Pernambuco

IMUNIZAÇÃO

Pernambuco discute se ampliará a vacinação da 4° dose contra covid para público jovem

Para especialista, prioridade é cobertura vacinal das crianças, que foram as últimas aptas a vacinação

Brasil de Fato | Recife (PE) |
De acordo com infectologista, vacinar as crianças é proteger todas as faixas etárias. - Geoavana Albuquerque/Agência Saúde-DF

Desde o início da vacinação contra covid-19 no Brasil, em janeiro de 2021, já foram aplicadas mais de 500 milhões de doses na população brasileira, de acordo com o Ministério da Saúde. Destas aplicações, 179,6 milhões são primeira dose, 161,1 milhões são segunda dose e 4,9 milhões são dose única.

Os dados mais atualizados do ministério apontam também que o total de pessoas infectadas pelo novo coronavírus durante a pandemia já soma mais de 34 milhões. Desse total, 33.875.877 pessoas se recuperaram da Covid-19, o que corresponde a cerca de 97% dos infectados. Apesar da letalidade de 2%, esse percentual corresponde a mais de 680 mil vidas perdidas, sendo muitas dessas mortes evitáveis se, entre outros fatores, a vacinação tivesse começado mais cedo. 

O avanço da vacinação resultou em diminuição das mortes e também do número de novas infecções. No entanto, a pandemia de covid continua a ter o status de emergência global, de acordo com porta-voz da Organização Mundial de Saúde (OMS), que afirma que o fim pode estar perto, se os países usarem as ferramentas que têm à disposição. 

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Cenário em Pernambuco

Até a última atualização da Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE), o estado totaliza 22.304 mortes e 1.059.253 casos confirmados da doença, sendo 59.849 graves e 999.404 leves. Nesta segunda (03), foram 475 casos confirmados, dos quais quatro são de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag), o que equivale a 0,8% do total. 

Dos públicos eletivos para a vacina, as crianças de 3 a 11 anos vacinadas somam apenas 33,30%, o que preocupa especialistas. De acordo com Filipe Prohaska, chefe da triagem de doenças infecciosas do Hospital Universitário Oswaldo Cruz da Universidade de Pernambuco (Huoc-UPE), no momento, “a grande questão é vacinar as crianças. Quando você vacina as crianças, você diminui a propagação para todas as idades, já que elas têm um contato muito mais íntimo com as pessoas, além de usarem menos máscara também”. 

O médico destaca ainda que não só contra a covid é importante vacinar as crianças no contexto atual, mas também contra outras doenças infecto-contagiosas. “Se toma mais de 25 vacinas nos primeiros anos de vida para proteger de uma série de doenças. Temos que correr para que seja possível vacinar o máximo de crianças o mais rápido possível. Lembrando também que a poliomielite é uma doença que vem tentando ser erradicada, mesmo com as doses sendo abaixo dos cinco anos de idade, ainda tivemos uma vacinação de um pouco mais de 50% do público”, pontua Filipe.

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Sem imunização das crianças, doenças já erradicadas podem voltar e combate ao coronavírus encontra barreira. / Arquivo/Prefeitura do Rio

4° dose para público mais amplo

Alguns estados brasileiros já estão vacinando a população acima de 18 anos com a 4° dose há meses, a exemplo da Bahia e do Ceará. Contudo, desde junho deste ano, apenas pessoas acima de 40 anos podem receber o segundo reforço da vacina em Pernambuco. Até o momento, 1.248.608 pessoas tomaram a 4° dose no estado, número que corresponde a 12,91% da população geral e 41,3% do público elegível.  

“A 4° dose está restrita apenas para um grupo específico de pacientes. Ela não foi liberada para a população em geral num primeiro momento. A própria OMS acredita que três doses têm sido suficientes para adquirir imunidade de forma permanente. Atualmente há uma grande discussão sobre a necessidade dos boosters [reforço da imunidade] e quem teria esse perfil de realizar esse booster”, observa o infectologista. 

Questionada sobre a demora na ampliação do público elegível para a 4° dose no estado, a Secretaria de Saúde enviou uma nota na qual explica que a “decisão foi pactuada com os municípios pernambucanos na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) após aprovação do Comitê Técnico Estadual para Acompanhamento da Vacinação”. 

A nota informa ainda que “a diminuição da faixa etária para segunda dose de reforço (4ª dose) contra a Covid-19 vem sendo amplamente discutida pelos especialistas da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI), do Ministério da Saúde, e também pelo Comitê Técnico Estadual para Acompanhamento da Vacinação. No entanto, até o momento, ainda não há justificativa técnica para embasar a medida [de não ampliar para mais públicos]”.


Ainda não está definido se a vacina contra covid entrará no esquema de vacinação regular da população brasileira / Tony Winston/Agência Brasília

Até o dia 3 de outubro, foram aplicadas 22.027.788 doses de vacina no estado, e 80,13% da população está imunizada contra a covid. Atualmente, a positividade para covid-19 está menor que 1% em Pernambuco. 

Ainda não está definido se a vacina contra covid entrará no esquema de vacinação regular da população brasileira. Filipe Prohaska acredita que ela irá. “Provavelmente ela vai entrar como uma vacina do calendário para os pacientes mais jovens. Tem muito trabalho com relação a isso. Há uma possibilidade de que ela seja incorporada nas vacinas que já existem, como um quarto ou quinto agente dentro de uma mesma vacina”, pontua. 

Apesar da baixa taxa de contaminação, alguns cuidados ainda precisam ser tomados, principalmente seguir vacinando a população. “O grande caminho agora é a vacinação em massa. Não tem uma proposta que seja diferente dessa, porque todas as medidas de retomada já foram tomadas. Então, para impedir uma situação como a vivida, o grande passo é a vacinação em massa, quanto mais jovem possível”, conclui o infectologista.

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Edição: Vanessa Gonzaga