Desde 2015, após a epidemia do Zika vírus no Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com o Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs) vem desenvolvendo Feiras de Soluções para a Saúde, com o objetivo de promover a vida saudável e ações que possam garantir um melhor enfrentamento às enfermidades. Neste ano, a feira chegou a sua 5ª edição com o tema “Agricultura Familiar e sua Relação com a Promoção de Territórios Saudáveis, Sustentáveis e Solidários”.
O evento aconteceu no mês de junho, durante a primeira Feira Nordestina de Agricultura Familiar e Economia Solidária, realizada no Rio Grande do Norte, com o objetivo de estimular o diálogo e debater soluções em saúde para a melhoria das condições de vida das populações do campo, das florestas e das águas. Além disso, contou com discussões sobre plantas medicinais e fitoterápicas na perspectiva da produção agroecológica.
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“Nós fizemos essa 5° feira junto com a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura), e o eixo que nos conectou foram os quintais produtivos. E o que produzem esses quintais produtivos? Alimentação de qualidade, alimentação saudável. A alimentação saudável ao chegar no consumidor, produz também condições de enfrentamento de um dos principais males da saúde pública na atualidade que é a fome. A fome é uma questão de insegurança alimentar e, portanto, ela diz respeito à segurança nutricional, que diz respeito à saúde das pessoas”, aponta o coordenador da Fiocruz, Wagner Martins.
Os quintais produtivos são uma das soluções apresentadas na feira, que, além de combaterem a desertificação do semiárido, produzem plantas medicinais que auxiliam na saúde coletiva da população do campo. “Nós temos uma política nacional de plantas medicinais e fitoterápicos e que a produção da agricultura familiar pode potencializar muito o uso dessas plantas. Portanto, nós tivemos exposição de plantas medicinais, tivemos o debate sobre como as plantas medicinais poderiam ser aproveitadas como um processo de produção que gerasse também renda para a população produtora e que gerasse uma qualidade de matéria prima para o Sistema Único de Saúde”, destaca Wagner Martins.
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Iniciativas
Durante a feira, foi realizada uma mostra virtual das soluções para a saúde discutidas no evento. Uma delas foi a “Bodega Solidária”, um projeto desenvolvido pelo serviço de assistência rural e urbano de Natal, no Rio Grande do Norte, que combate à fome através da solidariedade, levando alimentos às famílias em situação de vulnerabilidade social. Outra solução apresentada foi a “Horta Orgânica com Economia de Água” desenvolvida pelo Centro de Educação Popular e Formação Social, desde 2012, nos municípios paraibanos de Cacimbas, Teixeira e Matureia. Eles têm como foco a captação e uso de água das chuvas para o desenvolvimento da agricultura familiar com plantas medicinais e promoção de uma alimentação saudável.
A partir da experiência nas feiras e do conhecimento compartilhado com profissionais da área da saúde, as famílias conseguem introduzir a prática da produção agroecológica saudável nas suas rotinas. Isso possibilita uma melhoria na renda e na saúde das comunidades. “Se nós tivermos essa produção de plantas medicinais disseminadas nos diversos municípios, nas diversas comunidades, e com o fluxo de produção adequado, controlado, sem o uso de agrotóxicos, com um devido controle de qualidade para o manejo dessas plantas e no beneficiamento delas também para que elas cheguem nas farmácias vivas do SUS ou mesmo nas empresas que vai produzir os fitoterápicos, essa produção ela vai ser ampliada”, aponta o coordenador da Fiocruz.
Saiba mais
Essas e outras práticas discutidas pelas Feiras de Soluções para a Saúde, que incentivam a vida saudável no campo e na cidade, estão disponíveis para conhecimento no site.
Edição: Elen Carvalho