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Exposição “Encruzilhada” exibe obras africanas e afro-brasileiras no MAM da Bahia

Reunindo diversos artistas visuais, são mais de 150 obras modernas e contemporâneas e mais de 250 obras tradicionais

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Exposição Encruzilhada - Geraldo Moniz de Aragão

Quando se fala em encruzilhada, imediatamente surge na cabeça de muita gente a imagem de Exu, a divindade presente nas religiões de matrizes africanas que auxilia seus devotos na tomada de decisões para a vida. Mas, na verdade, a encruzilhada é um lugar de pausa, um momento parado no tempo, que leva à mudança de um estágio a outro ou, simplesmente, de uma situação a outra.

Quando oferendas são postas nas encruzilhadas, é um pedido de inspiração para um novo caminho a Exu. Nessa Encruzilhada, exposta no Museu de Arte Moderna da Bahia, os caminhos se encontram. Obras africanas e afro-brasileiras, que significam a convergência de uma cultura de povos de países diferentes.

A Exposição Encruzilhada propõe um diálogo entre o acervo moderno e contemporâneo do MAM e a coleção de arte africana Claudio Masella. Segundo Daniel Rangel, curador do museu, a exposição reúne diversos artistas visuais cujo foco criativo é pensado a partir das culturas afrodiaspóricas. “Encruzilhada transmite a ideia de ser uma passagem, de ser um início, de ser um novo recomeço. Então, é uma exposição fundamental para a Bahia, para o Brasil, para o Nordeste, pois é a maior exposição já realizada aqui na Bahia, por exemplo, sobre a arte afro-brasileira”, explica.

Ele também reforçou a importância de destacar a cultura africana: “Isso traz um panorama não só atual, mas um panorama histórico da produção afro-brasileira no país. Então, acho que a Encruzilhada tem a importância de fazer esse resgate e ao mesmo tempo mostrar a influência inerente da cultura africana dentro da produção baiana, sobretudo, mas também nordestina e brasileira”.

A exposição é composta com produções de 100 artistas. São mais de 150 obras modernas e contemporâneas e mais de 250 obras tradicionais africanas. Telas, esculturas e performances artísticas estão presentes na exposição. Goya Lopes, artista visual da Bahia, reforça: “A exposição traz vários debates, o do criador novo com o velho, o antigo, traz pessoas que são já renomadas como pessoas que estão iniciando. Tem a necessidade de, não só criar, mas de criar a sua ancestralidade ou o que é tocado pela cultura afro-brasileira”.

A Coleção Claudio Masella de arte africana é formada por objetos que representam etnias de países da África, como máscaras, estatuetas, instrumentos e utensílios confeccionados em materiais que variam entre terracota, madeira, metal e marfim. Inúmeras peças significativas que resguardam a cultura africana. Entre os caminhos que se cruzam, existe a convergência do conhecimento.

Alberto Pitta, também artista visual da Bahia chama a atenção de que a exposição “tem uma gama de artistas e de linguagens que convergem”. “Então, o MAM, quando ele traz uma exposição, uma proposta como essa, ele quer que a cidade se encontre e discuta”, sugere.

Desde o início da exposição, em abril deste ano (2022), o Museu de Arte Moderna da Bahia já recebeu mais de 50 mil visitantes curiosos em conhecer os caminhos da Encruzilhada. A exposição continua aberta, até 14 de agosto, de terça a domingo, das 13 às 18 horas, no Museu de Arte Moderna da Bahia, às margens da Baía de Todos os Santos.

 

 

 

 

 

 

Edição: Vanessa Gonzaga