Pernambuco

ELEIÇÕES 2022

PSB, PT e PSOL oficializam apoio à Marília Arraes para Governo do Estado em Pernambuco

Agora, Marília, que já foi tanto do PT quanto do PSB, acumula apoio de boa parte das forças progressistas do estado

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Anúncio do PT aconteceu na tarde desta sexta (07) em coletiva de imprensa com a presença da candidata Marília Arraes - Lucila Bezerra/Brasil de Fato PE

Nessa sexta (07), o Partido Socialista Brasileiro (PSB), o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) tornaram público o apoio à candidatura ao Governo do Estado de Marília Arraes, do Solidariedade. A candidata chegou ao segundo turno das eleições para o Governo de Pernambuco com 23,97% dos votos e enfrenta a tucana Raquel Lyra (PSDB), que teve 20,58% dos votos. 

A decisão do PT foi anunciada em coletiva de imprensa na tarde desta sexta (07). Doriel Barros, presidente do PT em Pernambuco, disse, se referindo ao diretório estadual, que "temos o entendimento que o melhor para o Brasil e o melhor para Pernambuco é a candidatura de Marília para governadora". O presidente estadual do PT também ressaltou que o apoio é uma articulação do candidato à presidência Luís Inácio Lula da Silva.

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Em seu discurso, Marília Arraes ressaltou a força e a necessidade da unidade das forças progressistas em Pernambuco e no Brasil. "Nós vemos o avanço do fascismo, nós vemos o avanço do bolsonarismo. Então, ou a gente se une, une Pernambuco, une quem está em defesa do nosso país e do nosso estado, ou então a nossa situação pode vir a ficar cada vez pior. Então, eu queria agradecer a esta nova configuração que nós estamos dando à eleição do segundo turno que, pela reconfiguração das forças, nós estamos vivendo uma nova eleição" afirma.

Marília, também disse que não tinha mágoas sobre o posicionamento do partido em apoio a Danilo no primeiro turno, bem como ter rejeitado seu pleito por esta candidatura ao governo, o que a fez migrar para o Solidariedade. “A gente está aqui para olhar para frente, o momento que o Brasil vive vai muito além de qualquer divergência que tenha havido no âmbito interno. Inclusive, divergências estratégicas ou de tática que tivemos sempre foram muito menores do que as convergências que nós temos no aspecto macro" ressaltou a candidata.


Oficialmente o PT apoiou Danilo Cabral (PSB), mas Marília desde o primeiro turno tem vinculado sua imagem à Lula / Ricardo Stuckert

Também sobre o cenário nacional, Doriel Barros afirma que "diante da situação que o país está passando, é fundamental restabelecer o processo da democracia, restabelecer as condições do nosso país, do nosso povo a viver com dignidade. Então, a eleição do Lula para nós, foi e é prioridade, e, para isso, nós precisamos aqui em Pernambuco avançar cada vez mais na busca do convencimento do eleitor pernambucano", ressalta. 

Quando perguntado se o PT Pernambuco faria alguma autocrítica sobre a posição de apoiar Danilo Cabral (PSB) ao governo do estado, compondo a Frente Popular, o senador petista Humberto Costa informou que o partido ainda não fez esta avaliação, mas que pessoalmente ele não se arrepende. “Nós, aqui em Pernambuco, assumimos a posição que era a posição de Pernambuco, mas que foi tomada também em função da necessidade nacional, na qual temos um grande acordo político. Eu posso falar por mim, eu não tenho nenhuma autocrítica a fazer. Se eu tivesse que agir da mesma maneira 10 vezes, 10 vezes eu agiria, porque eu sempre coloquei o partido acima de qualquer outra coisa”, declarou.

PSB e PSOL oficializam apoio em nota 

Após duas gestões a frente do Governo do Estado, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) foi derrotado no primeiro turno com seu candidato, Danilo Cabral (PSB) tendo apenas 18,06% dos votos. Em nota, na manhã desta sexta, o PSB lançou nota afirmando que "defendemos e indicamos, no segundo turno das eleições para o Governo do Estado, a candidatura que for apoiada pelo presidente Lula e que simbolize esses valores". A nota também faz um balanço da gestão do partido no estado, mas não menciona nominalmente a candidata Marília Arraes. 

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O PSOL também se posicionou através de nota nas redes sociais e declarou que a principal tarefa do partido no momento é eleger Lula e que "convoca toda sua militância, seus diretórios municipais e movimentos sociais aliados para mobilizar toda sua força até o dia 30 de outubro". Em relação ao Governo do Estado, a nota afirma que "o Diretório Estadual do PSOL deliberou ainda, nesta quinta-feira à noite, pelo apoio crítico a candidatura de Marília Arraes e apresentará pontos para incorporar ao programa de governo, entendendo a centralidade da disputa nacional que se reflete na eleição estadual, cuja candidata apoia e recebe o apoio de Lula".

 


Coletiva contou com a participação de dirigentes do PT e candidatos ao legislativo eleitos no primeiro turno / Lucila Bezerra/Brasil de Fato PE

Histórico da disputa

Nos últimos quatro anos, Marília protagonizou a batalha em trono da sua candidatura dentro do Partido dos Trabalhadores. Ainda em 2018, o PT definiu em seu Encontro Eleitoral em Pernambuco pela tese da candidatura própria ao governo com ampla maioria, mas em agosto do mesmo ano, o Diretório Nacional do PT aprovou a decisão da executiva do partido, que estabeleceu alianças com o PSB e retirou as candidaturas próprias em PE e MG pela neutralidade da sigla na disputa presidencial. 

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Em 2020, para as eleições municipais, a aliança com o PSB não se manteve e Arraes foi candidata a prefeita do Recife e teve, no primeiro turno, 27,95 % dos votos válidos e seu primo João Campos (PSB) teve 29,17 % do votos. Por fim, a disputa da família resultou com João Campos eleito com 56,27% dos votos

Em 2022, para garantir sua candidatura, Marília migrou para o Solidariedade. Junto de Sebastião Oliveira (Avante), seu vice, e André de Paula (PSD), seu candidato a senador que foi derrotado no primeiro turno pela petista Teresa Leitão, a campanha de Arraes para o primeiro turno foi marcada pela cor vermelho e pela demarcação de apoio de Marília à candidatura de Lula, ainda que no estado o candidato da chapa do petista fosse Danilo Cabral (PSB), derrotado ainda no primeiro turno. 

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Segundo turno polarizado 

Agora, a disputa entre Marília Arraes e Raquel Lyra se torna ainda mais polarizada do ponto de vista ideológico, já que Arraes vem conquistando apoio de partidos progressistas e de esquerda e Raquel até o momento tem reunido o apoio de políticos e partidos de direita e conservadores, a exemplo do ex-candidato a governo do estado Miguel Coelho (União Brasil), o ex-Ministro da Educação Mendonça Filho (União Brasil) e prefeitos e vereadores do PL, PP, Podemos, MDB, PSC e PTB.

No primeiro turno, Lyra fez campanha para a candidata do seu partido Simone Tebet, que definiu ontem (07) o apoio à Lula no segundo turno. Até o momento, nem Raquel, nem o PSDB em Pernambuco se posicionaram acerca do cenário nacional. Desde domingo (02), após a morte de seu marido Fernando Lucena, Raquel não tem aparecido nas redes sociais ou atividades públicas, sendo substituída por sua vice Priscila Krause (Cidadania). Nacionalmente, o PSDB optou pela neutralidade e permitiu que seus filiados apoiem individualmente o candidato que desejarem. 

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Edição: Vanessa Gonzaga