Estudantes, profissionais da educação, sindicatos e diversos movimentos sociais foram às ruas do Recife, na tarde desta terça-feira (11/08), em defesa da democracia e por eleições livres. A manifestação representa o início de um calendário nacional de lutas contra o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL) que deve se intensificar no período eleitoral. Ainda durante a manhã, aconteceu na Faculdade de Direito do Recife (FDR) a leitura da "Carta às Brasileiras e Brasileiro em Defesa do Estado Democrático de Direito", que já conta com mais de 800 mil assinaturas.
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No Recife, o ato começou por volta das 15h na Rua da Aurora, localizada no Centro da capital pernambucana e aconteceu em uma data simbólica, o Dia do Estudante e aniversário de 85 anos da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Para a estudante pernambucana e diretora de Cultura UNE, Isa Sena, a educação tem sido uma das mais afetados pelos desmontes orçamentários e de políticas públicas do atual Governo Federal e por isso é tão simbólico que o calendário de mobilizações comece puxado pelo movimento estudantil.
"Antes do governo Bolsonaro a gente já teve a Emenda Constitucional 95, de congelamento de investimentos, e ao longo do governo Bolsonaro a gente viu isso se aprofundando com mais cortes orçamentários e recentemente tivemos um corte de 7,2,%. Bolsonaro diz que bloqueou, mas na verdade ele cortou e isso está afetando o funcionamento de diversas universidades federais do país", explica a diretora.
Durante a mobilização, diversas representações estudantis para além da UNE, a exemplo de representações de centros e diretórios acadêmicos e também a União Brasileira dos Estudantes (UBES) reafirmaram a importância do papel da juventude para as lutas sociais em períodos históricos decisivos.
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Atos paralelos
Apesar do forte apelo da data e do caráter unitário de mobilização contra o chefe de Estado, o ato foi dividido em duas versões ainda na concentração. Enquanto, alguma organizações encampavam um coro de "Fora Paulo Câmara" para além do "Fora Bolsonaro", fazendo referência ao governador de Pernambuco, outras tentavam manter as reivindicações do ato em âmbito nacional.
Com a divergência, a manifestação acabou se dividindo e as alas seguiram percursos diferentes. Apesar disso, ambos os atos ocorreram evidenciando a pauta central da defesa da democracia em período eleitoral e contra os ataques ao sistema eleitoral, feitos pelo presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, principalmente botando em cheque a veracidade dos resultados eleitorais advindos por meio das urnas eletrônicas, sistema utilizado no país desde 1995.
Agenda de mobilizações
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Paulo Rocha, explica que a manifestação faz parte da agenda nacional puxada pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que reúnem organizações e movimentos populares de todo país.
"Nós precisamos recompor os nossos direitos que foram perdidos com o Golpe de 2016. Retomar o emprego, a distribuição de renda e sair dessa situação de fome. Essas mudanças só vão acontecer se a gente tiver respeito às liberdades, respeito à legislação e à democracia", conta.
Outras mobilizações estão previstas para o dia 13 de agosto, no ato "Mulheres Juntas pelo Brasil", com concentração no Parque 13 de maio, zona central da capital pernambucana; no dia 16, a abertura da fase de campanha do calendário eleitoral também será marcada por mobilizações, além do tradicional Grito dos Excluídos, no 7 de setembro, o Dia da Independência.
Edição: Vanessa Gonzaga