Entre janeiro e junho de 2022, foram realizados 654 transplantes de órgãos e tecidos em Pernambuco. Ainda que represente um crescimento de 6,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, muitos transplantes deixam de ser realizados no estado. Segundo dados os da Central de Transplantes de Pernambuco, a principal causa para que a doação de órgãos não aconteça é a não autorização das famílias, que representa 41% dos motivos da não realização dos transplantes.
Lucas Stterphann, enfermeiro da Equipe Pernambucana de Retirada de Órgãos Abdominais para Transplante, comenta sobre as principais razões que levam muitas famílias a optarem por essa decisão: "Entre eles, o corpo íntegro, o desejo da família em ter o corpo íntegro. A negativa pelo paciente ser contrário à doação de órgãos em vida e ele ter falado isso para a família. E o terceiro, porém não menos importante, é desconhecer a vontade do paciente em vida".
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Como acontece?
O diagnóstico e a confirmação da morte encefálica são norteados por critérios rígidos estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Quando um paciente é identificado com morte encefálica em uma unidade hospitalar, condição que possibilita a doação do coração, rins, pâncreas, fígado e córneas, as Organizações de Procura de Órgãos (OPO) e as Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTTs) entram em ação para conversar com os familiares e dar informações sobre o processo de doação.
"A entrevista familiar para doação de órgãos deve ser feita por um profissional capacitado. Porque a família, naturalmente, vai trazer todas dúvidas que ela tiver sobre o processo nesse momento. Então, a presença de um profissional que traga informações claras, precisas e objetivas sobre a doação de órgãos é decisiva para o desfecho dessa entrevista", complementa Lucas.
Salvando vidas
Por meio da doação, uma pessoa pode beneficiar até oito vidas. "Aqui em Pernambuco, a gente faz captação de coração, fígado, rins, pâncreas e córnea. Em outros estados fazem pulmão e outros tecidos, também. Então, são muitas vidas que a gente consegue salvar quando uma pessoa aceita doar os órgãos dos seus familiares", explica Janaína Carvalho, enfermeira da Organização de Procura de Órgãos (OPO) de Petrolina. Atualmente, 2.587 pacientes aguardam por um órgão ou tecido em Pernambuco. A maior fila é por rim, com 1.453 pessoas na fila de espera.
Edição: Vanessa Gonzaga