Após seguidos adiamentos desde o mês de maio, o ex-presidente Lula chega a Pernambuco nesta quarta-feira (20). Nesta passagem o petista vai visitar uma réplica da casa onde viveu seus primeiros anos e participa de atos públicos em Garanhuns, Serra Talhada e Recife, cruzando o estado do Sertão ao litoral, contemplando também a região Agreste. A Frente Popular, coalizão que o PT integra no estado, deve anunciar Luciana Santos (PCdoB) para a vice de Danilo Cabral (PSB), numa chapa que tem Teresa Leitão (PT) para o Senado.
Agenda
O presidenciável deve começar a quarta-feira (20) em Garanhuns – na verdade em Caetés, município que hoje é autônomo, mas que décadas atrás era distrito de Garanhuns. Lula deve visitar uma réplica da casa em que nasceu, na zona rural. A casa foi construída com apoio de petistas e conduzida pelo diretório estadual do partido, acompanhada de perto por Heraldo, primo de Lula e que segue vivendo na região, e pelo deputado estadual Doriel Barros (PT), dirigente do PT no estado. A visita, no entanto, não está na agenda divulgada por Lula, o que sinaliza que não será aberta ao público.
Na agenda divulgada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) o dia começa em Garanhuns, a partir das 9h, numa casa de eventos chamada “Arena 177” (que por motivos óbvios está sendo chamada de “Arena 13”), que fica na PE-177, próximo ao supermercado Assaí. O ato público deve ter início às 11h e se estender até o horário do almoço. No fim da tarde o ex-presidente chega a Serra Talhada, onde participa de novo ato público, às 17h, na antiga Estação Ferroviária. Lula deve aproveitar a viagem para fazer imagens para utilizar na campanha, que tem início oficialmente em agosto.
No dia seguinte, quinta-feira (21), Lula estará no Recife. A agenda seria de um ato público no Pátio do Carmo mesmo local em houve o ato “Lula Livre” na semana em que o petista saiu da prisão, em 2019. Contudo, a agenda foi alterada e agora o ato acontece a partir das 17h no Classic Hall, localizado na Av. Gov. Agamenon Magalhães, S/N. Para ter acesso ao evento, é necessário se credenciar no site do Lula.
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Não há detalhamento sobre o que fará ao longo do dia. Na última visita à capital pernambucana, em 2021, o petista tirou dois turnos para se reunir com lideranças políticas locais no hotel em que ficou hospedado. Nesta mesma quinta-feira (21) o PT fará o registro oficial da candidatura de Lula, em evento no estado de São Paulo.
Em 2002, quando Lula venceu pela primeira vez a disputa pela Presidência da República, os pernambucanos deram 46,5% dos votos para o petista no 1º turno e 57% no 2º turno. Na disputa pela reeleição, em 2006, Lula teve 71% dos votos em Pernambuco. O segundo colocado, com 23%, foi Geraldo Alckmin (então no PSDB, hoje no PSB), atual vice na chapa de Lula. O ex-tucano estará com o petista durante a visita ao estado.
Múltiplos palanques no estado
Em sua terra natal, as pesquisas apontam que Lula é o candidato escolhido de cerca de 65% dos pernambucanos (Bolsonaro tem cerca de 20%). E há analistas que apontam a disputa pelo nome de Lula como elemento decisivo na eleição para o Governo do Estado. Entre brigas e retomada de relações, o PT e o PSB firmaram aliança para o pleito deste ano. A Frente Popular tem o deputado federal Danilo Cabral (PSB) na cabeça de chapa, Luciana Santos (PCdoB) na vice e a deputada estadual Teresa Leitão (PT) concorrendo ao Senado.
Mas apesar do apoio majoritário entre prefeitos e deputados estaduais e federais, o candidato socialista ainda não engrenou. Seus melhores resultados nas pesquisas de intenção de voto giram em torno dos 10%, em 4º ou 5º lugar na corrida. A chapa está apostando suas fichas na associação à imagem de Lula para fazer as candidaturas conquistarem apoio popular. Danilo não deve desgrudar de Lula durante a passagem do petista no Recife.
A líder das pesquisas é a deputada federal Marília Arraes (Solidaridade), que após seis anos no PT deixou o partido para enfrentar seus dois ex-partidos: PT e PSB. Marília conseguiu atrair algumas lideranças petistas e parte do eleitorado do PT. Sua campanha também tem a imagem de Lula como elemento fundamental. Nacionalmente o Solidariedade está com Lula. Quem também está com o petista é o PSOL do pré-candidato ao governo João Arnaldo, que aparece nas pesquisas com 2% das intenções de voto.
Mesmo no campo da direita, a pré-candidata Raquel Lyra (PSDB) evita criticar Lula. E Miguel Coelho (União Brasil) vai além, elogiando o petista sempre que pode – detalhe é que Coelho é filho do senador Fernando Bezerra Coelho, que foi líder do governo Bolsonaro no Senado de 2019 até o início de 2022. O único que critica abertamente Lula é Anderson Ferreira (PL), candidato do bolsonarismo no estado.
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Edição: Vanessa Gonzaga