Para quem está em situação de vulnerabilidade, a solidariedade pode ser a única opção para não passar fome. Segundo levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança. Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), o número de brasileiros em insegurança alimentar é maior que a metade da população do País, 125 milhões de pessoas não sabem o que vão comer amanhã.
No Recife, devido às chuvas do fim de maio, mais de 6 mil pessoas ficaram desabrigadas e precisando de ajuda. Para auxiliar os atingidos, a Campanha Mãos Solidárias tem contribuído com atividades que vão além das doações. A iniciativa reúne diferentes movimentos populares, em especial o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Uma das atividades da campanha foi a criação das cozinhas populares solidárias que recebem, preparam e distribuem alimentos para quem precisa. Napoleão de Assunção é coordenador do projeto e fala da necessidade das atividades.
“As cozinhas, de acordo com o caminhar do projeto Mãos, que engloba os agentes populares de saúde, educadores populares, as hortas solidárias, elas vêm há cerca de um ano, e a gente começou também a entender que tinham muitas comunidades que estavam precisando ter esse espaço de coletividade dentro de cada comunidade. Além do alimento por si próprio, essa foi uma maneira também que a campanha Mãos solidárias encontrou para que eles começassem a se organizar dentro de cada território”, destaca o coordenador
Atualmente, são 11 cozinhas populares solidárias atuando na Região Metropolitana do Recife, das quais 4 delas nasceram nas comunidades mais atingidas pela tempestade. Na primeira semana após as chuvas, foram entregues mais de 21 mil refeições com a colaboração de voluntários que são parte essencial da solidariedade. Deborah Albuquerque é uma das mãos que auxiliam na produção e no transporte que entrega as marmitas.
"Acontecem essas grandes tragédias ou realmente é a questão estrutural que a gente está. Com falta de políticas públicas, falta de estrutura social, porque assim, acontecer desabamento, acontecer essas coisas, são fenômenos naturais, são, mas existe aquela coisa que o Estado deveria suprir e não supre. Então, assim, se não fossem as pessoas, se não fossem campanhas, como por exemplo essa das Mãos Solidárias. É o povo que ajuda o povo. Então, se não fossem essas pessoas, o negócio seria muito mais complicado”, analisa a voluntária.
Outra voluntária é Joseleide Silva, que é responsável pela cozinha popular solidária do Ibura, no Recife, que começou a cozinhar para ajudar os vizinhos, durante a madrugada em que aconteceram os primeiros deslizamentos, e depois se juntou à cozinha da campanha que foi implementada no seu bairro.
"Eu comecei quando eu vi aquele desespero do pessoal, comecei logo tirando água da casa das pessoas de 4h da manhã, eu disse: “vou ver o que posso fazer mais”, comecei a botar logo uma panela no fogo para fazer comida praquelas pessoas tudinho. Aí quando a gente teve a ideia de se sentar com o pessoal da comunidade e que eles cederam um espaço pra nós onde a gente arrumou uma estrutura e começou a montar e fazer as marmitas pra, assim, chegar aqueles que estão precisando nesse momento.
Na Cozinha Popular Solidária do Ibura são produzidas cerca 1.800 marmitas por dia. Desde o início da pandemia, a Campanha Mãos Solidárias realizou a doação de 690 mil marmitas e 890 mil toneladas de alimento. Para ser um voluntário e doador da campanha, acesse a rede social @maos.solidarias.pe ou entre em contato pelo telefone é (81)9 9855-3121.
Edição: Elen Carvalho