O Semiárido é berço de inúmeras riquezas. Além da fauna e flora exclusivas da Caatinga, a região também produz e perpetua sabedoria popular por gerações. É através deste conhecimento, muitas vezes desenvolvido a partir de uma relação íntima com a natureza, que as famílias agricultoras mantêm a vida na região por séculos e séculos.
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Com o objetivo de formar potenciais multiplicadores e multiplicadoras de conhecimentos e práticas inovadoras em seus territórios, a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), em parceria com a plataforma Semiáridos da América Latina, tem desenvolvido programas de formação em agricultura resiliente ao clima.
Júlia Rosas, coordenadora pedagógica do Daki Semiárido Vivo e explica como ele funciona: “é um projeto que busca contribuir no enfrentamento às mudanças climáticas a partir de alguns processos de sistematização de experiências em agricultura resiliente ao clima, processos de intercâmbios entre técnicos e técnicas, agricultores e agricultoras, comunidades tradicionais, povos indígenas, quilombolas, mulheres jovens, pessoas negras e os povos dos semiáridos”.
O projeto atua em três regiões Semiáridas da América Latina: Semiárido brasileiro, Gran Chaco argentino e Corredor Seco de El Salvador que inclui o El Salvador, Nicarágua, Guatemala e Honduras.
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Uma das experiências disseminadas país afora é a prática das comunidades de fundo de pasto. Luiz Andrade é agricultor e faz parte da Associação Comunitária de Fundo de Pasto Bom Jardim, em Canudos, na Bahia. Como multiplicador de conhecimentos, ele participou da primeira formação em agricultura resiliente ao clima. “Tudo isso é uma herança dos meus antepassados, é a nossa fonte de sobrevivência, a partir disso que as famílias começaram a dizer assim: vamos fortalecer nossa luta, nossa organização, nosso trabalho em mutirão e vamos, para defendermos melhor o nosso território, vamos nos organizar em uma associação”, reforça Luiz.
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Maria Elza é guardiã de sementes em Triunfo, na Paraíba, e afirma que a relação construída com experiências de outros lugares do mundo vem ajudar e contribuir para o que é feito na região em que ela vive. “Como exemplo, as pequenas criações na mata, na nossa Caatinga. Fomos vendo como outras famílias fazem, como outras pessoas têm trabalhado isso e percebemos que é possível sim trabalhar a criação animal convivendo com a realidade da Caatinga, tudo no mesmo espaço: mata e animais”, relembra Maria Elza.
A partir da troca de saberes, são construídos caminhos para que os participantes possam replicar e adaptar inovações tecnológicas, metodológicas e organizativas nos seus diferentes contextos a partir da convivência com os semiáridos, da agroecologia e da agricultura resiliente ao clima. Você pode saber mais sopbre o projeto acessando o site do DAKI - Semiárido Vivo.
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Edição: Vanessa Gonzaga