As comidas típicas fazem parte da tradição das festas juninas. São doces, salgados e bebidas que estão relacionadas à cultura do campo e do interior do Nordeste. Um cardápio que faz sucesso na festa e também o ano inteiro. Entre os pratos mais conhecidos estão a pamonha, a canjica, o cuscuz, o arroz doce, pé de moleque, bolo de milho e de macaxeira.
Mas cada cidade nordestina tem uma especialidade que é destaque no São João. E, segundo a professora de gastronomia da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Mônica Panetta, os hábitos culinários típicos do São João são heranças culturais.
“Acontece muito, por conta da cultura, por conta da lembrança, as receitas são passadas oralmente, geralmente, de geração para geração. E de uma maneira afetuosa, então mesmo que você cresça e crie outros hábitos e tenha outras práticas alimentares, aquela lembrança afetiva daquela comida você vai ter. Então, você volta no São João pra ter aquelas lembranças de pertencimento daquele grupo e fortalecer as suas tradições. É muito comum o uso desses ingredientes que vem da agricultura familiar, geralmente comprado nas feirinhas, reunir toda a família para preparar o seu alimento”, afirmou a professora de gastronomia.
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Geração de Renda
Para a aposentada Maria de Lourdes, da cidade de Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco, essa tradição culinária tem ajudado a aumentar a renda da sua família. Todo ano, na festa de São João, ela prepara as comidas típicas para vender na vizinhança.
“A tradição de comida típica já vem da família, da minha avó, das minhas tias, da minha mãe, e hoje eu faço junto com meus filhos. Vou agregando a família e faço por amor. Aí faço o bolo de macaxeira, o bolo de pé de moleque, o bolo de massa puba, o bolo de milho, pamonha, canjica, milho cozido. Faço desde pequena e hoje, há mais ou menos quatro anos, faço para aumentar a renda familiar”, disse Maria.
Cada estado tem sua própria tradição
Mas não só das comidas típicas à base de milho e mandioca se baseia o cardápio junino no Nordeste. No Rio Grande do Norte, a paçoca de carne de sol é um dos pratos mais pedidos durante o ano todo e principalmente durante a festividade.
Na Bahia, a bebida também é parte essencial nas festividades. Além do quentão, os licores estão entre os produtos mais procurados nesse período. O grupo “Aroma da Caatinga” que fica em Massaroca, na Bahia, trabalha com a produção de doces e licores através de frutas da caatinga, como o umbú e o tamarindo. A procura pelos licores é tanta que nos últimos dois meses foram mais de 500 garrafas vendidas
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“A gente trabalha com os licores o ano todo, mas quando chega essa época junina, que começa a entrar o mês de maio, o nosso licor é mais vendido, bem saído, o povo já começa a encomendar a partir de maio e a produção começa a aumentar. E até junho é uma boa venda, a gente vende bastante mesmo, é onde a gente vende mais licor, é nessa época”, conta a produtora Marineide Arcanjo.
Já no Maranhão, o vatapá e o mingau de milho, mais conhecido como munguzá, são essenciais nas festas juninas. Em todo o Nordeste, o milho e seus derivados predominam na culinária junina e na mesa dos nordestinos durante todo ano.
Edição: Elen Carvalho