Para conversar sobre organização popular e eleições, entrevistamos com a militante da Marcha Mundial das Mulheres e do Movimento Brasil Popular, Nanda Rêgo, que faz parte da construção dos Comitês Populares no estado de Pernambuco. Os comitês são iniciativas realizadas por diversos movimentos populares que visam mobilizar a população para a defesa da democracia, participação popular e pela construção de um projeto de país que tenha como prioridade as demandas da população.
Brasil de Fato Pernambuco: Nanda, qual a importância dos comitês nesse processo eleitoral que é tão decisivo para o Brasil?
Nanda Rêgo: Os Comitês Populares de Luta surgem no primeiro momento como um mutirão de emissão de títulos de eleitor especificamente nas periferias, nos bairros dos subúrbios, para trazer essa consciência da importância do voto, principalmente nesse ano que é muito decisivo e o nosso governo atual vem fazendo tantos desmontes na sociedade. Então, surgem os comitês a partir desse momento do mutirão de votos e depois constrói vários outros comitês.
Alguns comitês têm temáticas, como por exemplo os de terreiro, como o de Mãe Jane na Tabajara (Olinda). Tem comitês com temáticas LGBTQIA+, tem comitês das mulheres como o de Brasília Teimosa. Comitê de capoeira também, como o da Escola Thâmara e Perna Pesada. Todos esses comitês vêm para somar na luta pela conscientização do voto e contra o fascismo que se instalou na nossa sociedade, no nosso país. Contra o fascismo, contra o desmonte na educação, contra o desmonte e a precarização do SUS, contra a fome, principalmente. E vários outros problemas que estão se agravando.
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BdF PE: Como se constrói um comitê na prática?
Nanda Rêgo: Um comitê é muito fácil de se formar. Bastam três ou duas pessoas ou ele pode ser até online e o que acontece é que nessa junção de pessoas, de três, quatro, dez pessoas... O importante é que esse comitê não fique só naquele bairro especificamente, mas que aquelas pessoas construam comitês também em outras bases e estamos acompanhando quantos comitês estão sendo abertos em Pernambuco não só nos bairros, mas também no centro da cidade e no interior.
Para abrir um comitê, você precisa estar nivelado nas ações dos comitês, que é quando nós vamos para a rua colar cartazes em lugares públicos, distribuímos panfletos, falamos sobre a fome, sobre a alta dos preços dos alimentos que vem deixando vários brasileiros em situação de fome e de miséria mesmo. Enfim, são várias ações com o povo mostrando que perdemos durante esses quatro anos, o descaso com a pandemia e tudo isso dialogamos com o povo. É o povo cuidando do povo que faz essas mobilizações nas ruas, mas que não se pode deixar só centralizado nos comitês, temos que abrir vários e vários outros para que essa luta seja grande e faça diferença nas urnas.
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BdF PE: Os comitês vão perdurar após as eleições?
Nanda Rêgo: Sim, a ideia é que permaneça após as eleições para que não deixemos que o fascismo se instale novamente. Vimos que quando baixamos a guarda existe uma extrema-direita conservadora que vem querendo prestigiar a população mais rica e deixando realmente a desigualdade tão acentuada. A ideia é que os comitês perdurem por muitos bons anos e se transformem em uma coisa muito mais potente do que tem sido feito.
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BdF PE: Quem quer ter mais informações sobre e ver o que está acontecendo, como pode fazer?
Nanda Rêgo: Temos canais nas redes sociais. No Instagram, é @comitespopularespernambuco e no Facebook é Comitês de Luta de Pernambuco. Tem também, que o nacional que é @comitepopularoficial e lá tem todos os comitês de todo o Brasil. Então, você que está vendo de outra cidade já busca lá qual é o comitê mais próximo da sua cidade, do seu bairro. E se não tiver nenhum, abre um que já está na hora.
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Edição: Vanessa Gonzaga