Pernambuco

HOMENAGEM

Padre Reginaldo Veloso recebe título de cidadão de Pernambuco in memoriam pela ALEPE

Sessão solene de entrega da honraria acontece nesta terça (09) a partir das 18h

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Ao longo da vida, Padre Reginaldo se destacou pela sua atuação política junto às comunidades eclesiais de base - Josiane Holz

Será realizada nesta terça (09), às 18h, a sessão da Assembleia Legislativa de Pernambuco (ALEPE) para homenagear o padre Reginaldo Veloso com o título de cidadão de Pernambuco, in memoriam.

O religioso, que faleceu em maio, nasceu em Alagoas e viveu a maior parte dos seus 84 anos em nosso Estado, onde construiu uma história de militância sempre ao lado dos pobres e oprimidos, especialmente no Morro da Conceição, no Recife.  

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A Proposta de Resolução para a concessão do título é de autoria do deputado João Paulo (PT). "Seu exemplo seguirá adiante para os moradores do morro, a classe trabalhadora, crianças e adolescentes, pessoas com deficiência, povos originários e todas as gentes comprometidas com a justiça social, a democracia e uma igreja alinhada aos mais pobres", observa o deputado.


Sempre provocador, Reginaldo Veloso deixa para a Igreja um legado de humildade e dedicação ao povo / Reprodução/O Amor Mais Profundo

A entrega do título será marcada por uma programação bem ao gosto de Reginaldo que, além de poeta e compositor, adorava as manifestações culturais de Pernambuco.  Por isso, haverá uma recepção do lado de fora da Assembleia com apresentação de maracatu, passistas de frevo, animadores culturais, banda marcial e grupos Culturais. Para o auditório Sergio Guerra, a programação prevê uma apresentação circense, com a Escola Pernambucana de Circo.

Quem foi Padre Reginaldo?

Reginaldo chegou ao Recife aos 13 anos e só saiu da capital no período em que morou em Roma, onde foi ordenado padre. Adepto da Teologia da Libertação, defendia uma igreja nas mãos do povo, em luta contra a opressão e a fome. Presbítero da Arquidiocese de Olinda e Recife, ele foi um dos divulgadores do documento "Eu Ouvi os Clamores do Meu Povo", de 1973, durante a Ditadura Militar. O documento reivindicava trabalho para a multidão de desempregados da época e o atendimento de necessidades básicas, como moradia, transporte e outros direitos.

Por atuar de maneira firme contra a ditadura, ele foi levado para interrogatório por agentes do Dops. "Queriam saber quem eram os autores do documento. E eu respondia com os nomes da extrema-direita", conta o padre no documentário 'Reginaldo Veloso: O Amor Mais Profundo', que narra sua vida sacerdotal e de militância social e política.

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O religioso foi pároco por 10 anos da Paróquia de Santa Maria, na Macaxeira, e, por 11 anos, da igreja de Nossa Senhora da Conceição, no Morro. Foi afastado depois da renúncia de Dom Helder, de quem era muito ligado, quando padres progressistas foram expulsos. Na época, moradores do Morro esconderam a chave da igreja em protesto com seu afastamento. Reginaldo continuou na luta como presbítero das Comunidades de Base.

"Tenho certeza de que gostaria de oficializar essa condição de pernambucano, pois aqui construiu sua jornada junto ao povo, como sacerdote e como militante político que enfrentou a ditadura por lutar por justiça social, sempre fidelíssimo às palavras de Cristo e aos propósitos da Teologia da Libertação, que teve no arcebispo Dom Helder Câmara, seu grande amigo, um dos principais expoentes no mundo", afirma João Paulo.

 

Edição: Vanessa Gonzaga