Na madrugada da última quarta (19), a casa do aposentado Djalma Machado de Souza Filho, de 75 anos, foi atacada a tiros no bairro do Ipsep, zona sul da capital pernambucana. Era por volta das 00:15h quando Djalma tinha se levantado para ir ao banheiro e ouviu dois disparos fortes na sua casa. Ele acordou o amigo, Apolônio Gonçalves da Silva Neto, de 55 anos, com quem divide a casa, para se certificar de que o barulho tinha sido de fato um disparo de arma. “A vizinha disse que viu o carro quando foi saindo de frente e depois ele parou e deu ré. Foi quando ele atirou no nosso carro dentro da garagem. O portão é vazado e tiveram acesso mais próximo”, conta o aposentado.
Na casa de Djalma e Apolônio, há uma bandeira do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) hasteada próxima a janela que foi atingida por um dos dois tiros. O segundo atingiu o carro que tinha um adesivo do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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Djalma não é militante do MST ou de outro movimento específico, mas atuou nas Ligas Camponesas na década de 40, reivindicando reforma agrária. Daí sua identificação com a organização e suas pautas. “Na minha trajetória de vida, não me senti acuado. O que já aconteceu foi em passeatas, que a gente tem que correr porque a polícia vinha com os cacetetes, mas eu sempre fui pacifista”, afirma.
Escalada de violência política
Já na manhã do mesmo dia, na delegacia do Barro para registrar um Boletim de Ocorrência do que parecia ser um ato de violência isolado, o aposentado se deparou com a professora Danieli Maria da Silva, que mora a cerca de 700 metros da sua casa e também teve o carro atingido por tiros. O veículo de Danieli se encontrava em frente a casa dela e também tem uma bandeira do ex-presidente Lula. Ainda na madrugada da quarta-feira (19), o carro do vereador do Recife Joselito Ferreira (PSB) foi atacado com seis tiros, no bairro do Barro, segundo nota publicada nas redes do parlamentar.
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De acordo com uma pesquisa realizada pelo Datafolha, entre os dias 5 e 7 de outubro, um em cada três eleitores (34%) tem muito medo de algum ato de violência durante a campanha para o segundo turno das Eleições 2022. Esse sentimento não é à toa, já que ocorreram casos emblemáticos de violência neste pleito, como foi o assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu (PR).
O vereador do Recife, que apoia a candidatura de Lula à presidência da República, tinha no seu carro um adesivo que trazia o petista junto à candidata ao Governo do Estado pelo Solidariedade Marília Arraes. O autor dos disparos conta o carro de Joselito foi preso por coação com violência no exercício do voto, de acordo com a Polícia Civil, mas pagou fiança no valor de um salário mínimo (R$ 1.21) e foi liberado.
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No caso de Djalma, após o BO ser registrado, seu carro passou por perícia no Instituto de Criminalística de Pernambuco. A reportagem do Brasil de Fato Pernambuco contatou a Polícia Civil de Pernambuco para entender se há novidades sobre a investigação e também questionou se há relação entre o ataque ao veículo da professora Danieli, mas não obteve respostas. O espaço segue aberto.
Edição: Vanessa Gonzaga