Iniciativa da Campanha Mãos Solidárias, em parceria com o Brasil de Fato Pernambuco e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o Curso de Agentes Populares de Comunicação chegou ao Sertão do Pajeú.
O primeiro módulo da formação, que traz técnicas de produção da notícia e leitura crítica da mídia, foi realizado entre os dias 8 e 9 de julho, no Espaço Bemvirá, do Grupo Mulher Maravilha, localizado na cidade de Afogados da Ingazeira. A turma sertaneja é a segunda experiência do curso e a expectativa é de que outras turmas sejam formadas no estado até o fim do ano.
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Desde o início da pandemia, a campanha Mãos Solidárias vem realizando diversas ações no estado, principalmente na Região Metropolitana do Recife (RMR), e foi diante da necessidade de garantir os registros e dar evidência às narrativas populares que a pauta da Comunicação Popular começou a ser debatida em oficinas com orientações básicas de comunicação. A primeira turma foi realizada ainda no segundo semestre de 2021, com comunidades da RMR que fazem parte da campanha.
Apesar de ter uma programação base, o curso se adapta aos perfis das comunidades participantes, tentando aproximar cada vez mais a pauta da comunicação das realidades locais. No Sertão do Pajeú, a maior parte da turma é composta por mulheres e as temáticas nos exercícios práticos foram a Agroecologia e o acesso às políticas públicas de apoio às iniciativas das mulheres trabalhadoras. A turma fez uma visita à feira agroecológica e ao mercado público da cidade, onde colheu depoimentos para a produção de um jornal mural.
A estudante Giowana Moura, de 15 anos, participou da formação e se vê como uma pessoa "muito comunicativa”, o que segundo ela fez com que se sentisse bastante acolhida pelo curso. "Uma das coisas que mais achei importante no curso foi ter visto tantas pessoas com formas de vida completamente diferentes, mas que sofrem com os problemas do cotidiano igual a mim”. Para ela, que mora no distrito de Jabitacá e se deslocou até Afogados para a formação, a comunicação é uma tarefa que pode ser desempenhada por “todas e todos”.
Já para educadora popular da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Rosana Bevenuto, o curso vem para contribuir na sua atuação. “Eu acredito que existe esse caminho entre a educação e a comunicação popular é quando a gente constrói as informações dentro da base, com as comunidades e com os grupos acompanhados, a gente consegue inserir as pessoas nesse processo de contar a sua própria história, como o curso já diz. E aí quando as pessoas detém dessa informação da sua realidade e do seu contexto local, elas conseguem se enxergar dentro de algo maior, fora da comunidade”. A expectativa de Rosana é aprender mais técnicas e dicas práticas para a produção de conteúdos de comunicação.
Em uma versão mais compacta do curso, o segundo módulo deve acontecer entre os dias 29 e 31 de julho e abordar as diversas linguagens da comunicação como a fotografia, o audiovisual e o design gráfico, sempre por meio de perspectivas populares. A turma realizada em Afogados da Ingazeira é fruto também de uma parceria com o Movimento Camponês Popular e a CPT. A formação será certificada pela UFPE.
Edição: Vanessa Gonzaga