Discutir agroecologia e políticas públicas para agricultores e agricultoras é fundamental para a convivência com o Semiárido. Pensando nisso, nesta sexta-feira (19), o Sertão do Pajeú foi palco de um encontro que proporcionou cultura, troca de saberes, sabores e construção política. Foi o primeiro Festival Semiárido Vivo, que aconteceu no município de Triunfo (PE), no Pátio de eventos Maestro Madureira.
O tema que guiou o encontro e os debates foi "Agroecologia e Democracia: Agricultura Familiar Camponesa é Saúde do Povo e Comida na Mesa", elemento central para discutir pautas políticas.
Para a realização do evento, diversas organizações centradas na convivência com o semiárido e na agroecologia se uniram: a Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA) em Pernambuco, Rede Ater Nordeste de Agroecologia, Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e da Rede Pajeú de Agroecologia, com apoio da Cáritas Alemã e da Prefeitura Municipal de Triunfo.
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Durante a tarde, aconteceu a Feira de Saberes e Sabores, onde alimentos agroecológicos e artesanato dos territórios do Agreste e dos sertões do Araripe e Pajeú estiveram disponíveis. Juliana Peixoto, da equipe do Centro Sabiá, afirma que o festival é um espaço de expressão do potencial da agricultura familiar, que produz alimento saudável e sem veneno. "Para além de um espaço de geração de renda, é um espaço de comunicação das famílias do campo com as famílias da cidade", afirma.
Juliana reforça que tudo na feira é feito a várias mãos e fruto de uma relação justa e sustentável. Primeiro, os agricultores produzem para alimentar a família; o excedente, levam para o espaço. "Aqui você sabe da onde é que vem e como é produzido. O evento traz alimento de verdade para o abastecimento da cidade".
Intercâmbio de saberes e sabores
Uma das expositoras, Jacinta Gomes, que também coordena um dos projetos da ADESSU Baixa Verde, é do município de Triunfo e teve a oportunidade de divulgar os projetos da associação e de comercializar diversos produtos. "Trouxemos cactos, coroas de frade, camisetas ligadas ao meio ambiente, agendas", cita. Segundo ela, o festival movimenta a cidade. "É de uma importância ímpar, é um momento de intercambiar".
Já Elaine Lima se deslocou do município de Belo Jardim, de uma comunidade quilombola, para levar doces e cachaças artesanais. "Isso reforça a nossa permanência nos territórios. É um momento de comercializar e de ter trocas de experiências. A gente discute sobre tudo, principalmente sobre saúde, vida longa e uma alimentação diferenciada", enfatiza.
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Além da feira, o evento teve uma larga programação, que contou com poesia, vídeos com campanhas educativas, apresentação de cartas-compromisso com pontos de atenção que envolvem a vida no campo aos candidatos à eleição deste ano e atrações musicais, como o grupo musical As Fulô e o show-encerramento de Maciel Melo.
Riva Almeida, assessora técnica do Centro Sabiá, pontua que o momento é uma oportunidade para fortalecer e potencializar os processos que já estão sendo tocados por diversas organizações sociais, em conjunto com agricultores familiares e comunidades. "O festival fortalece a visibilidade da produção, expressando o que estão produzindo de alimentação saudável, da utilização de tecnologias sociais de convivência com o semiárido e da evidência da importância do papel das mulheres nesse processo", explica.
Ela finaliza reforçando o potencial mobilizador do evento. "É a afirmação da nossa defesa da democracia, de que a gente precisa de um país sem fome e mais justo".
Edição: Vanessa Gonzaga