão dele, o que foi votado e aprovado Assembleia Legislativa de Pernambuco, em movimento dos deputados estaduais ligados aos usineiros.
Padre Reginaldo Veloso reagiu com um poema intitulado “Supremo Coito Venal”, publicado no Diário de Pernambuco. Poucos dias depois a Polícia Federal intimou o padre, acusado de “crime contra a segurança nacional” por ter ofendido o Supremo Tribunal Federal. A Lei de Segurança Nacional, criada pelo regime militar, segue até hoje como instrumento para perseguir lideranças que se opõem ao governo.
Diante da Corte Militar, o padre Reginaldo manteve sua posição e acabou condenado em 1982 e levado preso ao Batalhão de Cavalaria, no bairro do Bongi. “Mas o povo começou a fazer peregrinação para lá, muita gente, todos os dias. Estava dando muito trabalho para os militares. Depois de 4 dias, num sábado, eles me soltaram dizendo que havia sido um engano (risos), mas é porque o domingo ia ser um horror de tanta gente”, contou Reginaldo às gargalhadas em entrevista com Daniela Kyrillos.
Democracia no Brasil, mas não na Igreja
Em julho de 1985 Dom Helder teve que renunciar à Arquidiocese de Olinda e Recife, por ter chegado aos 75 anos, idade limite para exercer aquela função. O novo arcebispo, Dom José Cardoso, natural de Caruaru mas que vivia havia 25 anos em Roma, foi enviado ao Recife “para desmontar, esvaziar tudo o que Dom Helder havia feito”, segundo avalia o padre Reginaldo. Com a redemocratização e o fim da perseguição governamental, os religiosos de esquerda passaram a ser perseguidos dentro da Igreja.
Na eleição para governador de Pernambuco em 1986, as lideranças progressistas da igreja católica definiram pelo apoio a Miguel Arraes. Mas o novo arcebispo, seguindo a linha da ala conservadora da Igreja, não só apoiou o latifundiário José Múcio, como deu as caras no guia eleitoral do barão da cana de açúcar. A Ação Católica Operária (ACO) escreveu um documento criticando o posicionamento do arcebispo e, a partir de então, a Paróquia do Morro passou a ser vista como “inimiga do arcebispo”.
Em 1988 a Arquidiocese fechou o Seminário Regional Nordeste 2 e o Instituto de Teologia, assim como expulsou padres engajados nas comunidades eclesiais de base e pastorais sociais. Após a expulsão do pároco de Boa Viagem e de um religioso que atuava com comunidades rurais, os fiéis sentiam que Reginaldo seria o próximo. Mas ele não baixou a guarda.
Em 1989, ano de eleição presidencial, os fiéis do Morro da Conceição abordavam a população questionando se trabalhador deveria votar em trabalhador ou em patrão. O grupo pintou uma espécie de outdoor na frente da Matriz do Morro, em plena Festa do Morro, que recebe milhares de fiéis de todo o estado. O arcebispo mandou retirar a provocação, que ele classificou como “propaganda de Lula”. Logo após a Festa do Morro, a arquidiocese expulsou Reginaldo Veloso da paróquia e suspendeu sua ordenação de padre. Ele perdeu a batina.
A comunidade reagiu à altura: fez uma passeata saindo de Casa Amarela até a casa do arcebispo, com 2 mil pessoas pedindo a expulsão do arcebispo, gritando palavras de ordem atacando o líder religioso. Foram até o Palácio dos Manguinhos, na avenida Rui Barbosa, mas encontraram portões fechados (assista ao protesto dando play no vídeo abaixo). No Morro da Conceição, todos os dias surgia uma nova pichação ou faixa em defesa do padre Reginaldo e atacando Dom José Cardoso.
Mesmo sem batina, Reginaldo decidiu seguir seu trabalho. “Daqui não arredo o pé. Continuo a seguir as palavras do Evangelho. Jesus disse que o bom pastor dá a vida pelas ovelhas. Quero continuar na caminhada do povo do Morro, com quem venho há 11 anos”. Os próprios fiéis se auto-organizaram para rezar suas missas, assumiram o controle da igreja e esconderam a chave. A Arquidiocese foi ao Morro várias vezes com a Polícia Militar, batendo nas portas e ameaçando fiéis, sem sucesso. Isso durou quase um ano.
No último desses embates, em outubro de 1990, a comunidade realizou uma ciranda, com cânticos provocativos, afirmando que não entregariam a chave da Igreja. Até que surgem balões de gás hélio com a chave amarrada, e soltam os balões para o céu. A polícia acabou por arrombar a Igreja e processou o padre Reginaldo Veloso, além dos fiéis Helena Lopes e Josenildo Sinésio.
A vida continua
Sem batina, Reginaldo Veloso se permitiu viver outras formas de amor. Casou-se com Edileuza, que foi catequista na Igreja do Alto José Bonifácio, onde ele visitava como coordenador regional. Casam-se em 1994 e tiveram seu único filho, João José, em 1995.
Veloso seguiu atuando como militante de base, promovendo rodas de conversa e sempre interessado no diálogo com os jovens. “Meu papel prioritário é de evangelizador e formador, educador popular na linha de Paulo Freire”, disse o próprio Reginaldo, que teve atuação destacada no Movimento dos Trabalhadores Cristãos (MTC).
Ao ser premiado com o “Troféu Louvemos o Senhor 2018”, dado por uma rede de TV católica de São Paulo e destinado a artistas católicos. O bem-humorado Reginaldo Veloso brincou. “Quase caio para trás. É um milagre a teologia da libertação receber um prêmio dado pelo movimento de renovação carismática (risos)”. E completou. “Eu venho das comunidades eclesiais de base e acredito que a vontade do Pai pode ser feita na Terra como no Céu. E podemos chegar a um mundo que seja a Terra Prometida, onde não vai faltar pão para ninguém”.
Fã de Luiz Gonzaga, dos grandes artistas da MPB, de marchinhas de frevo e da seresta, Reginaldo Veloso foi também poeta e um grande compositor de hinos católicos, se aventurando noutros ritmos, como o reggae, sempre empenhado no uso da arte para o diálogo com o povo, no qual seguiu cultivando a fé até seus últimos dias.
Edição: Rani de Mendonça