Para comemorar os 100 anos de Paulo Freire, homenageá-lo e reafirmar o seu legado, acontece, neste domingo (18), um ato político e cultural com os shows de Chico César, Lia de Itamaracá, Silvério Pessoa e Y Somos Todas (Costa Rica). O evento é gratuito e será realizado na Praia do Pina a partir das 14h.
A Celebração do Centenário de Paulo Freire deveria ter acontecido em 2020, mas foi adiada por causa da pandemia de covid-19. Ela é convocada pela Internacional da Educação para América Latina (IEAL), pela Rede Latino-Americana de Estudos sobre o Trabalho Docente (RED ESTRADO), pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e organizações parceiras.
Por que celebrar Paulo Freire?
Patrono da Educação Brasileira, Paulo Freire (1921-1997) nasceu em Recife (PE) e se formou em direito, mas encaminhou sua formação para o magistério. Um dos grandes méritos do educador foi a alfabetização de mais de 300 pessoas em cerca de um mês, no ano de 1963, em Angicos (RN). No período em que foi diretor do Programa Nacional de Alfabetização do governo João Goulart, seu objetivo era alfabetizar dezesseis milhões de adultos em quatro anos, o que foi interrompido pela eclosão do golpe militar de 1964.
Antes do exílio, Freire passou 70 dias na prisão. Em 1968, no Chile, escreveu seu livro mais conhecido, Pedagogia do Oprimido. Com a anistia, em 1979, voltou ao Brasil, integrando-se à vida universitária. Foi nomeado doutor honoris causa de 28 universidades em vários países e teve obras traduzidas em mais de 20 idiomas. É o mais célebre educador brasileiro, com atuação e reconhecimento internacional, sendo um dos pensadores mais citados do mundo em universidades da área de humanas.
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Para a professora Fátima Silva, secretária geral do CNTE e vice-presidenta da IEAL, homenagear Paulo Freire no seu centenário significa “relembrar todo o seu legado, a sua obra, o seu ensinamento e a sua práxis pedagógica, que deixou para nós, no Brasil, uma educação libertária, emancipadora, como direito de todos e de todas, ofertada pelo Estado. Freire, quando trabalha o direito à alfabetização, ele parte da realidade concreta das pessoas para dizer que elas têm direitos”.
Os ensinamentos deixados por Freire são muito atuais e necessários, de acordo com a professora: “principalmente quando o atual Governo tentou de diversas maneiras apagar a memória de Paulo Freire. Eles fizeram um serviço ao contrário. Então, celebrar Freire é dizer que o seu legado se faz presente e nós o fortalecemos conjugando o verbo da esperança. Na conjuntura atual, o que está estabelecido de política de Estado nada nos serve enquanto povo. Essa onda neoconservadora que está estabelecida não baseada na ciência e nos fatos tem que passar. E ela vai passar”.
Esse contexto atual demanda luta permanente das educadoras e educadores, como destaca Fátima Silva, que finaliza afirmando: “Só o processo eleitoral não modifica a situação colocada. Essa modificação vai depender da nossa disposição, no sentido que, derrotando essa linha de pensamento nas urnas no próximo dia dois de outubro, nós também possamos fazer um processo permanente de reconstrução tanto das políticas públicas, mas também do pensamento do povo brasileiro" aponta.
“Essa nação é grande e não pode continuar sendo dividida entre o bem e o mal. O Estado deve ter políticas públicas para todas as pessoas e não pode ser a política do ódio, do fanatismo, do segregacionismo e que nega a ciência” diz a professora.
Programação aberta
Além dos shows no domingo (18), também acontecem debates, encontros, exposições, ato político e apresentações culturais entre os dias 17 e 20 de setembro na capital pernambucana.
Na segunda-feira (19), será realizada a Plenária Mundial da Educação, a partir das 9h, na Concha Acústica Paulo Freire da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com debates sobre o legado do educador na Educação Mundial na perspectiva da África, Europa e América Latina, e a importância dele na Educação Brasileira. A atividade é aberta ao público e conta também com a apresentação do Afoxé Oyá Alaxé e do cantor Hilton Acioli.
A celebração em defesa do legado do educador vai receber pessoas da América Latina, Europa, África e de todo o país. Para conferir a programação completa acesse o site do evento.
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Edição: Vanessa Gonzaga