Desde 1970, vaqueiros do Norte e Nordeste do país se reúnem no terceiro domingo de julho para celebrar em Serrita, no interior pernambucano, a fé do homem sertanejo. Essa tradição iniciou quando o Padre João Câncio, pároco da época, decidiu celebrar uma missa para um vaqueiro que tinha sido enterrado sem reconhecimento.
O vaqueiro era Raimundo Jacó, primo do cantor Luiz Gonzaga, que transformou “a morte do vaqueiro” numa música que reflete a partida dos heróis do sertão. Foi o Rei do Baião que, junto com o Padre João Câncio e o poeta Pedro Bandeira, iniciou o que hoje é considerado a maior celebração vaqueira de todo o país, a Missa do Vaqueiro.
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Helena Câncio é presidenta da Fundação Padre João Câncio, que realiza o evento. Segundo ela, a missa do vaqueiro é lugar de encontro do povo sertanejo com a fé. “São 52 anos celebrando essa cultura linda que é do vaqueiro e a Missa do Vaqueiro é contextualizada além da representação através da pega de boi, do pastoreiro do gado, temos o aboiador, o forró pé de serra, o artesanato, e a missa que é a maior expressão de fé do sertão”, destaca Helena.
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A Missa, que começou pequena, hoje recebe mais de 80 mil vaqueiros por edição. A Missa do Vaqueiro tem três dias de celebração, entre shows musicais, artesanatos e pega de boi. No domingo, último dia de festa, os cavaleiros rompem o caminho que leva em direção ao Pátio João Câncio onde são recebidos na tradicional missa realizada para pedir bênçãos para os meses de estiagem que estão por vir.
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Para pedir proteção, os vaqueiros sobem montados ao altar ofertando símbolos do seu trabalho diário num ato que reforça a fé e a cultura do homem sertanejo. Para Helena Câncio, o evento é, também, um ato de agradecimento. No altar da Missa, o padre deixa a mensagem: Deus também é pai do sertão.
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Edição: Elen Carvalho