Com o propósito de unir arte e educação, há 60 anos surgia em Caruaru o que seria considerado um dos maiores formadores artísticos no estado, o Teatro Experimental de Arte (TEA). O TEA foi fundado em 16 de julho de 1962, pela pedagoga e atriz Arary Marrocos, pelo contador, ator e autor teatral Argemiro Pascoal, e outros artistas do teatro de amadores.
No mesmo ano, acontecia na cidade o “Festival Universitário de Teatro”, promovido pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e que, segundo Arary Marrocos, fundadora do TEA, despertou o interesse na formação do grupo. Ela relembra realizar o festival foi um aprendizado, porque o grupo foi descobrindo os desafios durante o processo formação, de maneira intuitiva.
Leia: Agenda Cultural BdF RS - 10 a 17 de agosto
“O curso tinha aula de técnica vocal, de figurino, de interpretação, de história de teatro. Todas as ferramentas necessárias para se montar um espetáculo. Então, criamos o TEA, um grupo de 8 a 10 [pessoas], para dar continuidade a essas oficinas e dar outro rumo para formação”, complementou Arany.
Além do objetivo de trazer para o Agreste Pernambucano a renovação artística, a trajetória do TEA está ligada à história das artes cênicas em Pernambuco. O grupo é o criador do Festival de Teatro Amador e Estudantil do Agreste (FETEAG), promovido desde 1981, e do Festival de Teatro do Estudante de Pernambuco (FESTEP), que acontece desde 2002.
Leia: No Recife, ONG Cores do Amanhã usa a arte para mudar a realidade de crianças da periferia
Ao longo de sua trajetória, o TEA montou 50 peças, entre clássicos internacionais e nordestinos. Ostenta, ainda, desde 2008, o reconhecimento de patrimônio vivo de Pernambuco.
As atividades seguiram ininterruptas, de 1962 até 2020, quando devido à pandemia, tiveram que parar as atividades. Em 2022, para celebrar os 60 anos, o teatro apresentou a peça O auto da compadecida, de Ariano Suassuna, no centro da cidade.
Leia: Grupo de bailarinos master do Guaíra apresenta espetáculo com audiodescrição e Libras
Do teatro para a vida
Para os alunos, o TEA vai além de ensinar teatro, podendo ser considerado uma escola para a vida. O ex-aluno e agora professor de artes cênicas da Universidade de Brasília (UnB), Jackson Silva, hoje, dissemina no seu trabalho o que aprendeu nas salas do TEA.
“Eu me considero o sonho encarnado de 1962 quando o TEA, Arary e Argemiro Pascoal, criaram essa instituição. Se o desejo deles era capacitar pessoas, jovens carentes, completamente desigual, completamente esfacelada politicamente e eticamente, eu sou uma dessas pessoas que o TEA sonhou e hoje consegue de fato ter uma mudança completamente na vida e continuar o legado, ser um agente social da transformação da nossa sociedade através da cultura e através da educação, através da educação artística”, conta Jackson.
Pedro Henrique Gonçalves, que é ex-aluno e professor do TEA em PE, também reconhece o trabalho do grupo. “Eu digo que tudo que eu sou hoje, tudo que eu tenho, que eu construí, parte do que o teatro me proporcionou. A visão de mundo, a visão de sociedade, e entendimento enquanto pessoa que trouxe para minha vida”, afirma Pedro Henrique.
Leia: Movimenta Barreiro: coletivo cultural de BH que promove cultura e arte nas periferias
Edição: Vanessa Gonzaga