Pernambuco

NORDESTE

Em homenagem a Patativa do Assaré, Dia do Nordestino celebra a cultura e o povo da região

A data, celebrada na última semana, valoriza a cultura e pluralidade da região que tem o maior número de estados

Brasil de Fato | Recife (PE) |
O artesanato, festas e fé são importantes características do povo nordestino - Governo do Maranhão

"Eu sou de uma terra que o povo padece, mas não esmorece e procura vencer. Da terra querida, onde a linda cabocla de riso na boca zomba no sofrer. Não nego meu sangue, não nego meu nome. Olho para a fome e pergunto o que há? Eu sou brasileiro, filho do Nordeste, sou cabra da Peste, sou do Ceará".

Este trecho do poema chamado "Cabra da Peste" foi escrito pelo poeta, cantor e compositor cearense Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré e é por causa dele que todo 08 de outubro é comemorado o Dia do Nordestino.

A data foi instituída em 2009, no centenário do nascimento do poeta, nascido na cidade de Assaré, no Sertão do Cariri, cuja obra retrata a vida do povo sertanejo, suas dores e lutas através do olhar do homem do campo. O artista, que é considerado um dos principais representantes da cultura nordestina até hoje, compôs músicas que foram gravadas por Luiz Gonzaga, Fagner e Alcymar Monteiro.

Um dia para celebrar

Esta data valoriza toda a cultura e pluralidade da região brasileira que tem o maior número de estados e um vasto cardápio de particularidades, cuja riqueza cultural do Nordeste vai além das representações culturais e populares. A literatura nordestina é uma grande contribuição para o cenário literário brasileiro, a exemplo de Jorge Amado, Nelson Rodrigues e Rachel de Queiroz.

Na música não é diferente. Aqui nasceram referências na música nacional e internacional como Chico Science, Alceu Valença, Alcione e Jackson do Pandeiro.

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Amor pelo Nordeste

E se tem uma coisa que o nordestino tem é amor pelo Nordeste e um exemplo disso é Maria do Carmo. Pescadora desde criança, hoje, aos oitenta anos, ela compartilha a felicidade em ser desse lugar. “A gente é muito feliz aqui, é muito bom. Eu que sou nordestina e moro em João Pessoa, na praia da Penha, gosto muito de pescar… Aqui no Nordeste, na praia, a gente se acorda de 4h da manhã olhando o sol nascer que é a coisa mais linda do mundo”, afirma.

O artesanato, festas e fé são importantes características do povo nordestino que tem na língua e na cultura popular uma riqueza tão grande que é impossível não se encantar. A jornalista Lorena Carneiro é de Feira de Santana, na Bahia, e explica o que representa para ela ser filha do Nordeste. "Ser nordestina pra mim é mais do que uma identidade de resistência, de sobrevivência, mas uma identidade que remete à criação, ao poder de criatividade. É um povo que pensa soluções criativas para sua vida, para sua arte. É um sentimento de muito orgulho pela nossa diversidade, ao mesmo tempo pela nossa unidade, pela nossa cultura e, sobretudo, pelo nosso povo”, afirma Lorena.

Sobre este orgulho, Patativa do Assaré já cantava no poema Eu e o Sertão:

"Sertão, argúem te cantô, eu sempre tenho cantado e ainda cantando tô, pruquê, meu torrão amado, munto te prezo, te quero e vejo qui os teus mistéro ninguém sabe decifrá. A tua beleza é tanta, qui o poeta canta, canta, e inda fica o qui cantá".
 

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Edição: Vanessa Gonzaga