Com quase 300 nomes, a comissão de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva traz técnicos e políticos de renome em 31 áreas temáticas. A lista conta com a presença de nomes de destaque na política pernambucana, como parlamentares e chefes do executivo.
Além do fato do estado ser a terra natal do presidente eleito, o estadista sempre teve uma relação muito próxima com os políticos locais. “Não é somente olhar para o estado, mas acho que tem a ver com o conhecimento que Lula tem a respeito das lideranças políticas locais e o quanto elas podem contribuir para a construção desse desenho institucional que o Brasil vai ter a partir de janeiro de 2023”, destaca a cientista política Priscila Lapa.
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De senadora a governador
Alguns dos nomes que se destacam na lista de pernambucanos compondo a comissão de transição estão o senador Humberto Costa (PT), no setor de saúde; a senadora eleita Teresa Leitão (PT), no setor de educação; a vice-governadora Luciana Santos (PCdoB) no conselho político, assim como o deputado estadual Wolney Queiroz (PDT). Também deputada federal Marília Arraes (SD) integra a comissão na área de Desenvolvimento Regional e sua irmã, a deputada federal eleita Maria Arraes (SD), na área de Previdência.
A educadora quilombola de Conceição das Crioulas, em Salgueiro, Givânia Maria Silva, integra o setor de igualdade racial; e a economista e cientista social, Tania Bacelar, no desenvolvimento regional. Já o prefeito do Recife, João Campos (PSB) está no setor de cidades, e o atual governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB) no setor de transparência, controle e integridade.
No estado, as eleições de 2022 foram marcadas pela manutenção na aliança entre os petistas e os socialistas, que enfrenta questionamentos desde 2016. “Eu acho que isso credenciou nomes do PSB e nomes do PT local e suas lideranças pernambucanas para contribuir. É uma escolha de nomes que de fato representem dentro da política pernambucana algum tipo de contribuição expressiva dentro de suas áreas de atuação e possam se resvalar para o projeto do Governo Federal. Claro que na política, tudo é muito simbólico. Isso tem um peso técnico, mas tem também um peso político”, destaca a cientista política.
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A senadora eleita Teresa Leitão é professora, atuou no movimento sindical em Pernambuco e foi deputada estadual no estado por cinco mandatos. A petista é a primeira mulher eleita ao senado em Pernambuco e a única mulher do partido eleita ao senado nestas eleições.
Ela é coordenadora do setorial nacional de educação do PT e atua na área temática de educação na comissão de transição. “É um trabalho técnico com um olhar político. Evidentemente, que quando tiver diagnóstico tecnicamente levantado, nós vamos ter uma análise política, de porque os números dizem isso, o que os números estão comunicando - no nosso caso - sobre a política educacional”, destaca a senadora eleita.
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Para além do fato de Lula ser pernambucano, Teresa observa o destaque do estado, que possui uma tradição histórica de inovação e política. “Essa movimentação de Pernambuco, de ser um estado muito ousado nas políticas públicas, temos um campus universitário de muita excelência, aqui é a terra de Paulo Freire, pioneiro em uma concepção de educação libertadora, aqui tivemos muitas revoltas, muitas revoluções, a primeira revolução constitucionalista; tivemos muitas mulheres à frente do seu tempo e que bom que isso se reflete na política", afirma.
A expectativa de Pernambuco para Lula
Poucas transições de governo foram tão acompanhadas como esta está sendo. Em Pernambuco e no Nordeste como um todo, isso reflete a expectativa na retomada de investimento em desenvolvimento na região, como destaca Priscila. “Então, a expectativa acaba sendo muito alta de que uma nova era PT possa resgatar um pouco não só Pernambuco, mas o Nordeste como um todo tem essa expectativa. Não é só um eleitor de baixa renda que vota no PT por uma questão de Bolsa Família, mas a região sabe que, pelo perfil que os governos petistas tiveram no passado, é uma região que entra na agenda prioritária para as políticas de desenvolvimento”, conclui.
Edição: Vanessa Gonzaga