Durante a pandemia do coronavírus, as crises econômicas e sanitárias que já assolavam as populações vulneráveis do país ganharam força. O crescimento da fome disparou e, diante à inatividade do estado, muitas pessoas passaram a contar com a solidariedade para sobreviver.
Há muito tempo, movimentos sociais têm criado iniciativas a fim de minimizar a situação de quem passa fome. Em Fortaleza, na capital do Ceará, o Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD) tem contribuído a partir das cozinhas populares que distribuem refeições e ajudam a mobilizar a população para pensar sobre organização social e política como estratégia para vencer a fome.
Leia: Projeto "Eu Amo Vida" completa dez anos organizando ações de solidariedade para famílias
Bruna Raquel é coordenadora da cozinha popular do MTD, que nasceu em 2021 em Fortaleza. Segundo ela, a cozinha tem um papel fundamental na vida das famílias vulneráveis. “Temos pouco acesso aos bancos de alimentos. Quando fazemos esse balaio, essa engenharia social que é a cozinha, fazemos também para a sobrevivência, para alimentar a sobrevivência entre nós mesmo”, explica.
Leia: Após incêndio, 63 famílias lutam para reerguer assentamento da reforma agrária em Macaé (RJ)
Desde o início das atividades, a cozinha popular do MTD, bairro Bela Vista, em Fortaleza, já doou mais de 5 mil refeições. “Costumamos chamar de solidariedade ativa que envolve as moradoras do bairro, apoiadores do movimento que moram ao redor que se envolvem também trazendo e doando tudo que tem, porque doa um pedaço do seu domingo, doa um pouco do seu saber e fazemos desse espaço também um espaço de troca”, reforça Bruna.
Coletividade
Todo esse trabalho solidário é feito por meio de muitas mãos. São mãos de quem contribui com doações, mãos de quem recebe e aquelas que dedicam parte do seu dia transformando as doações em refeições dentro da cozinha.
Eliane de Oliveira é cozinheira voluntária da cozinha popular. Todo domingo é certo: sair cedo de casa e ir ao caminho da solidariedade. “Já faz um ano eu ajudo com as marmitas. Tenho muito prazer em ajudar e dar comida a quem tem fome e muitas pessoas de onde eu moro, na Bela Vista, vem pegar comida aqui e se sentem muito bem, gostam muito da comida”, conta.
Leia: Agosto Dourado: Mês dedicado ao aleitamento lembra importância de doações e bancos de leite
Para Vilguemberg Silva, também voluntário da cozinha popular, todo mundo é capaz de praticar a solidariedade. “Tem como você fazer algo pela sua comunidade, pode-se juntar umas pessoas que estejam dispostas, todo mundo tem como fazer algo para melhorar seu local, seu bairro ou sua rua”, defende.
Como ajudar
Para contribuir com as ações do Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos, você pode se apresentar no espaço da cozinha que fica localizada na Rua Espírito Santo, no bairro Bela Vista, em Fortaleza e auxiliar nos preparos das refeições. Ou se preferir, doe por pix. A chave é: [email protected]
Leia: Cozinhas populares: um exercício de luta por direitos e organização popular
Edição: Vanessa Gonzaga