O que está em jogo são duas propostas de país
Daqui a poucos dias, o Brasil vai viver o segundo turno das eleições presidenciais e de vários governantes estaduais. Principalmente, na opção por Lula ou pelo atual presidente, o que está em jogo são duas propostas ou projetos de país.
Enquanto a extrema-direita ainda assusta as pessoas com o fantasma do Comunismo e provoca o medo de crentes com boatos de que, se eleito, Lula fecharia Igrejas, o projeto do seu candidato está ligado aos interesses de empresas mineradoras, de madeireiras, do latifúndio e do capital internacional.
Retomam acusações sobre a corrupção do PT, mesmo se a corrupção na Petrobrás explodiu com os chamados “anões do orçamento”, em 1993, dez anos antes de Lula assumir o governo. Sabe que, nos governos do PT, a polícia federal teve como nunca liberdade para agir e os processos de corrupção, antes engavetados, vieram à tona.
Atualmente, comparado com o que foi o chamado mensalão ou outros esquemas de corrupção ocorridos durante governos do PT, o “orçamento secreto” do atual presidente rouba do país uma soma equivalente a muitos mensalões. É claro que nenhum erro justifica outro. No entanto, na história do Brasil, quase sempre, acusações de corrupção servem de pretexto para que a direita desacredite a democracia e cometa crimes ainda piores.
A coligação de partidos que propõe Lula como presidente tem como base retomar um projeto de país para todos os brasileiros e brasileiras. A prioridade é garantir o direito universal à alimentação, à moradia e a condições de vida digna para mais de 33 milhões de brasileiros/as, nestes anos recentes, reduzidos à fome e à extrema pobreza. É urgente salvar o que ainda é possível da Amazônia e da sustentabilidade dos biomas brasileiros.
Trata-se de eleger alguém que, ao contrário do atual presidente, seja capaz de dialogar positivamente e de forma inteligente com o poder legislativo e com o judiciário, assim como com todos os segmentos da sociedade para construirmos novamente um país inclusivo para todos/as. Lula já demonstrou ser a pessoa mais competente para fazer isso.
É preciso ter clareza: quando o Evangelho diz que o Verbo, a Palavra de Deus, se fez carne, afirma que o amor divino assume a realidade do mundo como ela é. Encarna-se, isso é, se insere na caminhada da humanidade, sem transformá-la em Cristandade, evangélica ou católica. O projeto de país deve ser laico e pluralista, aberto a todos os cidadãos e cidadãs, a serviço da Paz, Justiça e Cuidado com a Terra e a natureza.
Quem é discípulo ou discípula de Jesus deve dar testemunho de que é capaz de conviver como irmão/ã com toda e qualquer pessoa humana, seja de que religião for, ou sem nenhuma tradição específica. Jesus não veio ao mundo para organizar religião. Afirmou: “Eu vim para que todos/as tenham vida e vida em abundância” (Jo 10, 10).
Na sexta-feira, 7 de outubro, líderes religiosos/as de diversas tradições publicaram uma “Carta aberta às mulheres e homens de fé do Brasil”. Nesta carta, afirmam: “Nós, líderes religiosos e de diferentes credos e tradições, direcionamos nossa voz ao povo brasileiro. Nesse momento político conturbado, violento e disputado pelas redes sociais, convidamos todas as pessoas a assumirem sua cidadania, escolhendo cuidadosamente seu candidato e verificando seu alinhamento com os valores comuns às mais diversas tradições de fé que permeiam o coração do nosso povo...”
No final, concluem: “Não silenciemos! Escolhamos o Presidente do Brasil impulsionados pela FÉ e pelo compromisso com uma vida digna e justa para todas e todos. Nesse sentido, declaramos nosso voto e apoio ao ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, por entendermos que é nossa única opção para reconstruir o Brasil comprometida com a democracia, pluralidade e justiça social”. Na íntegra, a carta pode ser lida no site do MST.
Que a palavra profética destes irmãos e irmãs possa ressoar para todas as pessoas e comunidades de fé.
Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato Pernambuco.
Edição: Vanessa Gonzaga